O desempenho do candidato Fernando Haddad nas mais recentes pesquisas do Ibope e Datafolha e a amea�a de uma derrota no primeiro turno para Jair Bolsonaro (PSL) acentuaram diferen�as internas e levaram o PT a procurar culpados e buscar corre��es na reta final da disputa presidencial. O principal rev�s da candidatura Haddad ocorreu no �ndice de rejei��o, que disparou nos �ltimos dias - crescendo de 9 a 11 pontos porcentuais nas sondagens dos institutos divulgadas nesta semana.
Segundo relatos, as discord�ncias entre o c�rculo mais pr�ximo de Haddad e o grupo ligado � dire��o do PT ficaram evidentes na reuni�o da coordena��o da campanha realizada na ter�a-feira, 2, na casa que abriga a produtora de v�deos da campanha, em S�o Paulo.
Enquanto um grupo defendia que o candidato imponha mais sua personalidade e seja "mais Haddad" nesta reta final para amenizar os efeitos do antipetismo, outro exigia a manuten��o do roteiro original tra�ado pelo ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva - condenado e preso na Opera��o Lava Jato -, no qual o candidato � o porta-voz do programa de governo elaborado pelo PT.
Aos poucos, as cr�ticas at� aqui veladas ao programa de governo, considerado "radical" por muitos petistas, come�am a ficar p�blicas. Na ter�a-feira, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) afirmou, durante evento de campanha em um bar na Vila Madalena, na zona oeste da capital paulista, que Haddad deve abandonar a proposta de convoca��o de uma Constituinte, prevista no programa.
"Tira do programa. D� uma tesoura para recortar esse neg�cio de Constituinte, que j� est� sendo explorado pela direita", disse Teixeira, sob aplausos.
O diagn�stico de que uma onda de fake news direcionada para ao eleitorado evang�lico de baixa renda � o maior motivo para o aumento da rejei��o ao candidato tamb�m � alvo de especula��es internas. Para setores importantes do PT, a campanha falhou ao subestimar o potencial de estrago das fake news.
A �rea jur�dica tamb�m � alvo de cr�ticas por n�o conseguir derrubar na Justi�a as postagens falsas em tempo compat�vel com o ritmo da campanha presidencial.
At� a semana passada integrantes da coordena��o da campanha consideravam as fake news inofensivas e se diziam mais preocupados com a cobertura da m�dia tradicional, segundo eles antip�tica ao PT. "A campanha tem respondido prontamente a todas cal�nias e not�cias falsas, o que n�o quer dizer que isso � suficiente", afirmou o secret�rio nacional de Comunica��o do PT, Carlos �rabe.
�rabe admite que a estrutura de Bolsonaro nas redes, segundo o petista montada em 2013, � mais eficiente e bem estruturada do que a do PT, criada a partir de 2016.
O ex-ministro da Justi�a Eug�nio Arag�o, respons�vel pelo setor jur�dico da campanha, foi procurado pela reportagem, mas n�o respondeu.
O desempenho sofr�vel dos candidatos do PT aos governos de S�o Paulo, Luiz Marinho, e do Rio, Marcia Tiburi, tamb�m � apontado por dirigentes e lideran�as petistas como um dos motivos para que o ritmo de crescimento de Haddad nas pesquisas tenha diminu�do.
Marinho, com 8% das prefer�ncias, segundo o Ibope, tem, por enquanto, o pior desempenho de um petista da hist�ria no maior col�gio eleitoral do Pa�s. Marcia, com apenas 5% no Ibope, amarga a s�tima coloca��o no Estado que tem o terceiro maior eleitorado do Pa�s.
Haddad, que teve crescimento mete�rico desde que foi oficializado candidato, no dia 11 de setembro, estacionou em 21% na pen�ltima pesquisa Ibope/Estado/TV Globo e oscilou positivamente para 23% na sondagem divulgada nesta quarta-feira, 3. Petistas ainda temem que Bolsonaro seja eleito na vota��o em primeiro turno.
Temer
O PT tenta estancar o crescimento do candidato do PSL o associando � pol�tica econ�mica do governo do presidente Michel Temer (MDB). "Infelizmente o governo Temer termina melancolicamente e o que eu vejo de mais triste ainda � o Bolsonaro querer dobrar a aposta do governo Temer", disse Haddad � R�dio Jornal de Pernambuco.
Ainda nesta quarta come�ou a circular no hor�rio eleitoral a primeira inser��o da campanha petista na TV que cita nominalmente Bolsonaro. Na pe�a, o PT afirma que o candidato do PSL votou a favor de medidas do governo Temer e "contra o trabalhador" como a reforma trabalhista e conclui: "J� basta o Temer".