Partido mais votado do Pa�s na onda de renova��o que elegeu o presidente Jair Bolsonaro ano passado, o PSL n�o conseguiu transformar o resultado positivo que obteve nas urnas em protagonismo nos Legislativos estaduais, nem sequer onde fez o governador ou uma bancada proporcionalmente grande, como no Rio de Janeiro.
Sem nenhuma presid�ncia legislativa e com cargos menores em apenas seis Mesas Diretoras, a sigla tenta agora emplacar a advogada Jana�na Paschoal, parlamentar mais votada do Brasil, no comando da Assembleia paulista, a �nica que ainda n�o iniciou a nova Legislatura. Os trabalhos come�am na pr�xima sexta-feira.
Levantamento feito pelo jornal O Estado de S�o Paulo mostra que, diferentemente do discurso eleitoral, o PSL se aliou nos Estados a partidos que fazem oposi��o ao governo Bolsonaro no plano nacional, para conseguir espa�o.
No Maranh�o, por exemplo, a chapa que elegeu o deputado Othelino Neto (PCdoB) presidente da Assembleia do Estado uniu o PSL ao PDT. No Acre, a articula��o que levou Nicolau J�nior (PP) ao comando da Casa Legislativa une o partido de Bolsonaro ao PT. No Amazonas e no Tocantins, o partido conquistou espa�o nas Mesas gra�as a alian�as com o MDB, chamada "velha pol�tica" pela sigla do presidente.
Deputados do PSL tamb�m estar�o nas Mesas das Assembleias da Bahia e do Esp�rito Santo. A sigla saiu da elei��o de 2018 com 76 deputados estaduais eleitos, al�m de tr�s governadores - Santa Catarina, Roraima e Rond�nia. Em Bras�lia, tem 54 deputados federais e quatro senadores.
"O que explica a situa��o do PSL � a inexperi�ncia pol�tica", diz o cientista pol�tico Kleber Carrilho, da Universidade Metodista. "N�mero de votos na elei��o n�o resolve esse problema, o de entender o funcionamento complexo das Casas. L� dentro, o n�mero de votos tem certa influ�ncia quando o parlamentar j� tem certa experi�ncia. Quando n�o a tem, n�o tem import�ncia nenhuma."
Acordo
Candidata � presid�ncia da Alesp, Jana�na n�o comenta a situa��o do PSL nos outros Estados, mas
defende que em S�o Paulo a sigla n�o entre em "toma l� d� c�" na negocia��o por cargos. "A gente quer compor a Mesa, mas com ideias e propostas. N�o vamos entrar em troca-troca. N�o vamos nos prostituir por uma lugar na Mesa. Esta � uma decis�o da bancada", afirmou.
Jana�na disse que o deputado Cau� Macris (PSDB), candidato � reelei��o para a presid�ncia da Casa e favorito na disputa, convocou uma reuni�o com o PSL para oferecer o comando da Comiss�o de Constitui��o e Justi�a (CCJ) da Casa, em troca da desist�ncia de sua candidatura. A deputada disse que aceitaria o cargo caso perdesse a disputa pela presid�ncia - mas n�o para retirar a candidatura.
Procurada, a assessoria de Cau� Macris negou que o deputado tenha feito qualquer reuni�o com o PSL, at� por "respeito" � candidatura de Jana�na. E disse que n�o cabe a ele oferecer cargos em comiss�es.
Isolamento
Para Carrilho, os ataques do PSL � chamada "velha pol�tica" explicam a dificuldade de articula��o do partido no Legislativo. "O discurso e a tentativa de estar sempre �puro� vai fazer com que o PSL esteja sempre isolado. O discurso para o eleitor � diferente do dia a dia das Casas. Ent�o, esses discursos contra a chamada �velha pol�tica� tamb�m � algo que atrapalha o PSL no Legislativo."
O problema tamb�m ficou evidente no Congresso. Mesmo tendo uma das maiores bancadas na C�mara, o partido n�o lan�ou candidatura e apoiou a reelei��o de Rodrigo Maia (DEM-RJ). Presidente da sigla, o deputado Luciano Bivar (PE) chegou a falar que via "identidade" entre o PSL e o ent�o candidato democrata. No Senado, Major Ol�mpio (SP) retirou sua candidatura para apoiar Davi Alcolumbre (DEM-AP).
"O panorama do PSL � uma express�o de como funciona o sistema partid�rio brasileiro, um dos mais fragmentados do mundo. H� um grande n�mero de partidos sem conte�do que os mobilize", disse o cientista pol�tico Jos� Alvaro Mois�s, da Universidade de S�o Paulo. "Isso faz do PSL um partido apenas moment�neo para viabilizar a candidatura de Bolsonaro. N�o temos nenhuma seguran�a de que o partido v� se consolidar e formar lideran�as."
�lvaro Mois�s analisa que, mesmo em Bras�lia e tamb�m nos Estados, a falta de protagonismo do PSL pode prejudicar os trabalhos do Executivo. "Na medida em que n�o tem consist�ncia de propostas, e n�o tem press�o, em vez de ser uma base para o presidente se apoiar, � uma base fr�gil, em muta��o. Nos Estados, isso � mais grave ainda, j� que a presen�a � fr�gil, pequena e fora das Mesas", avaliou o analista.
Questionada sobre a falta de protagonismo nos Estados e alian�as com partidos tradicionais e opositores ao governo Bolsonaro, a sigla usa como argumento o crescimento no n�mero de eleitos. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
POL�TICA