A C�mara dos Deputados deve se fragmentar ainda mais a partir do ano que vem, aponta levantamento realizado pelo Ibope. De acordo com a pesquisa, o PT continuar� com a maior bancada na Casa ap�s o c�lculo dos votos no pleito de hoje, mas deve perder nove deputados e passar a ter 52 representantes. O mesmo ocorreria com o MDB, que, ainda com a segunda maior bancada, elegeria 39 deputados neste domingo - 12 a menos do que o n�mero atual.
Na sequ�ncia, viriam o PRB (com 38 deputados, quase o dobro dos atuais 21), o PR (tamb�m com 28, mas dois a menos que a bancada de hoje) e o PP (com 36, perdendo 14 parlamentares), que completariam a lista dos cinco maiores partidos na Casa. Esta eventual composi��o representaria um baque para o PSDB, que atualmente � o quarto maior partido, e passaria a ser o s�timo, caindo de 49 para 31 deputados. Em sexto, estaria o PSD, com 34. A pesquisa considera os candidatos com maior potencial de votos em cada Estado.
Um destaque do levantamento � o capital pol�tico do candidato do PSL � Presid�ncia, Jair Bolsonaro. Seu partido tem hoje oito deputados e elegeria 23 para a pr�xima legislatura. O caso ilustra bem a tend�ncia de maior distribui��o e menor concentra��o de parlamentares em poucos partidos. Outras legendas pequenas tamb�m devem crescer e diminuir a diferen�a para os grandes.
O Avante, por exemplo, iria de cinco para 12, e o PSOL, de seis para dez. Partido do candidato � Presid�ncia Ciro Gomes, o PDT conseguiria cinco deputados a mais: de 19, passaria para 24. J� o DEM, ap�s minguar durante os governos petistas e inflar com o impeachment de Dilma Rousseff, pode ter um rev�s nas urnas. Com 43 parlamentares na Casa, elegeria 28 hoje.
Para al�m de eleger deputados, o maior desafio dos partidos pequenos neste ano � a cl�usula de barreira, aprovada ano passado. Para ter acesso ao fundo partid�rio e ao tempo de TV, as legendas v�o precisar obter pelo menos 1,5% dos votos para a C�mara em todo o territ�rio nacional, distribu�dos nos nove maiores Estados e com 1% em cada um deles. As exig�ncias v�o crescer gradativamente at� 2030 e t�m como intuito afunilar o fragmentado sistema partid�rio brasileiro.
Na pr�tica, isso significa que muitas siglas podem n�o ter capacidade de garantir sua manuten��o, mesmo que elejam deputados. Os pol�ticos eleitos por essas legendas poder�o migrar para outras sem ser punidos por infidelidade partid�ria.
Com quase 80% dos atuais deputados federais tentando a reelei��o, a nova C�mara que surgir� das urnas deve ter um dos menores �ndices de renova��o de sua hist�ria, segundo levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). Este �ndice, que beirou a metade em disputas anteriores, deve ser pr�ximo dos 40% neste ano.
A exemplo do que projetam as pesquisas para o Senado, a atual correla��o de for�as entre os partidos na C�mara tamb�m n�o deve ser alterada. PT, PP e MDB dominar�o a maior parte das cadeiras.
De acordo com um estudo da consultoria Arko Advice, as bancadas desses tr�s partidos devem variar de 40 a 60 deputados cada uma. Eles dever�o ser seguidos por PSD, PR e DEM, com bancadas de cerca de 50 parlamentares cada. A proje��o destoa da pesquisa Ibope ao vaticinar um DEM forte.
Governabilidade
As an�lises tamb�m projetam que a atual agenda de propostas pautadas ser� mantida, com prioridade �s reformas da Previd�ncia e tribut�ria. Apesar da composi��o partid�ria da C�mara permanecer semelhante � de hoje, na avalia��o de especialistas e consultores, a Casa dever� acentuar um perfil mais conservador, alinhado a agendas da centro-direita. "Nosso Congresso tem uma voca��o governista, n�o gosta de ser oposi��o", afirma o cientista pol�tico da Arko Advice Cristiano Noronha.
Com essa tradi��o, a tend�ncia � que o ocupante do Planalto tenha maioria no in�cio dos trabalhos e que a continuidade disso dependa de habilidade pol�tica. Avalia��o semelhante tem o cientista pol�tico e s�cio da Tend�ncia Consultoria, Rafael Cort�z, para quem um dos principais desafios a serem enfrentados pelo pr�ximo presidente da Rep�blica ser� administrar a base aliada no Congresso.
"Independentemente de quem ganhar, haver� a necessidade de constru��o de uma reputa��o pol�tica. O presidente ter� de saber qual agenda poder� negociar com o Congresso para que seu apoio continue existindo", diz. "Porque, quem chegar l�, chegar� j� com um capital pol�tico reduzido e a tend�ncia � de que esse capital seja ainda mais vol�til." As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
POL�TICA