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Estado de Minas POL�TICA

O ex-comunista que tem f� na reforma da Previd�ncia


postado em 23/06/2019 10:58

O advogado e deputado federal Marcelo Ramos (PL-AM), presidente da Comiss�o Especial da Reforma da Previd�ncia, carrega nas costas, al�m da tensa e complicada dire��o dos trabalhos, duas tatuagens com forte significado. Na primeira, em cima, l�-se Carol. � como ele chama sua filha Maria Carolina, levada deste mundo quando era um beb� de tr�s meses, em fevereiro de 2004. "No pr�ximo novembro ela faria dezesseis anos", disse ao jornal O Estado de S. Paulo, com os olhos marejados, no sagu�o do hotel onde mora, em Bras�lia, na noite do �ltimo dia 10, uma friorenta segunda-feira.

� primeira men��o, feita pela reportagem, sobre o drama que marcou sua vida, Ramos emocionou-se, levantou a camisa azul e mostrou as "tattoos". No c�rculo com motivos ind�genas que rodeia o nome da filha, tamb�m est� gravado Gabriel, o filho mais velho, hoje com 22 anos e estudante de Direito.

Ele ainda tem Marcela e Jos� Umberto, filhos menores do atual casamento com Juliana. "S�o quatro filhos: uma no c�u e tr�s comigo", disse.

A segunda tatuagem, em nove linhas, � o poema "A janela encantada", do escritor amazonense Thiago de Mello.

O deputado o recitou de mem�ria: "A vida sempre foi boa comigo. Quando soube que o meu cora��o estava carregado de sombras, e que ele s� se alimentava de luz, fez abrir no meu peito uma janela encantada, para que por ela pudesse entrar o esplendor do orvalho, o fulgor das estrelas, e o irresist�vel arco-�ris do amor".

Recompondo a camisa, disse: "J� superei essa dor no meu cora��o. Fecho os olhos e s� lembro do sorriso da Carol, n�o do sofrimento".

Se algu�m quiser testar, � s� pedir que ele mostre a foto da beb�, risonha e gorducha. Ela morreu numa madrugada, depois de idas e vindas ao hospital, ap�s um diagn�stico tardio de meningite meningoc�cica tipo B - "avassaladora", para usar a palavra que o pai usou.

Ele processou o conv�nio de sa�de por erro m�dico, ganhou na primeira inst�ncia, e at� hoje espera o julgamento do recurso. De l� para c�, todos os anos, Maria Carolina � lembrada em textos que Ramos religiosamente escreve nos dias do anivers�rio e da trag�dia, encontr�veis na internet.

Escreve, tamb�m, sobre outra perda que o marcou - a do pai, por um enfarte fulminante, aos 39 anos, quando ele tinha 12, o mais velho de quatro irm�os. Um deles, Umberto Ramos Rodrigues, � delegado da Pol�cia Federal.

Reforma

Vida que segue, reforma da Previd�ncia que transita e centraliza as aten��es. "O governo me v� com bons olhos porque eu defendo a reforma", diz. "E a oposi��o me v� com bons olhos porque eu ataco o governo." Anti-Bolsonaro por excel�ncia - votou no petista Fernando Haddad no segundo turno da elei��o presidencial -, Ramos tem sido farto e contundente nas cr�ticas ao presidente. J� disse que ele n�o sabe o que � importante para o Pa�s e que n�o tem clareza das prioridades. "A hist�ria parlamentar do agora presidente Bolsonaro mostra que ele sempre teve pouco apre�o pela democracia e pelas institui��es", disse. "Defende a tortura e j� pediu v�rias vezes o fechamento do Congresso. S�o 28 anos de compromisso com o atraso."

A reforma da Previd�ncia que o presidente da Comiss�o Especial defende n�o � a que foi apresentada pelo ministro Paulo Guedes - mas a que est� passando pela "calibragem dos partidos de centro do Parlamento". Leia-se Centr�o - mas ele � outro dos que n�o gostam de usar a palavra maldita. "Se h� uma reforma em andamento � porque os partidos de centro t�m um compromisso com essa reforma, entendem que ela � necess�ria para o Pa�s andar pra frente, independentemente da incapacidade do governo de dialogar com o Parlamento."

Dos 45 anos que tem, Marcelo Ramos Rodrigues gastou ou investiu 16 no Partido Comunista do Brasil, o PCdoB. Entrou em 1993, como l�der estudantil, atuou intensamente como advogado trabalhista, foi assessor de Orlando Silva, igualmente do PCdoB, no Minist�rio do Esporte durante o primeiro governo Lula.

Duas vezes vereador e uma secret�rio dos Transportes do prefeito de Manaus, Serafim Correa (PSB), rompeu com o PCdoB amazonense em 2009. Rompimento pragm�tico, por quest�es pol�ticas locais, e n�o ideol�gicas. "Foi um porradal absurdo l� no Amazonas", resumiu o tamb�m praticante de Ironman, uma modalidade de triatlo com provas de longa dist�ncia, e ex-integrante da sele��o amazonense de v�lei.

Do outro lado estavam a depois senadora Vanessa Grazziotin (n�o reeleita) e o tamb�m dirigente Eron Bezerra. Queriam o mandato de vereador de volta para o PCdoB e abriram um tribunal de �tica para julgar o dissidente. "Tribunal de exce��o", ele diz. Livrou-se do julgamento interno, por decis�o judicial, depois de formalizar a desfilia��o.

Em 2010, j� no PSB, elegeu-se deputado estadual. Em 2014 saiu candidato a governador (ficou em terceiro lugar), e dois anos depois a prefeito de Manaus, j� no Partido da Rep�blica (hoje PL). Foi ao segundo turno, mas perdeu por uma diferen�a de 8% dos votos para o tucano Arthur Virg�lio Neto, reeleito. Sem mandato, voltou a dar aulas de Direito Constitucional na universidade e em cursinho preparat�rio para concursos.

Marx

A longa milit�ncia comunista deixou no hoje republicano-liberal Ramos Rodrigues ra�zes marxistas obtidas na leitura a s�rio de partes de O Capital, de tr�s livros seminais de L�nin - Que fazer; Esquerdismo, doen�a infantil do comunismo, e, principalmente, O Estado e a revolu��o - e de outros na mesma matriz. "Eu n�o sou inimigo do PCdoB nem acho que o comunismo tem que ser expurgado da humanidade", disse.

Ficou, da experi�ncia, a assertividade, o manejo seguro de reuni�es conturbadas, a cabe�a dura com as posi��es que toma, a forma beligerante e provocativa de atacar advers�rios. O da vez � o ministro da Justi�a e Seguran�a P�blica, S�rgio Moro. "Ele devia se afastar do cargo, para n�o atrapalhar a apura��o das conversas que lhe s�o atribu�das pelo The Intercept", disse. "Achei grav�ssimas."

Em 2017, nas elei��es suplementares para o governo do Amazonas, o advogado sem mandato tomou uma decis�o que o deixou "estra�alhado", como contou: a de ser candidato a vice-governador do hoje senador Eduardo Braga (MDB-AM). Perderam, no segundo turno, para Amazonino Mendes, do PDT. "O Eduardo era o pol�tico que eu mais atacava", afirmou. Embarcou na canoa porque o PR n�o lhe deu a legenda para sair candidato, explicou. "A omiss�o para mim n�o � uma hip�tese - e eu pago o pre�o das minhas escolhas. Essa me levou para o fundo do po�o. Foi o pior momento da minha vida p�blica." As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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