Logo ap�s entregar o cargo de l�der do governo no Senado, o senador Romero Juc� (RR-MDB) explicou que tomou a decis�o para ter liberdade para cobrar a��es para a crise gerada pela entrada de venezuelanos em Roraima.
"Essa situa��o tende a se agravar e eu tenho que cobrar do governo veementemente, protestar, cobrar e reclamar do governo. Como l�der do governo eu n�o posso fazer isso, ent�o eu me desincumbi da fun��o para exercer essa quest�o com plenitude no que diz respeito a essa cobran�a", disse.
Juc� comunicou Temer pessoalmente sobre sua decis�o na tarde desta segunda e disse que o mandat�rio "entendeu". "Entre o governo federal e a popula��o de Roraima que me elege e que eu tenho que defender, � claro que eu opto sem nenhuma d�vida pela popula��o de Roraima", disse o senador.
O principal pedido de Juc� � para que o governo federal determine o fechamento da fronteira terrestre temporariamente para "organizar o trabalho". Temer, no entanto, disse ao senador que a medida � "inegoci�vel em qualquer ponto de vista".
Juc� falou com jornalistas logo ap�s o encontro e afirmou sentir "pena dos venezuelanos" mas disse que a crise humanit�ria vivida pelo pa�s vizinho n�o pode ser motivo para "destruir Roraima". Ele reclamou ainda que o resto do Brasil apoia as medidas do governo para receber os imigrantes mas n�o ajuda o Estado.
"N�o adianta querer fazer figura com o chap�u alheio. Fica o Brasil inteiro achando que tem que receber os venezuelanos, mas ningu�m leva para os seus estados. Quem est� pagando a conta � povo de Roraima e eu n�o quero que eles paguem essa conta", disse.
De acordo com Juc�, o primeiro vice-l�der, senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), � quem deve assumir a lideran�a do governo na Casa e fazer a defesa do governo Temer.
Carta
Juc� tamb�m divulgou uma carta direcionada a Temer na qual explica sua decis�o. No documento, ele diz que h� dois anos defendeu o fechamento das fronteiras em Roraima, para controlar a entrada de venezuelanos, "antevendo as graves consequ�ncias". O senador ainda se coloca em contraposi��o a governadora do Estado, Suely Campos (PP-RR), sua advers�ria pol�tica.
"Fui criticado pelo governo do Estado e pelos advers�rios pol�ticos, com o argumento de que eu queria acabar com o com�rcio fronteiri�o. O tempo mostrou que minha posi��o estava correta", escreveu. No texto, o presidente do MDB ainda justifica dizendo que as medidas tomadas pelo governo at� agora s�o "paliativas" e n�o resolvem a situa��o "dram�tica" do Estado. Por fim, ele diz que n�o se sente confort�vel em permanecer representando o governo no Senado diante dessa postura da gest�o Temer, que "condena" e deixa Roraima "� merc�".
Apesar da decis�o, em entrevista para a imprensa Juc� colocou panos quentes no rompimento e disse ver boa vontade do Planalto em tentar resolver a situa��o em Roraima. "O governo tem boa vontade. O governo colocou recursos, R$ 200 milh�es, o Ex�rcito est� trabalhando com extrema boa vontade, agora o governo n�o se apercebeu do grave problema que � o fluxo", disse, completando: "O governo est� procurando atuar mas n�o est� focado num resultado que eu entendo que deve ser o cerne da quest�o que � o controle da fronteira".
Para Juc�, a ajuda aos imigrantes que chegam � Roraima pode, inclusive, aumentar a entrada de venezuelanos no Brasil. "Isso s� faz ampliar a quantidade de pessoas que chegar�o. Porque se na Venezuela n�o tem rem�dio, est�o morrendo de fome, est�o matando pessoas, as pessoas vir�o para Boa Vista, para Pacaraima porque, no m�nimo, h� chance de ter um prato de comida", afirmou.
Questionado sobre se sua decis�o tamb�m tem motiva��o eleitoral - Juc� � candidato � reelei��o ao Senado e aparece na terceira posi��o nas pesquisas de inten��o de voto - o senador negou a hip�tese e disse que n�o est� preocupado com pesquisas.
Ele tamb�m disse que n�o busca se desvincular da imagem de Temer, hoje com �nfimos 4% de aprova��o, neste momento. "O Michel Temer n�o tira um voto em Roraima. ... O resultado do governo n�o est� em cheque nessa quest�o", disse.
Presidente nacional do MDB, Juc� tamb�m afirmou que seu afastamento da lideran�a n�o afeta a quest�o partid�ria. "O MDB continua unido. O MDB tem hist�ria de trabalho no governo Michel Temer, tem resultado para apresentar, tem a candidatura do Henrique Meirelles. Portanto, n�o muda nada a n�vel partid�rio", disse.
POL�TICA