
A senadora F�tima Bezerra (PT) � a �nica mulher eleita governadora em 2018. Com 91,31% das urnas apuradas, a candidata do Rio Grande do Norte estava com 57,51% dos votos, contra 42,49% do concorrente Carlos Eduardo (PDT). Os n�meros acompanharam a pesquisa Ibope divulgada em 26 de outubro, que indicou 55% das inten��es de votos para a pedagoga.
F�tima foi a �nica mulher candidata ao Governo de todos os Estados que passou para o segundo turno das elei��es 2018. Na primeira fase de vota��es, 29 mulheres disputaram o cargo. Entretanto, duas delas n�o concorreram efetivamente. Uma teve a candidatura indeferida, enquanto outra renunciou.
Para o cientista pol�tico Paulo Ba�a, a elei��o de F�tima � um ponto fora da curva. "Ela teve apoio do partido e recebeu o fundo partid�rio. Era protagonista em um col�gio eleitoral, no qual tinha potencial de competitividade".
A participa��o das mulheres na pol�tica ainda � um desafio, segundo o professor da UFRJ. "As estruturas partid�rias s�o machistas e controladas por homens. Os partidos pol�ticos n�o d�o estrutura para candidatas".
O Nordeste, regi�o de F�tima Bezerra, foi o que mais registrou candidatas para o Poder Executivo, com 12 mulheres concorrendo ao cargo estadual. Na an�lise por partidos, o PSTU registrou o maior n�mero de mulheres para o governo, seguido pelo PSOL e PT: seis, cinco e quatro, respectivamente.
Em compara��o com 2014, a candidatura de mulheres para o governo aumentou 65%, apesar do n�mero de eleitas para o cargo ter sido mantido. Suely Campos (PP-RR) foi a �nica governadora eleita no Brasil na �poca. Naquele ano, 19 mulheres concorriam ao Executivo estadual.
O crescimento de 65% chegou ap�s determina��o do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que, a partir das elei��es de 2018, 30% do fundo eleitoral seja destinado a candidaturas femininas. O objetivo seria garantir uma participa��o mais ativa de mulheres, que hoje representam 52% do eleitorado.
Apesar do incentivo, o fundo partid�rio n�o garantiu o aumento efetivo de mulheres nos governos estaduais. Mesmo com uma cota destinada para candidaturas femininas, Ba�a acredita que as siglas tentaram driblar a determina��o. "Houve uma manipula��o na distribui��o do fundo. V�rios partidos usaram a estrat�gia de candidatas a cargos de vice para que a cota determinada pelo TSE financiasse candidaturas masculinas."
Candidaturas laranjas
Al�m de ainda terem baixa representa��o para o governo, as mulheres em 2018 apareceram em outro dado que se distancia da mudan�a do fundo partid�rio. 21 candidatas que concorreram nestas elei��es n�o registraram votos. O n�mero pode indicar "candidaturas laranjas" por n�o receberem apoio das legendas partid�rias, al�m de terem vota��o �nfima ou n�o existente.
Para Ba�a, muito ainda pode ser feito para garantir uma maior representatividade feminina na pol�tica brasileira. "Espero que o novo Congresso redesenhe a quest�o da participa��o pol�tica e as mulheres ganhem corpo e musculatura dentro das estruturas partid�rias. Nos 35 partidos que temos registrados, todos t�m estrutura basicamente masculina."