
Conhecido pela contund�ncia de suas opini�es contr�rias aos governos do PT, o deputado federal Onyx Dornelles Lorenzoni (DEM-RS) deve assumir um dos principais cargos do governo de Jair Bolsonaro (PSL). Anunciado como ministro Casa Civil, ele trabalhar�, a partir de janeiro, no Pal�cio do Planalto, no fundo do quarto andar, bem acima do gabinete da Presid�ncia, que ocupa todo o terceiro andar.
A pasta � respons�vel por acompanhar, de forma integrada, as principais pol�ticas p�blicas dos demais minist�rios, coordenar os balan�os de a��es governamentais, publicar nomea��es e exonera��es, al�m de auxiliar na tomada de decis�es do Chefe do Executivo.
Nascido no dia 3 de outubro de 1954, Onyx Lorenzoni tem 64 anos e construiu carreira pol�tica ao longo de v�rios mandatos parlamentares. Deputado federal desde 2003, ele est� finalizando o quarto mandato na C�mara. Nestas elei��es, foi reeleito com mais de 180 mil votos, sendo o segundo deputado mais votado do Rio Grande do Sul.
Hist�ria
Entre 1995 e 2003, ele foi deputado estadual durante duas legislaturas. Formado em Veterin�ria e nascido em Porto Alegre, Onyx iniciou a sua atua��o pol�tica como presidente do Sindicato dos M�dicos Veterin�rios do estado, na d�cada de 1980. Antes da vida p�blica, ele trabalhou no Hospital Veterin�rio Lorenzoni, empresa de que � s�cio.

O parlamentar ga�cho est� h� 21 anos no DEM, que at� o ano de 2007 se chamava Partido da Frente Liberal (PFL). Antes, era filiado ao PL. Onyx � defensor da flexibiliza��o do Estatuto do Desarmamento e de outras posi��es do campo liberal e conservador, como redu��o da maioridade penal, contra as cotas raciais e a favor de projetos ligados � pauta ruralista.
Recentemente, foi o respons�vel por relatar o projeto que reunia dez medidas de combate � corrup��o, que chegou ao Congresso por meio de iniciativa popular. Na atua��o parlamentar, o deputado � conhecido como uma pessoa acess�vel � imprensa e que consegue atuar nos bastidores. “Ele � estudioso, tem dinamismo, coragem e procura estudar [os temas que precisa discutir]”, disse � Ag�ncia Brasil o deputado Darc�sio Perondi (MDS), que tamb�m � do Rio Grande do Sul.
Onyx faz parte da Frente Parlamentar da Seguran�a P�blica, conhecida como Bancada da Bala, que conta com dezenas de deputados. O grupo � coordenado pelo deputado Alberto Fraga (DEM-DF), que tamb�m � cotado para assumir algum cargo no governo Bolsonaro. Cr�tico ao Estatuto do Desarmamento, costuma argumentar que a posse e o uso de armas de forma legalizada n�o est� relacionada ao aumento ou redu��o da criminalidade no pa�s.
Em 2014, quando a doa��o empresarial a campanhas eleitorais ainda era permitida, o deputado recebeu R$ 100 mil de duas das maiores empresas de armas e muni��es do Brasil: a Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) e a Forjas Taurus S.A. Quatro anos antes, a Taurus repassou R$ 150 mil para a campanha de Onyx, mesmo valor doado pela Associa��o Nacional da Ind�stria de Armas e Muni��es.
Posi��es
O deputado Efraim Filho (DEM/PB), que foi l�der do Democratas na C�mara em 2017 e 2018, dez anos ap�s ter sido liderado por Onyx, ainda no PFL, elogia a firmeza com que ele defende as posi��es em que acredita. Ele afirma que o parlamentar aliado de Bolsonaro teve a capacidade de se antecipar nos �ltimos anos a movimentos que posteriormente ganharam for�a a n�vel nacional, como as cr�ticas ao petismo, a defesa do impeachment e o sentimento de “renova��o da pol�tica” que vinha da sociedade.
