
At� 2017, o advogado de 54 anos Gustavo Bebianno, faixa-preta de jiu-j�tsu, n�o tinha nenhuma experi�ncia com pol�tica, mas admirava o deputado Jair Bolsonaro (PSL). Naquele ano, foi apresentado ao parlamentar e rapidamente conquistou sua confian�a, a ponto de virar seu bra�o direito e assumir a presid�ncia do partido.
Hoje � cotado para assumir o Minist�rio da Justi�a, caso seu l�der ven�a a disputa com Fernando Haddad (PT) pelo Pal�cio do Planalto. "O Brasil, depois de muitos anos, ter� um homem de verdade no comando", j� disse ele, um conservador nascido no simb�lico ano de 1964.
Em 2014, irritado com o governo do PT, Bebianno come�ou a mandar e-mails para o gabinete do deputado, em Bras�lia, oferecendo ajuda jur�dica gr�tis. Mas foi ignorado. Em 2017, conseguiu ser apresentado pessoalmente a Bolsonaro por amigos em comum. E "caiu no encanto" do deputado, dizem antigos assessores do parlamentar.
A aproxima��o despertou ci�mes e disputas internas no grupo. Hoje, a fun��o de Bebianno na campanha � central. � ele que coordena as agendas do presidenci�vel e � o interlocutor do candidato com os demais integrantes da campanha e com a imprensa.
Morador do Leblon, Bebianno foi quase s� com a roupa do corpo para o hospital Alberto Einstein quando Bolsonaro foi transferido ap�s o atentado que sofreu. Ficou l� durante quase todos os dias de interna��o de Bolsonaro. Era um dos poucos fora a fam�lia que tinham acesso livre ao candidato. Durante esse tempo, acompanhou a recupera��o de Bolsonaro e coordenou as a��es da campanha.
Arrependeu-se do �nico dia que desgrudou do candidato, quando viajou rapidamente a Minas para visitar o filho. Nesse per�odo, um convidado passou o telefone para Bolsonaro no hospital e, de surpresa, o fez falar por quatro minutos com um jornalista - o que Bebianno n�o previa em sua estrat�gia.
Depois, o rigor das visitas aumentou. At� a advogada Jana�na Paschoal, que chegou a ser cotada como vice do deputado, foi barrada na portaria.
Fam�lia
Ele tamb�m conseguiu ocupar espa�o junto ao n�cleo familiar do candidato, inclusive algo que muitos aliados invejaram: a aproxima��o com a discret�ssima Michele Bolsonaro. A m�e da filha ca�ula do candidato n�o gosta ou � orientada a n�o aparecer, nem se envolver, em eventos da campanha.
Os filhos demoraram a confiar. Os deputados (estadual no Rio, Estado pelo qual foi eleito senador em 2018) Fl�vio Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro (federal por S�o Paulo) passaram a confiar mais em Bebianno depois que o pai come�ou a subir nas pesquisas e a Presid�ncia se tornou palp�vel.
O sucesso foi visto como sinal de que as estrat�gias comandadas pelo presidente do partido estavam dando certo.
O vereador no Rio, Carlos Bolsonaro, que, na fam�lia do presidenci�vel, costuma ser o mais avesso � imprensa e a aliados de campanha, costuma dividir tarefas com Bebianno.
A parte de Bolsonaro nas redes sociais, por exemplo, � controlada por Carlos e, nesse caso, Bebianno raramente d� palpites. J� o controle das finan�as da campanha � feito pelo presidente do PSL, que tamb�m acompanha a��es jur�dicas movidas contra o candidato.
Procurado todos os dias da semana passada, Bebianno n�o quis dar entrevista ao Estado. Na quinta-feira, Bolsonaro pediu aos aliados para que n�o falem com a imprensa - que, em sua opini�o, "� toda de esquerda" e "quer arranjar um meio" de desgast�-lo