Sob intenso ataque de advers�rios, o candidato do PSL � Presid�ncia, Jair Bolsonaro, encontrou um porto seguro no apoio do segmento evang�lico. L�deres de igrejas neopentecostais j� indicam apoio ao capit�o da reserva em eventual segundo turno entre ele e Fernando Haddad, do PT, cen�rio mais prov�vel conforme as pesquisas de inten��o de voto.
O bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), declarou no s�bado voto em Bolsonaro. O PRB, partido ligado � Universal, j� manifestou internamente predile��o pelo candidato do PSL no segundo turno, embora tenha se coligado ao tucano Geraldo Alckmin no primeiro turno.
Bolsonaro tamb�m saiu na frente para receber a ades�o de outros partidos que concentram parlamentares evang�licos, como o DEM e o PSC.
O candidato do PSL lidera em todas as vertentes evang�licas, segundo as pesquisas. Na s�rie do Ibope/Estado/TV Globo, Bolsonaro teve uma curva ascendente entre os evang�licos como um todo, sempre acima da inten��o de voto geral. Desde agosto, ele passou de 26% para 34% no segmento, acima dos 28% de inten��o de voto global, conforme o mais recente levantamento. Haddad tem 22% do total, mas atinge s� 17% entre os evang�licos. J� Marina Silva (Rede) caiu de 12% para 7% entre os evang�licos, enquanto Alckmin se manteve na faixa de 8%. Os religiosos avaliam que votos de Marina migraram para Bolsonaro por causa de manifesta��es dela que consideram d�bias.
Levantamentos feitos pelas campanhas advers�rias mostram que a resili�ncia de Bolsonaro na lideran�a das inten��es de voto est� muito relacionada ao voto evang�lico, que n�o � necessariamente um voto "antipetista", mas sim um voto conservador, contra o aborto, a pauta LGBT e a esquerda.
Perfil
Edir Macedo, que lidera a igreja neopentecostal considerada a mais influente eleitoralmente, usou seu perfil oficial no Facebook para responder ao questionamento de um fiel da Iurd, que desejava saber quem ele apoiaria na elei��o para presidente da Rep�blica. Em elei��es anteriores, a Universal apoiou a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), hoje candidata ao Senado em Minas Gerais.
O PRB, partido ligado � igreja e criado durante o governo do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva - condenado e preso na Lava Jato -, participou das duas �ltimas gest�es petistas, mas desembarcou do governo e apoiou o impeachment de Dilma. A sigla comanda o Minist�rio da Ind�stria no governo Michel Temer.
Bolsonaro � cat�lico por forma��o e se apresenta assim em encontros fechados com pastores. Em p�blico, costuma dizer que � "crist�o". A mulher dele, Michelle Bolsonaro, frequenta a Igreja Batista Atitude, na Barra da Tijuca, no Rio. O casamento deles foi celebrado por Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vit�ria em Cristo.
O presidente do PSC, Pastor Everaldo Pereira, membro da Assembleia de Deus Minist�rio Madureira, batizou o agora candidato do PSL em 2016 nas �guas do Rio Jord�o, em Israel. O PSC est� coligado ao candidato do Podemos ao Planalto, Alvaro Dias, mas Pastor Everaldo j� deixa clara sua op��o num eventual segundo turno. "O PSC (apoia) na hora. O partido n�o vota com a esquerda, com o PT e o Haddad em hip�tese nenhuma. Vai ser unanimidade para votar com Bolsonaro."
Pauta
A atra��o do eleitorado evang�lico e das igrejas por Bolsonaro se deve ao posicionamento dele, de forma clara, em defesa de pautas morais: � contr�rio ao aborto, � libera��o das drogas e ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, al�m da campanha contra educa��o sexual e identidade de g�nero nas escolas - chamada por religiosos de "ideologia de g�nero".
"H� uma unanimidade de que o Bolsonaro foi o �nico que empunhou a bandeira da vida, da fam�lia, da igreja, da livre economia, da escola sem partido e contra a ideologia de g�nero", afirmou o bispo Robson Rodovalho, l�der da Sara Nossa Terra, que emitiu nota pela Confedera��o dos Conselhos de Pastores do Brasil. "Achamos que dever�amos manifestar esse apoio antes do primeiro turno, a tempo de influenciar nossa sociedade."
O manifesto gerou uma carta pastoral contr�ria assinada, majoritariamente, por adeptos de igrejas hist�ricas como presbiterianos, batistas, metodistas, luteranos e anglicanos.
No in�cio da noite deste domingo, 30, Fl�vio Bolsonaro, filho do presidenci�vel, postou no Twitter um v�deo em que ele e o pai aparecem ao lado do Pastor Cl�udio Duarte - que atua no canal Foco em Cristo, no YouTube. "Como eu disse antes, � melhor 'Jair se acostumando'", diz o pastor no v�deo, frisando que o apoio � individual e n�o da igreja. "Sonhamos com um Brasil diferente do que est� a� hoje, em que a fam�lia realmente seja respeitada", respondeu o candidato.
Na semana passada, Bolsonaro ganhou ades�o de Hidekazu Takayama (PSC-PR), deputado e pastor da Assembleia de Deus Cristo Vive e ligada ao Minist�rio do Bel�m, o mais tradicional. Presidente da Frente Parlamentar Evang�lica, uma das mais influentes do Congresso, Takayama relata que os l�deres de igrejas temem uma derrota de Bolsonaro no segundo turno e apela aos crist�os para votarem no colega de C�mara. "A doutrina��o esquerdista radical est� caminhando para um ate�smo que fere a igreja."
'Kit gay'
No dia seguinte � declara��o de apoio do bispo Edir Macedo ao presidenci�vel Jair Bolsonaro (PSL), um culto neste domingo na sede da Igreja Universal do Reino de Deus em Bras�lia exibiu v�deo contra o "kit gay" - termo usado pelo candidato do PSL para o projeto Escola sem Homofobia, vetado pelo governo federal em 2011.
Bolsonaro n�o foi citado, nem seu virtual advers�rio no segundo turno, Fernando Haddad (PT), ex-ministro da Educa��o. O material de orienta��o sexual era atribu�do ao Minist�rio da Educa��o na grava��o ap�crifa que reunia depoimentos de supostos professores e alunos, al�m de trechos de reportagens da TV Record com parlamentares, religiosos e especialistas.
"Acredito que n�o � esse o Brasil que voc� quer", disse um pastor aos fi�is. Ap�s a grava��o, os fi�is oraram pelo Congresso para "expulsar o dem�nio do parlamento" e "amarrar projetos de lei diab�licos". Seguidores da igreja usavam adesivos com nome e n�mero de candidatos do PRB colados na roupa dentro do templo.
Apesar da expectativa de que Bolsonaro tenha a maioria dos votos evang�licos, o peso do segmento ainda � incerto. O professor de Ci�ncia Pol�tica do Ibmec F�bio Lacerda pondera que este voto tem mais efeito nas elei��es proporcionais. "N�o � claro e evidente que os fi�is v�o seguir os pastores na elei��o par cargos do Executivo. H� outras determinantes."
Armas
Uma das propostas de Bolsonaro que divide o meio evang�lico � a libera��o do porte de armas. No programa de governo, consta "reformular o Estatuto do Desarmamento para garantir o direito do cidad�o � leg�tima defesa". "� um dos pontos que faz com que muitos evang�licos n�o consigam votar nele", diz o pastor Luiz Roberto Silvado, presidente da Conven��o Batista Brasileira. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
POL�TICA