� frente de um partido nanico, o PSL, com pouca verba partid�ria e sem marqueteiros de grife, o deputado Jair Bolsonaro, de 63 anos, integrante por quase tr�s d�cadas do chamado "baixo clero" da C�mara, confidencia a amigos que est� confiante, mas ao mesmo tempo surpreso com a chance de chegar � Presid�ncia da Rep�blica. H� at� poucos meses, essa possibilidade tamb�m provocava risos nos corredores da C�mara - cujo comando ele disputou em elei��o no ano passado e da qual saiu com apenas quatro votos.
Capit�o reformado do Ex�rcito, Bolsonaro foi acusado de insubordina��o no quartel e fez carreira pol�tica como uma esp�cie de sindicalista de fam�lias de soldados e cabos do Rio de Janeiro. Hoje, vota na Escola Municipal Rosa da Fonseca - nome da m�e do primeiro presidente da Rep�blica, o marechal Deodoro da Fonseca -, na Vila Militar, na condi��o de l�der das pesquisas.
"S� ele apostou nesse projeto", afirma o general reformado Augusto Heleno Ribeiro. Um dos conselheiros do presidenci�vel, ele conta que, nas seis campanhas do amigo a uma vaga na C�mara, o candidato percorria as ruas do Rio de Janeiro numa van. "Hoje ele tem muitos amiguinhos. Antes, n�o tinha, n�o."
'Miss�o'
Bolsonaro passou a tornar p�blico seu projeto de chegar ao Pal�cio do Planalto depois das elei��es de 2014, quando obteve 464 mil votos para permanecer na C�mara, um resultado expressivo para quem apresentava at� ent�o vota��es m�dias de 100 mil votos. O ponto de inflex�o veio da sua aproxima��o com o pastor Silas Malafaia - que o casou com Michelle, uma ex-assessora do deputado na C�mara - e outros l�deres de igrejas evang�licas do Rio. Nos discursos do capit�o reformado, a palavra "miss�o" deixou de ser usada como um jarg�o de caserna para se referir a uma suposta recomenda��o divina. "� uma miss�o. Eu n�o sei o motivo de Deus enxergar em mim a possibilidade de mudar o Pa�s", disse Bolsonaro, na quinta-feira, a aliados.
Nessa trajet�ria recente, Bolsonaro contou ainda com a participa��o em programas humor�sticos na TV para propagandear suas propostas - muitas delas consideradas preconceituosas em rela��o a mulheres e gays, por exemplo, e de forte cunho conservador em termos de valores individuais. Assim ele se tornou conhecido no restante do Pa�s e passou a ser chamado de "mito", um termo que, a princ�pio, ele pediu para n�o ser adotado pelos seguidores nas redes sociais, base de sua campanha. O atentado a faca durante a campanha em Juiz de Fora (MG), h� pouco mais de um m�s, serviu para cristalizar de vez essa imagem entre esses seguidores.
Amea�as
Nas tr�s semanas de interna��o (primeiro na Santa Casa de Juiz de Fora e, depois, no Hospital Albert Einstein, em S�o Paulo), a candidatura do deputado foi amea�ada n�o pela a��o dos advers�rios, mas por declara��es de seus pr�prios auxiliares. Seu conselheiro na �rea econ�mica, Paulo Guedes, chegou a cogitar a cria��o de impostos nos moldes da antiga CPMF, enquanto o vice na chapa, o general da reserva Hamilton Mour�o (PRTB), criticou reiteradamente o pagamento do 13.� sal�rio e do adicional de f�rias. Mour�o tamb�m avaliou que crian�as criadas apenas por mulheres s�o cooptadas com mais facilidade pelo tr�fico.
A chance de sair vitorioso da elei��o provocou pelo menos dois efeitos. O primeiro deles � uma disputa interna para definir quem tem mais influ�ncia nos rumos da campanha. Bolsonaro chamou um outsider da pol�tica, o advogado Gustavo Bebianno, para presidir o partido que praticamente "alugou" do deputado Luciano Bivar (PE). Com contatos em escrit�rios de advocacia do Rio, Bebianno virou um supersecret�rio e come�ou a ditar regras na campanha. O movimento n�o agradou aos filhos e antigos companheiros de Bolsonaro. Mas, com a subida nas pesquisas, a presen�a de Bebianno - que atuou como advogado em processos a que o presidenci�vel respondia - teve de ser aceita.
O outro efeito � a fila de pol�ticos de diferentes partidos que passaram a bater a sua porta oferecendo apoio. "Uma coisa � chamar as pessoas, outra � ser procurado. S�o pesos diferentes", afirma o l�der ruralista Luiz Antonio Nabhan Garcia, cotado para assumir o Minist�rio da Agricultura em um eventual governo Bolsonaro. J� o general Heleno diz que um dos pontos centrais do discurso de Bolsonaro, o de rejeitar um loteamento de governo, n�o pode ser alterado. "� preciso quebrar essa lenda de que, para ter apoio no Congresso, precisa entregar minist�rios."
Paulista de Glic�rio, cidade hoje com 4 mil moradores, a 494 quil�metros de S�o Paulo, Bolsonaro tem cinco filhos de tr�s casamentos. A fam�lia j� forma uma pequena bancada. O mais velho, Fl�vio, de 37 anos, � deputado estadual no Rio e disputa cadeira no Senado; Carlos, de 35, o mais pr�ximo do pai, � vereador; e Eduardo, de 34, concorre a um novo mandato na C�mara por S�o Paulo. O presidenci�vel ainda � pai de Renan, de 19, e Laura, de 7. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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