A Receita Federal vai ampliar a coopera��o com o Minist�rio P�blico do Rio de Janeiro e investigar os envolvidos na Opera��o Os Intoc�veis, que mira a atua��o de mil�cias no Estado. Entre os alvos est� o ex-capit�o da PM Adriano Magalh�es da N�brega, apontado como l�der de grupo criminoso conhecido como Escrit�rio do Crime.
A m�e e a mulher de N�brega trabalharam no gabinete que o hoje senador Fl�vio Bolsonaro (PSL-RJ) ocupava at� 31 de janeiro deste ano na Assembleia Legislativa do Rio.
Como revelou o jornal O Estado de S. Paulo no m�s passado, a Receita j� atuava na an�lise das movimenta��es financeiras dos citados no relat�rio do Conselho de Controle de Atividade Financeira (Coaf) que apontou transa��es at�picas na conta de Fabr�cio Queiroz, tamb�m ex-assessor de Fl�vio, filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro.
A Opera��o Os Intoc�veis prendeu cinco suspeitos de integrar mil�cia que atua em Rio das Pedras, na Barra da Tijuca. N�brega, por�m, segue foragido. De acordo com a Promotoria do Rio, o grupo atuava na grilagem de terras, na compra, venda e aluguel irregular de im�veis, na cobran�a de taxas da popula��o local e na recepta��o de mercadoria roubada, entre outros crimes.
A mulher do ex-capit�o, Danielle Mendon�a da Costa N�brega, trabalhou no gabinete de Fl�vio de 6 de setembro de 2007 at� 14 de novembro do ano passado. J� a m�e de N�brega, Raimunda Veras Magalh�es, esteve lotada no mesmo gabinete de 11 de maio de 2016 tamb�m at� 14 de novembro de 2018. Ambas recebiam sal�rio de R$ 6.490,35.Raimunda � citada no relat�rio do Coaf que investiga corrup��o no Legislativo fluminense. Ela repassou R$ 4.600 para a conta de Queiroz.
A entrada da Receita no caso segue o padr�o adotado desde a Opera��o Lava Jato, em que o foco dos investigadores � o caminho do dinheiro de grupos criminosos. Como o Fisco tem o maior banco de dados fiscais, banc�rios e patrimoniais do Pa�s, seus relat�rios s�o considerados os mais completos para auxiliar nas investiga��es.
No caso da mil�cia, a atua��o do �rg�o poder� rastrear todos aqueles que fizeram algum tipo de transa��o, n�o s� com os suspeitos de integrar o grupo, mas tamb�m com parentes, pessoas pr�ximas ou empresas ligadas a eles. Em busca de poss�veis crimes tribut�rios, os auditores devem produzir relat�rios para subsidiar o trabalho dos promotores com o mapeamento do caminho do dinheiro movimentado.
Ao jornal, uma fonte com acesso � investiga��o afirmou que j� foram realizadas algumas reuni�es entre investigadores e a Receita para tratar da coopera��o no caso.
Homenagens
Enquanto era deputado estadual, o filho de Bolsonaro, em discursos na Assembleia do Rio em 2006 e 2007, disse que "a mil�cia nada mais � do que um conjunto de policiais buscando expurgar do seio da comunidade o que h� de pior: os criminosos". Ainda segundo declara��es do hoje senador, n�o seria "justa essa persegui��o (aos milicianos)".
Como parlamentar na Assembleia do Rio, Fl�vio apresentou mo��es honrosas a outros quatro policiais que se envolveram em irregularidades. Em 2017 e 2018, o ent�o deputado estadual pediu � Mesa Diretora da Casa que fossem concedidas mo��es parabenizando os PMs Leonardo Ferreira de Andrade e Bruno Duarte Pinho - os dois foram alvo, em agosto do ano passado, da Opera��o Quarto Elemento, do Minist�rio P�blico.
Coaf
No outro caso em que a Receita j� coopera com o MP sobre a movimenta��o financeira de assessores da Assembleia, entre eles ex-funcion�rios de Fl�vio, os auditores iniciaram nos �ltimos dias a an�lise de dados.
H� dois focos de investiga��o. Na esfera criminal, a apura��o � conduzida pelo promotor Luis Ot�vio Figueira Lopes e apura poss�vel pr�tica de peculato, quando um servidor se apropria de dinheiro p�blico. Segundo o procurador-geral de Justi�a do Rio, Eduardo Gussem, Fl�vio ainda n�o � diretamente investigado neste caso. No �rea c�vel, o senador � alvo por suposto ato de improbidade.
Uma fonte disse que, ao mapear o caminho do dinheiro que abasteceu as contas de Queiroz e de outros assessores da Assembleia do Rio, o Fisco poder� contribuir na apura��o sobre a suposta exist�ncia de um esquema de contrata��o ilegal de servidores para posterior devolu��o de parte dos vencimentos. Essa hip�tese, como mostrou o Estado, j� era investigada pela Pol�cia Federal antes de o caso ser enviado � esfera estadual.
A Promotoria do Rio tamb�m tem como uma das linhas de investiga��o a de que Queiroz e assessores de outros deputados com movimenta��es mais elevadas centralizavam o recebimento de parte dos sal�rios de seus colegas de gabinete.
Conhecido como "rachid", o esquema resultou nos �ltimos anos na abertura deinvestiga��es em pelo menos 16 assembleias legislativas. Em relat�rio, a delegada federal respons�vel pela Opera��o Furna da On�a disse que esse sistema seria "disseminado" na Assembleia do Rio.
O Estado de S. Paulo revelou nesta sexta-feira, 22, que um ex-assessor de Fl�vio declarou aos investigadores que devolvia 66% do sal�rio para Queiroz todos os meses. Segundo ele, as transfer�ncias eram investimentos em atividade de compra e venda de ve�culos. Queiroz a ainda n�o prestou depoimento � Promotoria.
Por meio de sua assessoria, o senador Fl�vio Bolsonaro afirmou que � v�tima de "persegui��o pol�tica e repudia a tentativa de imputar irregularidades e crimes onde n�o h�".
POL�TICA