Foi dessa forma que ele convenceu colegas e abriu um canal de comunica��o com grupos como o Movimento Brasil Livre (MBL), ainda na �poca das manifesta��es contra Dilma Rousseff. "O Onyx sempre foi um pol�tico muito convicto dos seus princ�pios e valores. � um vision�rio em termos de estrat�gia e articula��o pol�tica. � um cara que tem uma profunda forma��o liberal, tendo feito diversos cursos com o partido liberal alem�o", disse.
De acordo com Efraim, as posi��es do futuro ministro na pr�pria bancada do DEM s�o at� hoje reconhecidas - como o momento em que o partido avaliava se fundir a outro para evitar a extin��o. Na �poca, Onyx avaliou que a legenda colheria os frutos de se manter de forma firme na oposi��o.
"Ele conseguiu capitanear, capitalizar esse sentimento da sociedade. Acreditou nesse projeto Bolsonaro e, com justi�a, hoje � apontado com articulador. Enquanto o PSDB �s vezes vacilava na condu��o da oposi��o, o Onyx quando liderou o DEM nunca titubeou e sempre previu que essa agenda que ele sempre defendeu seria acolhida pela sociedade brasileira", afirmou.
Caixa 2
Em maio do ano passado, quando vieram � tona as dela��es de executivos do Grupo JBS em que Onyx foi citado como tendo recebido dinheiro dos executivos, ele confessou o uso do dinheiro. Na �poca, deu entrevistas e gravou um v�deo reconhecendo que recebeu R$ 100 mil durante a campanha eleitoral de 2014 de um empres�rio e n�o declarou o valor na sua presta��o de contas, o que configura o crime de caixa 2. O parlamentar disse que entregaria uma declara��o ao Minist�rio P�blico Federal (MPF) assumindo o erro e que pagaria por ele.
Dez medidas
Ap�s intensas negocia��es, o plen�rio da C�mara aprovou em novembro de 2016 o texto que continha dez medidas de combate � corrup��o, que chegou ao Congresso com dois milh�es de assinaturas. Ony foi o relator da medida. Durante a tramita��o, seis medidas sugeridas pelo MPF foram retiradas, ap�s cr�ticas dos parlamentares. A proposta, que est� parada no Senado � espera de um relator, manteve a criminaliza��o do eleitor pela venda do voto, a transforma��o em crime hediondo para certos tipos de corrup��o e a tipifica��o do caixa 2 como crime eleitoral.
Mesmo antes da relatoria, Onyx j� era apontado pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP) como um dos parlamentares mais influentes, tendo participado de 12 Comiss�es Parlamentares de Inqu�rito (CPIs), com destaque para a dos Correios e a da Petrobras.
Coordenador de campanha
Desde que a candidatura de Jair Bolsonaro ganhou for�a, Onyx se tornou um aliado de primeira hora. Ainda durante a pr�-candidatura � Presid�ncia de Rodrigo Maia (DEM-RJ), atual presidente da C�mara, a avalia��o do deputado ga�cho e de outros integrantes do DEM era de que o partido n�o deveria apoiar o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin. O DEM acabou compondo a coliga��o do presidenci�vel tucano, mas a c�pula do Democratas soube que haveria integrantes da sigla trabalhando pela campanha do PSL.
Nas �ltimas semanas, o trabalho de Onyx junto � campanha se intensificou. Foi ele o respons�vel, na semana passada, por organizar encontros de Bolsonaro com diferentes grupos, dentre eles a bancada da bala e integrantes do agroneg�cio. No �ltimo domingo (28), o pr�prio Bolsonaro confirmou o nome do deputado para a Casa Civil. A partir desta quarta-feira (31), o processo de transi��o do governo se iniciar� com uma reuni�o entre Onyx e o atual ocupante do cargo, ministro Eliseu Padilha.