Bras�lia - Depois de o presidente Jair Bolsonaro demonstrar profunda irrita��o com o ent�o comandante do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), Joaquim Levy, no �ltimo s�bado, o governo anunciou o economista Gustavo Henrique Moreira Montezano para ocupar a cadeira de chefia da estatal. Criticado por pol�ticos e agentes do mercado financeiro, pela forma como o desligamento foi feito, o Pal�cio do Planalto se debru�ou durante horas para bater o martelo sobre o nome que dever� “abrir a caixa-preta” da estatal.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, se reuniu ontem duas vezes com Bolsonaro para tratar sobre o tema. Levy pediu demiss�o no �ltimo domingo ap�s o presidente da Rep�blica ter dito que a cabe�a do economista estava “a pr�mio”. O motivo seria a nomea��o do executivo Marcos Barbosa Pinto, que j� trabalhou em gest�es petistas, para uma dire��o do banco, o que desagradou o Planalto.
� a segunda vez que Joaquim Levy sai pela porta dos fundos do governo federal, sendo a primeira vez no fim de 2015, quando n�o teve voz como ministro da Fazenda da ex-presidente Dilma Rousseff. Bolsonaro sempre demonstrou insatisfa��o com a presen�a do economista no Executivo pelo fato de ter atuado na gest�o petista, mas Guedes, num primeiro momento, bancou a perman�ncia dele no BNDES.
Bolsonaro entende que o presidente do banco de fomento precisa ter uma postura mais incisiva contra as pol�ticas adotadas no passado na estatal, ao revelar o que ele chama de “caixa-preta”. Nos governos petistas, o BNDES financiou empreendimentos question�veis que n�o resultaram em crescimento econ�mico e aumento de empregos. Guedes tamb�m defende que a institui��o financeira foi utilizada para financiar amigos dos governantes e cita, especialmente, o empres�rio Joesley Batista, da JBS, que � investigado pela Opera��o Lava Jato.
Caber� ao economista e engenheiro Gustavo Henrique Moreira Montezano a miss�o de expor as pol�ticas erradas do passado, “apontando para onde foram investidos em Cuba e na Venezuela, por exemplo”, segundo o porta-voz da Presid�ncia da Rep�blica, Ot�vio R�go Barros.
Montezano foi nomeado neste ano como secret�rio especial adjunto de Desestatiza��o, uma esp�cie de “vice” do titular Salim Mattar, que tamb�m era cotado para a presid�ncia do BNDES. A primeira baixa na equipe econ�mica, por�m, n�o soou bem entre os agentes financeiros e parlamentares. O porta-voz da Presid�ncia da Rep�blica, Ot�vio R�go Barros, minimizou a substitui��o ao defender que a situa��o � normal, j� que as medidas adotadas pelo governo buscam o interesse p�blico e a “capacidade de colocar os projetos em andamento com vistas a tingir os resultados estabelecidos anteriormente”.
Ele adiantou que uma das a��es � a devolu��o dos recursos do BNDES para o Tesouro Nacional. De 2008 a 2014, a estatal recebeu dinheiro do governo para fomentar o crescimento econ�mico e, desde ent�o, devolve anualmente parte do que foi aplicado para minimizar os danos causados nas contas p�blicas. Levy estava deu andamento ao pedido, tanto � que, no fim de maio, a Uni�o recebeu R$ 30 bilh�es do banco de desenvolvimento.
R�go Barros ressaltou tamb�m que Montezano dever� aumentar os investimentos em infraestrutura e saneamento. Ontem, Paulo Guedes ouviu auxiliares e correu contra o tempo para tentar conter a sangria com a demiss�o de Levy. Havia v�rios nomes na mesa, mas optou-se por uma solu��o caseira para evitar mais transtornos. O l�der da equipe econ�mica quer que Montezano trabalhe em sintonia fina com a Secretaria de Desestatiza��o, para acelerar o programa de privatiza��o, que, at� agora, est� na promessa. Uma das primeiras ser� os Correios, cujo presidente tamb�m foi demitido de forma intempestiva por Bolsonaro, num caf� da manh� com jornalistas. Em nota, o Minist�rio da Economia agradeceu a Joaquim Levy pela dedica��o demonstrada enquanto presidente do BNDES.
MONTEZANO
Gustavo Montezano, de 38 anos, foi s�cio do BTG Pactual e trabalhava em Londres na ECTP (ex- BTG Pactual Commodities) antes de ir para o Minist�rio da Economia. Ele atuou 17 anos no mercado financeiro. O novo presidente do BNDES fez mestrado em economia pela Faculdade de Economia e Finan�as (Ibmec-RJ) e tamb�m � graduado em Engenharia pelo Instituto Militar de Engenharia (IME-RJ). Caber� ao Conselho de Administra��o do banco de fomento analisar a idoneidade e os requisitos para Montezano ocupar o cargo.