'Financial Times' fala em 'cen�rio de pesadelo' na elei��o brasileira

A pouco mais de uma semana para as elei��es 2018, o jornal brit�nico de economia Financial Times apresenta um raio X dos principais candidatos, salientando que eles est�o pulverizados da esquerda at� a extrema direita. "Para os mercados, dizem alguns analistas, (a elei��o) est� se transformando em um 'cen�rio de pesadelo' - a esquerda contra a extrema direita - e poderia condenar o Brasil a mais quatro anos de lutas pol�ticas terr�veis", trouxe o di�rio.

Salientando que se trata de uma das elei��es mais imprevis�veis e polarizadoras da hist�ria recente da maior economia da Am�rica Latina, a publica��o enfatiza que os investidores est�o cada vez mais preocupados que os eleitores possam eleger um presidente que n�o esteja disposto ou seja incapaz de implementar reformas econ�micas necess�rias, mas politicamente dif�ceis, para consertar os desequil�brios fiscais.

Depois de ser esfaqueado em um com�cio de campanha no in�cio deste m�s, Jair Bolsonaro, nacionalista de extrema direita e l�der do primeiro turno da elei��o presidencial do Brasil em 7 de outubro, tem empunhado seus dedos em fotos postadas nas redes sociais. "Eu nunca me senti melhor na minha vida", disse ele em um v�deo no Twitter na semana passada. Ele encerrou sua transmiss�o na m�dia social com um grito lembrando "at� a vit�ria!", de Che Guevara.

Enquanto isso, o esquerdista Fernando Haddad, o candidato substituto do Partido dos Trabalhadores, do popular ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, subiu nas �ltimas pesquisas, com menos de duas semanas da vota��o no primeiro turno. Atr�s deles est�o o candidato veterano de centro-esquerda Ciro Gomes, o favorito do mercado, Geraldo Alckmin, e a ambientalista Marina Silva.

"A seguir est�o os principais candidatos presidenciais, segundo pesquisas recentes, que na pr�xima semana enfrentar�o 147 milh�es de eleitores - muitos dos quais est�o desencantados com o status quo pol�tico do Brasil", diz a publica��o.

O primeiro apresentado pelo FT � Bolsonaro, descrito como um ex-capit�o do Ex�rcito que se comprometeu a manter uma agenda econ�mica liberal. Ele recrutou o banqueiro que estudou na Universidade de Chicago, Paulo Guedes, para administrar seu portf�lio econ�mico. O candidato do PSL prometeu reprimir a criminalidade, conforme o peri�dico, e sua mensagem anticorrup��o ecoa a ascens�o dos movimentos populistas nos EUA e na Europa. "Mas seu estilo pol�tico faz Donald Trump parecer gentil. Ele j� elogiou o ex-presidente peruano Alberto Fujimori, que virou soldados contra o Congresso e o Judici�rio. Especialistas j� disseram no passado que ele era muito radical para vencer, mas as pesquisas recentes indicam o contr�rio", aponta reportagem.

Haddad foi escolhido pelo PT depois que Lula foi desqualificado de concorrer. Advogado, economista e fil�sofo, herdou uma parte consider�vel da popularidade de Lula, que liderou as pesquisas at� ser impedido de participar da elei��o. Mas o ex-prefeito de S�o Paulo, conforme a publica��o, tamb�m pode ser prejudicado por sua associa��o com Lula, que foi condenado no come�o do ano por corrup��o e cumpre pena de 12 anos de pris�o. "Haddad � visto como um conservador fiscal e busca seduzir os eleitores de centro - e, ao mesmo tempo, afastar as suspeitas dos membros radicais de seu pr�prio partido."

Ciro Gomes, veterano candidato de centro-esquerda do Partido Democr�tico Trabalhista (PDT) e ex-governador, apela aos eleitores que est�o desiludidos com toda a roubalheira, que atribuem aos 13 anos do PT no governo de Lula da Silva e de sua sucessora Dilma Rousseff, que sofreu impeachment em 2016 por supostamente esconder um problema do d�ficit fiscal do Brasil.

Gomes � visto como um centrista em quest�es macroecon�micas, conforme o ve�culo brit�nico, mas indicou que poderia se alinhar � esquerda em outras pol�ticas, como a amplia��o dos gastos p�blicos. Um pol�tico do Nordeste, do Estado do Cear�, ele ocupou cargos no Congresso e no Senado, mudando de partidos ao longo de sua carreira.

Geraldo Alckmin, ex-anestesiologista e favorito dos investidores, at� agora n�o conseguiu ganhar for�a com os eleitores. Analistas dizem que o ex-governador de S�o Paulo parece estar prestes a fracassar em sua segunda tentativa � Presid�ncia do Brasil. O FT recorda que muitos observadores dizem que sua incapacidade de ganhar terreno se deve � falta de carisma, juntamente com a desilus�o dos eleitores com os pol�ticos do establishment, ap�s uma s�rie de esc�ndalos de corrup��o envolvendo a maioria dos grandes partidos - incluindo o pr�prio PSDB.

Marina Silva, ambientalista de centro-esquerda, disputa a Presid�ncia pela terceira vez (Rede). O jornal salienta que a evang�lica ganhou 22 milh�es de votos h� quatro anos, mas n�o conseguiu causar um impacto t�o grande entre os eleitores desta vez, de acordo com pesquisas recentes. Embora Marina - que come�ou sua carreira pol�tica na d�cada de 1980 trabalhando ao lado do ativista assassinado Chico Mendes - tenha mais seguidores no Twitter do que a sensa��o de m�dia social do Brasil, Bolsonaro, ela tem sido incapaz de capitalizar esse poder e tamb�m est� lutando com pouco tempo de campanha na televis�o.