O vice-presidente, general Hamilton Mour�o, afirmou nesta ter�a-feira, 9, que cabe a ele falar "coisas que o presidente n�o quer falar" e atacar primeiro, quando � preciso atacar. O papel de vice foi abordado por Mour�o em evento em Washington, organizado pelo Brazil Institute, do 'think tank' Wilson Center. "N�o � f�cil ser vice-presidente, voc� � o segundo no comando. Voc� pode olhar para mim, voc� foi um general por 12 anos e comandava todo mundo. Bom, agora eu n�o comando", disse Mour�o, que tem sido criticado com frequ�ncia por ala do governo por ter uma agenda independente e por vezes de contraponto � do presidente, Jair Bolsonaro.
Nesta ter�a-feira, contudo, o vice-presidente sugeriu que � sua fun��o como vice-presidente assumir esse papel. "A primeira coisa � essa, voc� tem que ter disciplina intelectual para entender as necessidades do presidente. Eu olho para mim mesmo como uma figura complementar ao presidente. Coisas que ele n�o quer falar, me diga, ok, eu vou l� e falo. �s vezes eu digo para a imprensa que eu me sinto como o escudo e espada do presidente. Eu posso defender quando ele precisa ser defendido e posso atacar antes que ele precise", afirmou o vice-presidente.
Mour�o foi apresentado por Paulo Sotero, diretor do Brazil Institute, como uma "voz moderada" em Bras�lia. Em Washington, a agenda do vice-presidente incluiu pensadores de outros espectros pol�ticos que n�o apenas a direita conservadora americana - foco que Bolsonaro deu a encontros feitos na capital americana, em mar�o. Coube a Mour�o, por exemplo, se reunir com imigrantes brasileiros em Boston depois de Bolsonaro ter precisado pedir desculpas por dizer, em entrevista a uma emissora de televis�o americana, que a maioria dos imigrantes tem "m�s inten��es".
O vice-presidente tamb�m teve encontros com personalidades que por vezes s�o cr�ticas a Bolsonaro, como Mangabeira Unger, o ex-ministro e ex-guru do presidenci�vel Ciro Gomes (PDT). "Me vejo como uma forma de levar nosso jeito de pensar para diferentes pessoas da nossa sociedade. Falamos com investidores, sindicatos, l�deres locais e assim convencemos todo mundo em ter confian�a na gente e acreditar no que queremos fazer para o Brasil", afirmou Mour�o. Segundo ele, a Constitui��o brasileira � "muito vaga" sobre as fun��es do vice-presidente. "S� diz que o vice existe para substituir o presidente e para receber miss�es especiais. Sempre que o presidente quiser me dar miss�es especiais, eu estarei pronto", afirmou.
A presen�a no Brazil Institute foi o �ltimo evento p�blico de Mour�o em Washington. Na capital dos Estados Unidos, ele se reuniu com o vice-presidente americano, Mike Pence, com senadores americanos, e personalidades como ex-embaixadores dos Estados Unidos no Brasil, al�m de ter comparecido a rodas de conversa privadas com empres�rios.
Ele voltou a ser questionado sobre o papel pol�tico dos militares e repetiu que os militares que est�o no governo j� n�o atuam mais nas For�as Armadas. "Nossas For�as Armadas n�o est�o no governo. Temos gente que veio das for�as armadas no governo e acho normal, porque Bolsonaro veio desse grupo. Quero assegurar muito claramente as For�as Armadas continuar�o como est�o e como estiveram desde o fim do regime militar em 1985 e n�s recebemos a tarefa da popula��o brasileira de governar pelos pr�ximos quatro anos", disse Mour�o.
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