Oposi��o usa 1� de Maio para ato contra Bolsonaro

Fragmentada desde a elei��o presidencial do ano passado, a oposi��o quer transformar a celebra��o do Dia do Trabalho, nesta quarta-feira, no Vale do Anhangaba�, na primeira manifesta��o significativa contra o governo Jair Bolsonaro. Pela primeira vez, todas as dez centrais sindicais brasileiras v�o celebrar juntas o 1.� de Maio em S�o Paulo. No Pal�cio do Planalto, a avalia��o � de que o ato n�o tem potencial para causar desgastes ao governo ou estimular a oposi��o.

O palanque do evento dever� reunir tr�s dos principais candidatos de esquerda na elei��o do ano passado. Fernando Haddad (PT) - que disputou e perdeu o segundo turno contra Bolsonaro -, Ciro Gomes (PDT) e Guilherme Boulos (PSOL) confirmaram presen�a. Ciro, por�m, depende de condi��es de sa�de para participar do ato. O pedetista virou alvo do PT ap�s recusar dar apoio expl�cito a Haddad na fase decisiva da disputa presidencial. No Congresso, as siglas de esquerda ainda n�o conseguiram formar uma unidade de atua��o.

Apesar das diverg�ncias no campo pol�tico, os organizadores acreditam que o evento conjunto pode ser o ponto de partida para uma s�rie de manifesta��es contra medidas do governo, tendo como vetor a reforma da Previd�ncia. As centrais pretendem realizar uma greve geral nacional no dia 14 de junho, �s v�speras da data prevista para vota��o da reforma no Congresso.

"Sempre foi um sonho nosso (o ato unificado). Por mais diverg�ncia que a gente possa ter, a conjuntura nacional nos levou a este momento hist�rico", disse o presidente da For�a Sindical, Miguel Torres.

Os organizadores admitem que essas diverg�ncias podem vir � tona durante o evento, a exemplo do que aconteceu no ano passado, quando CUT e For�a Sindical fizeram um ato conjunto em Curitiba, em protesto contra a pris�o do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva. Representantes da CUT vaiaram os discursos de dirigentes da For�a.

As centrais e os partidos �s quais est�o ligadas est�o longe de ter posi��es conjuntas sobre a reforma da Previd�ncia. "Os partidos andam conversando muito, mas t�m diferen�as. PT, PSB e PSOL fecharam quest�o contra a reforma. Outros, n�o", disse Antonio Neto, presidente da Central de Sindicatos Brasileiros (CSB), candidato derrotado ao Senado pelo PDT de S�o Paulo.

A reforma trabalhista do governo Michel Temer que eliminou o chamado imposto sindical tamb�m ser� alvo de cr�ticas. Segundo os organizadores, existe um plano para eliminar o movimento sindical brasileiro.

Al�m de CUT, For�a, CSB e Intersindical, CTB, UGT, CGTB, Nova Central e CSP-Conlutas participam da organiza��o em conjunto com as frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular.

O ato no Vale do Anhangaba�, no centro da capital paulista, ter� shows de v�rios artistas, mas sem sorteios de brindes - o que marcava as manifesta��es do 1.� de Maio da For�a Sindical. Al�m dos pol�ticos de esquerda, o prefeito de S�o Paulo, Bruno Covas (PSDB), confirmou presen�a no evento.

Pronunciamento

O governo n�o preparou nenhuma solenidade alusiva ao Dia do Trabalho. O presidente Jair Bolsonaro gravaria ainda na ter�a-feira, 30, um pronunciamento que ir� ao ar nesta quarta, �s 20h, em cadeia de r�dio e TV. Ele dever� relatar esfor�os do governo para reverter as taxas de desemprego do Pa�s. Para o presidente, as medidas econ�micas que est�o sendo adotadas pelo governo v�o fomentar investimentos e a gera��o de empregos.

Integrantes do Planalto ouvidos nesta ter�a pelo jornal O Estado de S. Paulo minimizaram o ato conjunto das centrais sindicais. O governo, contudo, est� se preparando para mobiliza��es em junho, que deve ser um m�s decisivo para aprova��o da reforma da Previd�ncia.

As centrais enfrentam escassez de recursos para bancar festas grandiosas desde o fim da contribui��o sindical obrigat�ria na reforma trabalhista, em 2017. Desde ent�o, o desconto de um dia de trabalho por ano em favor do sindicato da categoria passou a ser opcional. A decis�o do Congresso foi confirmada pelo plen�rio do Supremo Tribunal Federal em meados do ano passado.

Al�m do protesto em S�o Paulo, o governo federal foi informado de que uma manifesta��o est� sendo preparada para ser realizada em Taguatinga, cidade-sat�lite de Bras�lia. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.