Insatisfeitos com a falta de interlocu��o no Pal�cio do Planalto, l�deres de partidos que reelegeram Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a presid�ncia da C�mara j� come�am a cobrar a fatura pol�tica. Sob o argumento de que a demora do governo para liberar cargos e emendas pode se refletir no placar de vota��o, deputados pressionam Maia para que ele consiga convencer o presidente Jair Bolsonaro a "destravar" pelo menos as nomea��es.
Nem mesmo o an�ncio de que nos pr�ximos dias o Executivo criar� uma plataforma virtual, na qual deputados e senadores da base aliada poder�o fazer indica��es para o segundo escal�o, serviu para acalmar os parlamentares. Nos bastidores, muitos deles tratam com ironia o novo modelo para selecionar quem ocupar� as vagas nos Estados, batizado no Planalto de "banco de talentos".
"Isso vai virar um show de calouros", provocou o deputado Jhonatan de Jesus (RR), l�der do PRB na C�mara. A plataforma a ser lan�ada pelo governo foi desenvolvida pela Controladoria-Geral da Uni�o (CGU) e estabelecer� crit�rios para as nomea��es, como forma��o acad�mica e experi�ncia na �rea. O discurso oficial � de que todo indicado precisar� ser "ficha-limpa" para entrar na equipe. A sele��o para a ocupa��o dos cargos ser� feita pelos ministros.
"O problema � que esse governo n�o tem traquejo pol�tico e � muito enrolado", afirmou o l�der do PP, Arthur Lira (AL). "Se for para ministros escolherem as pessoas, nem precisa nada. Se vai para a subjetividade do ministro, tudo vai continuar do mesmo jeito."
Em conversas reservadas, deputados dizem que, se o endurecimento das exig�ncias para nomea��o valesse para todos, o ex-chefe da Secretaria-Geral da Presid�ncia Gustavo Bebianno - demitido na segunda-feira - e o ministro do Turismo, Marcelo �lvaro Ant�nio, n�o teriam sido escolhidos. Os dois s�o alvo de investiga��o sobre financiamento irregular de candidaturas.
A recondu��o de Maia ao comando da C�mara teve apoio de 19 partidos, separados em dois blocos. O maior deles, chamado de "bloc�o", re�ne DEM, PP, PR, PSD, MDB, PRB, PSDB, PTB, PSC, PMN e o pr�prio PSL de Bolsonaro. L�deres dessas siglas observam que Maia s� ganhou novo mandato, h� 21 dias, gra�as � robusta alian�a - que lhe rendeu uma vit�ria no primeiro turno, com 334 votos - e agora precisa retribuir o apoio.
Embora n�o tenha bom relacionamento com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, Maia � amigo do ministro da Economia, Paulo Guedes, conta com a simpatia de militares, como o chefe da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto dos Santos Cruz, e est� ganhando a confian�a de Bolsonaro. Nos corredores da C�mara, o presidente da Casa tem sido tratado como "primeiro-ministro".
A amea�a de derrubar no plen�rio projetos importantes, se o governo n�o ceder, � feita a portas fechadas por congressistas descontentes e atinge at� mesmo a reforma da Previd�ncia, classificada pela equipe econ�mica como priorit�ria para o ajuste das contas p�blicas.
Derrota
Um exemplo de que os deputados est�o dispostos a dar o troco no Planalto se n�o forem atendidos foi dado na ter�a-feira. Na ocasi�o, a C�mara anulou decreto editado pelo vice-presidente Hamilton Mour�o que ampliava o rol de servidores aptos a classificar documentos ultrassecretos. Foi a primeira derrota do Executivo no Legislativo.
"O DEM tem tr�s minist�rios e a nossa preocupa��o � fazer com que o governo d� certo, porque, se n�o der, quem sofrer� as consequ�ncias somos n�s", afirmou o deputado Elmar Nascimento (BA), l�der do partido e do "bloc�o". No seu diagn�stico, � natural que Maia e at� mesmo o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (AP), tamb�m do DEM, fa�am a "ponte" do Congresso com o Planalto.
"O presidente Bolsonaro precisa ter na pol�tica a mesma sensibilidade que teve na economia, quando deu carta branca ao ministro Paulo Guedes para tocar a reforma da Previd�ncia", disse Elmar. "No governo Temer, o interlocutor era Carlos Marun. Hoje, o presidente n�o empoderou ningu�m, Gustavo Bebianno saiu e se diz que a articula��o pol�tica est� dividida entre Onyx e Santos Cruz. Mas quem tem dois n�o tem nenhum."
At� o PSL de Bolsonaro reclama de estar sendo preterido na distribui��o dos cargos. Em reuni�o da bancada com o presidente, na quarta-feira, 20, coube ao l�der do partido no Senado, Major Ol�mpio (SP), fazer a queixa. Bolsonaro, por�m, n�o gostou. "(...) Nada pedimos, apenas n�o sermos preteridos, desconsiderados e tratados como inimigos. Se exagerei, mais uma vez me penitencio", escreveu Major Ol�mpio, em mensagem postada em grupo de WhatsApp.
Bolsonaro adiou para ter�a-feira da semana que vem uma reuni�o prevista para esta quinta-feira, 21, com l�deres de partidos que podem compor a base aliada na C�mara, ainda indefinida. Nenhum deles gostou do fato de o presidente ter enviado ao Congresso a proposta de mudan�a na aposentadoria antes de consult�-los. Procurado pelo Estado, Maia n�o quis se manifestar. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
POL�TICA