Num pleito marcado pelo crescimento de candidaturas de direita, os cinco principais partidos de esquerda no Pa�s - PT, PCdoB, PSOL, PDT e PSB - elegeram 25% menos representantes em rela��o a 2010, auge dessas siglas nas urnas. Um levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo mostra que, em 2018, a esquerda levou 393 nomes para governos estaduais, C�mara, Senado e Assembleias Legislativas nos Estados. Em 2010 (�ltimo ano do governo Lula), esse n�mero havia batido em 527.
O PT foi o partido com mais redu��o no per�odo: neste ano, elegeu 149 nomes para cargos no Executivo e Legislativo, 41% menos comparado a 2010, quando fez 255. Os resultados das urnas mostram que a elei��o neste ano foi marcada por forte sentimento antipetista dos eleitores. J� o PSB caiu de 118 para 101; o PDT, de 107 para 84, e o PCdoB, de 34 para 31. Entre os partidos de esquerda no Pa�s, s� o PSOL cresceu em n�mero de representantes. Passou de dez eleitos, em 2010, para 28 neste ano.
Para a cientista pol�tica Vera Chaia, da PUC-SP, o resultado nas urnas est� ligado ao crescimento da oposi��o ao PT e ao surgimento de uma "onda conservadora" que come�ou a tomar forma depois das manifesta��es de rua de 2013. "Ela j� existia antes, mas � a partir de 2013 que surge a possibilidade de ela se manifestar. A pauta dessa nova direita, conservadora nos costumes, faz com que o eleitorado se identifique com ela", afirmou Chaia.
No Congresso, com n�mero de cadeiras insuficiente para barrar, por exemplo, emendas � Constitui��o - que exigem aprova��o de tr�s a cada cinco dos parlamentares -, o desafio da esquerda na oposi��o ser� tentar colar a imagem de impopular no pr�ximo governo. Na avalia��o de analistas, mesmo com a maior bancada, o PT ter� dificuldades para influenciar decis�es no Legislativo, caso o presidente eleito, Jair Bolsonaro, tenha sucesso em organizar sua base.
"O que a esquerda vai fazer � chamar aten��o para a agenda do novo governo, tentando demonstrar que ela est� mais sintonizada com interesses dos mais ricos, do mercado, e menos com o da popula��o", diz o analista pol�tico do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Ant�nio Augusto de Queiroz. Por outro lado, o �nus de qualquer derrota no Congresso ficar� com o Planalto, o que pode beneficiar a esquerda. "A oposi��o n�o poderia ser responsabilizada por eventual fracasso do governo porque � ele que tem a maioria."
Queiroz v� um cen�rio mais favor�vel � oposi��o no Senado, onde a fragmenta��o partid�ria e o maior n�mero de parlamentares de centro pode facilitar a disputa por votos. "(A oposi��o) vai buscar se compor com o centro no Senado para derrotar o governo ou, pelo menos, para amenizar os efeitos mais duros das propostas, torn�-la mais palat�vel para os eleitores."
Munic�pios
Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram tamb�m uma queda no n�mero de eleitos desses partidos para C�maras municipais e prefeituras. Em 2012, o auge da esquerda nas elei��es municipais, essas siglas conseguiram eleger 14,8 mil candidatos em todo o Pa�s. Em 2016, ano do impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff, foram 12,3 mil - queda de quase 10% no n�mero de eleitos.
O l�der do PT na C�mara dos Deputados, Paulo Pimenta (RS), minimiza as baixas e afirmou que o Brasil vive um processo de desconstru��o da pol�tica e, neste sentido, os partidos pol�ticos tradicionais teriam sido os mais atingidos por esse processo. Pimenta afirma ainda que o Brasil viveria um momento de "criminaliza��o" da pol�tica, que, segundo o deputado, seria causada pela Opera��o Lava Jato e "por parte do Judici�rio". As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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