Preocupados com as crises geradas pelos filhos do presidente Jair Bolsonaro que interferem no dia a dia do governo, ministros se uniram nesta quinta-feira, 14, em defesa da perman�ncia de Gustavo Bebianno � frente da Secretaria-Geral da Presid�ncia. O n�cleo militar resistia a conversar com o presidente sobre o tema fam�lia, mas, ap�s a �ltima pol�mica protagonizada pelo vereador Carlos Bolsonaro, o ministro Santos Cruz, da Secretaria de Governo, foi indicado para a tarefa. A inten��o � que o ministro, general da reserva e um dos mais pr�ximos do n�cleo familiar do presidente, o alerte sobre os riscos para a governabilidade.
O presidente da C�mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tamb�m entrou no circuito dando declara��es p�blicas em defesa do ministro. "A impress�o que d� � que o presidente est� usando o filho para pedir para o Bebianno sair. E ele � presidente da Rep�blica, n�o �? N�o � mais um deputado, ele n�o � presidente da associa��o dos militares", disse Maia � GloboNews.
Bebianno ajudou na elei��o de Maia para o comando da Casa, contrariando o deputado Eduardo Bolsonaro (SP), que preferia um nome do PSL. "Ele � um �timo interlocutor, mas quem escolhe ministro � o presidente", afirmou o presidente da C�mara. A preocupa��o � de que o ambiente conturbado do Executivo contamine o Legislativo e atrapalhe a tramita��o da proposta de reforma da Previd�ncia, que dever� ser enviada na pr�xima semana ao Congresso (mais informa��es no caderno de Economia). Menos enf�tico, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), disse que Bebianno n�o tinha "obriga��o" de acompanhar "tantas candidaturas" no Pa�s.
A opera��o segurou Bebianno no cargo pelo menos at� o fim da noite de quinta. Apesar disso, o presidente mant�m o ministro na geladeira e n�o o recebeu, como estava previsto. O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, chegou a preparar um encontro entre os dois, o que n�o ocorreu. Em entrevista � revista Cruso�, Bebianno reclamou que est� "sendo jogado aos le�es de maneira injusta" e avaliou que Bolsonaro tem receio de que o caso envolvendo suspeitas de candidaturas laranjas do PSL possa "respingar" nele.
Bombeiro
A rela��o entre Onyx e Bebianno � conflituosa, mas ele estaria atuando como bombeiro porque tamb�m j� ficou sob fogo cruzado quando vieram � tona suspeita de que usara caixa 2. O cintur�o de apoio uniu v�rios nomes do governo que temem ser o pr�ximo alvo dos tu�tes de Carlos ou de seus irm�os, Fl�vio e Eduardo, todos respaldados pelo pai.
Foi pela rede social que veio o ataque mais duro a Bebianno. Carlos o chamou de mentiroso e divulgou pelo microblog mensagem de �udio enviada por Bolsonaro ao ministro como prova. Ele ficou contrariado por seu desafeto ter afirmado ao jornal O Globo que falara tr�s vezes com Bolsonaro, enquanto o presidente ainda estava internado.
A quebra do sigilo da mensagem do presidente foi considerada "inadmiss�vel" no Planalto porque est� ligada � viola��o da seguran�a das comunica��es do presidente da Rep�blica. Os interlocutores do presidente v�o tentar mostrar a ele que existe uma liturgia do cargo e que ela precisa ser respeitada.
Na mesma quarta-feira, o pr�prio presidente disse � TV Record que Bebianno mentiu ao O Globo. A entrevista foi gravada antes de Carlos disparar sua ira pelo Twitter. No Planalto, n�o h� d�vidas de que Carlos apenas aproveitou a oportunidade para atacar o ministro mais uma vez, a quem acusa de atuar para prejudicar o governo.
Na entrevista � Record, o presidente colocou mais lenha na fogueira da crise, ao afirmar que pediu � Pol�cia Federal investiga��o sobre suspeitas de desvio de dinheiro na campanha eleitoral de candidatos do PSL e avisou que, caso Bebianno estivesse envolvido, poderia voltar "�s origens". O ministro presidia o partido na �poca.
Mais do que proteger Bebianno, interlocutores do presidente est�o convencidos de que "� preciso estancar" essa a��o dos filhos de Bolsonaro. Destacam que misturar fam�lia e governo nunca deu bons resultados e citam o envolvimento dos filhos do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva em v�rios esc�ndalos.
Do n�cleo militar, al�m de Santos Cruz, o vice-presidente Hamilton Mour�o e o ministro do Gabinete de Seguran�a Institucional, Augusto Heleno, est�o agindo para conter a crise. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
POL�TICA