
O ministro do Turismo, Marcelo �lvaro Ant�nio, elevou em 280% o valor em dinheiro vivo mantido em casa num intervalo de dois anos. Entre as elei��es de 2016 e 2018, a reserva em esp�cie guardada por ele passou de R$ 105 mil para R$ 400 mil. Os valores foram declarados � Justi�a Eleitoral.
Eleito em 2018 para o segundo mandato de deputado federal por Minas Gerais, Marcelo �lvaro bancou do bolso 64% de sua campanha. Tamb�m recebeu doa��es da m�e, Vilma Penido Dias, e verbas do PSL. Ele declarou ter injetado na campanha R$ 383 mil por meio de transfer�ncias banc�rias eletr�nicas.
� Justi�a Eleitoral, Marcelo �lvaro declarou a posse apenas de recursos em esp�cie, em moeda nacional - nenhuma conta banc�ria ou aplica��o financeira. Ele ainda declarou um apartamento no bairro Buritis, em Belo Horizonte, e sociedade em uma empresa, a Voice Lider - os mesmos bens s�o informados por ele desde 2012.
O ministro afirmou que uma parte dos recursos usados na campanha integrava a reserva de R$ 400 mil em esp�cie declarada e que sua evolu��o patrimonial � condizente com seus vencimentos - um deputado recebe R$ 33,7 mil brutos.
Por meio de nota, a assessoria da pasta do Turismo disse que o ministro seguiu a lei. "A evolu��o patrimonial de Marcelo �lvaro Ant�nio � totalmente condizente com os ganhos de parlamentar acrescidos de rendas extras como aluguel de im�vel devidamente declarado", destacou o comunicado, sem detalhar valores nem informar qual im�vel era alugado. "O ministro manteve a quantia em esp�cie conforme declarado, porque � um direito assegurado."
Na elei��o passada, a Receita Federal, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e a Justi�a Eleitoral decidiram monitorar candidatos que declarassem quantias elevadas em dinheiro vivo. Os �rg�os suspeitavam que as declara��es eram usadas como manobra para esconder caixa 2. T�cnicos desses �rg�os desconfiavam que os candidatos informavam possuir valores em esp�cie que, na verdade, n�o tinham. Era o chamado "colch�o" para lavagem, conforme definem integrantes dos �rg�os de controle. Para investigadores, casos assim podem configurar "pr�-lavagem de dinheiro".
As contas do ministro foram aprovadas com ressalvas pela Justi�a Eleitoral. Por inconsist�ncias na presta��o, como falta de notas fiscais e erros em CPFs de doadores, o Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) cobra a devolu��o de R$ 33 mil ao partido - decis�o da qual o ministro recorre.
Aproxima��o
Marcelo �lvaro Ant�nio � o �nico deputado do PSL com cargo no primeiro escal�o na Esplanada. Evang�lico da Igreja Maranata, aproximou-se do presidente Jair Bolsonaro no ano passado. Estava a poucos metros de dist�ncia do ent�o candidato quando Bolsonaro recebeu uma facada durante campanha em Juiz de Fora (MG). Ele socorreu Bolsonaro, acompanhou a interna��o e a cirurgia de emerg�ncia na Santa Casa da cidade. Marcelo �lvaro era coordenador da campanha presidencial do PSL no Estado e havia reunido empres�rios locais para um encontro com Bolsonaro horas antes do ataque.
Aliado de primeira hora, ele deixou o PR para entrar na campanha de Bolsonaro. Depois, assumiu o diret�rio estadual do PSL, com o acesso a verbas da legenda e o poder de decidir quem se candidataria no Estado. Ele obteve 230 mil votos.
Na montagem do governo, Marcelo �lvaro ganhou um minist�rio depois de se apresentar como integrante da Frente Parlamentar do Turismo, embora nunca tenha sido vinculado a pautas do setor. Para se fortalecer no PSL, abriu espa�o na pasta para indicados pol�ticos.
Ele � suspeito de coordenar a escolha de candidatas laranjas no PSL com objetivo de desviar recursos eleitorais. O caso � investigado pelo Minist�rio P�blico de Minas Gerais. Bolsonaro n�o comentou a suspeita. O porta-voz do Planalto, Ot�vio do R�go Barros, desconversou sobre o caso do ministro. Marcelo �lvaro foi poupado pelo governo. Citado em caso semelhante, Gustavo Bebianno foi demitido da Secretaria-Geral.
O jornal Folha de S. Paulo informou que quatro candidatas em Minas tiveram vota��o irris�ria mesmo privilegiadas no repasse de dinheiro do Fundo Eleitoral pelo PSL. Elas haviam contratado e repassado dinheiro a empresas ligadas a assessores do ministro. Marcelo �lvaro negou a den�ncia.