Campanhas 'esquecem' de renovar jingles

Vai come�ar a temporada de jingles e aquela tradicional busca por colar na cabe�a do eleitor o nome, o n�mero e a mensagem que cada candidato quer passar. Como j� � tradi��o, quem busca o voto vende "mudan�a", mote quase onipresente nos refr�es das m�sicas que tomar�o conta do hor�rio eleitoral a partir do pr�ximo dia 31. O ritmo pode ser diferente, mas a promessa de "tirar o Brasil da crise" ser� cantada por todos os presidenci�veis.

Com base nos jingles j� divulgados pelas campanhas, Ciro Gomes (PDT), Alvaro Dias (Podemos), Henrique Meirelles (MDB), Jair Bolsonaro (PSL) e Geraldo Alckmin (PSDB) s�o os que mais abusam da promessa de mudar o rumo do Pa�s. Ciro diz que tem experi�ncia para isso, Meirelles e Dias afirmam que s� eles s�o capazes de fazer o que o eleitor espera e Bolsonaro at� nomeou seu hit de Muda Brasil.

Para Carlos Manhanelli, especialista em marketing pol�tico e autor do livro Jingles Eleitorais e Marketing Pol�tico - Uma Dupla do Barulho, os jingles da elei��o "est�o todos iguais e parecem escritos por uma mesma pessoa". "Tem uma falta de originalidade. Parece que um est� copiando o outro. Nenhum deles vai sobreviver depois do per�odo eleitoral. N�o tem um chiclete de ouvido", disse.

Entre os jingles j� apresentados, Manhanelli notou que Alvaro Dias usa o sertanejo universit�rio para passar uma ideia de honestidade; que o nome Ciro � repetido 67 vezes em meio a um tecno brega; que Meirelles escolheu ritmos nordestinos para se vender como o homem que precisa ser chamado para resolver qualquer problema; e que o jingle de Bolsonaro repete quase um Lulinha paz e amor quando afirma "Bolsonaro com amor e com coragem".

Emo��o

L�der nas pesquisas de inten��o de voto no cen�rio sem a participa��o do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT), condenado e preso na Lava Jato, Bolsonaro apela ainda � emo��o para conquistar - ou ao menos manter - seu eleitorado em busca de uma vaga no segundo turno. O jingle espalhado pelas redes sociais do candidato e de apoiadores come�a com os acordes do hino nacional e segue no ritmo do forr� para afirmar que "olha para o futuro, quer ver seus filhos num pa�s mais seguro" e, "com amor e com coragem", vai "mudar a nossa Na��o".

Com a indefini��o a respeito da candidatura de Lula, que ter� seu registro julgado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nos pr�ximos dias, o PT, por enquanto, mant�m o jingle lan�ado para a conven��o nacional do partido, que indicou o ex-presidente como candidato. A m�sica remete �s campanhas de 1989 e da vit�ria de 2002, famosas pelo "Lula l�" e pelo coro da "esperan�a", mantendo a estrat�gia de usar o nome do ex-presidente o m�ximo durante a campanha deste ano.

Para o cientista pol�tico Marco Antonio Teixeira, da Funda��o Getulio Vargas de S�o Paulo (FGV-SP), caber� ao eleitorado agora julgar se as promessas de mudan�a vendidas nos jingles convencem e s�o ou n�o vi�veis. "Obviamente, o que se tenta � seduzir o eleitor com promessas de um futuro novo. Mas at� que ponto isso convence? Vale lembrar que v�rios desses candidatos est�o ou j� estiveram no governo", disse.

Omiss�o

Teixeira tamb�m chama a aten��o para a aus�ncia da palavra "corrup��o" nos jingles. Em vez de mencionar os esc�ndalos revelados pela Opera��o Lava Jato e por outras investiga��es conduzidas pela Pol�cia Federal, a maioria dos presidenci�veis optou por destacar as palavras "honestidade" e "ficha limpa" nas m�sicas de suas campanhas.

Mesmo o candidato que levanta costumeiramente a bandeira da Lava Jato, o senador Alvaro Dias, omite o termo na balada sertaneja que levar� para a TV e o r�dio. Para o cientista pol�tico, a explica��o � �bvia: "A maioria n�o toca na palavra corrup��o porque n�o pode atirar pedra em ningu�m." As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.