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Estado de Minas POL�TICA

Dela��o n�o cita entregas de R$ 14 milh�es da Odebrecht


postado em 08/07/2019 11:30

Arquivos da transportadora de valores usada pela Odebrecht para executar pagamentos il�citos a pol�ticos e agentes p�blicos na cidade de S�o Paulo indicam ao menos R$ 14 milh�es em entregas de dinheiro vinculadas a codinomes criados pela empreiteira que ainda n�o foram esclarecidos pelos delatores mais de dois anos ap�s o acordo de colabora��o premiada celebrado com o Minist�rio P�blico Federal (MPF).

A reportagem do jornal O Estado de S. Paulo confrontou os dados da planilha e do registro de conversas de Skype entregues por um ex-funcion�rio da Transnacional � Pol�cia Federal com a programa��o semanal de pagamentos feita pelo Setor de Opera��es Estruturadas da Odebrecht, o departamento de propina da empreiteira. As entregas abarcam um per�odo que vai de maio de 2013 a maio de 2015 e envolvem mais de R$ 200 milh�es em repasses.

Nos arquivos da transportadora aparecem, por exemplo, quatro pagamentos no valor total de R$ 2 milh�es a uma pessoa chamada Ademir Scarpin. As datas, valores e senhas coincidem com os pagamentos vinculados ao codinome "S�cio 1" na planilha da Odebrecht, que, por sua vez, est� relacionado � obra Blumenau. Os supostos pagamentos teriam ocorrido entre fevereiro e abril de 2014 em um pr�dio comercial na avenida Faria Lima, em Pinheiros.

Naquele per�odo, Scarpin era diretor financeiro da Engeform, empreiteira s�cia da Odebrecht em um cons�rcio de saneamento em Blumenau (SC). O codinome "S�cio 1" n�o foi identificado pelos ex-executivos da Odebrecht � �poca da dela��o e permanece misterioso. A reportagem procurou Scarpin por telefone em sua empresa de consultoria, deixou recado, mas n�o obteve retorno.

Ao todo, a reportagem identificou pagamentos vinculados a 22 codinomes ainda obscuros, como "Avesso", "Baba�u", "Crente", "Dr. Silvana" e "Leleco". O maior valor supostamente pago est� atrelado ao codinome "Pr�ncipe". Segundo a planilha da Transnacional, foram R$ 3,5 milh�es em entregas que teriam sido feitas a Marcelo Marques Casimiro, taxista de confian�a do publicit�rio Andr� Augusto Vieira, acusado de ser operador do ex-presidente da Petrobr�s e do Banco do Brasil Aldemir Bendine.

Casimiro j� foi apontado como portador da propina de R$ 3 milh�es que resultou na condena��o de Bendine a 11 anos de pris�o por corrup��o e lavagem de dinheiro, em mar�o de 2018. Neste caso, contudo, o codinome de Bendine na planilha da Odebrecht era "Cobra". Ele nega as acusa��es. A reportagem questionou a empreiteira quem s�o as pessoas relacionadas aos apelidos at� agora n�o esclarecidos, mas n�o obteve resposta.

A lista inclui ainda dois codinomes vinculados � Arena Corinthians, constru�da pela Odebrecht para a Copa de 2014: "Papai Noel" e "Azeitona". No primeiro caso, o suposto pagamento, no valor de R$ 500 mil, foi feito a uma pessoa chamada Erasmo em um apartamento nos Jardins. J� o segundo teria sido para Epaminondas. Nos dois casos, as identidades dos benefici�rios finais do dinheiro nunca foram reveladas pelos delatores ou divulgadas, j� que o inqu�rito sobre o est�dio corintiano sempre estava sob sigilo.

Esquema

A identifica��o dos codinomes � uma das obriga��es impostas pela Procuradoria-Geral da Rep�blica (PGR) no acordo de dela��o premiada fechado com 77 executivos da Odebrecht em dezembro de 2016. Na maioria dos casos, o apelido identifica o verdadeiro benefici�rio dos pagamentos de propina e caixa 2, enquanto que os nomes que aparecem nos arquivos da transportadora costumam ser os dos intermedi�rios encarregados de pegar o dinheiro para os pol�ticos.

A reportagem indagou a PGR se ela sabe a quem se referem os codinomes ainda n�o identificados, mas o �rg�o informou que n�o pode se manifestar sobre o assunto porque os acordos de colabora��o s�o sigilosos. Sempre que os investigadores da for�a-tarefa da Lava Jato esbarram em apelidos ainda desconhecidos em documentos da Odebrecht, como e-mails e planilhas, eles acionam o executivo respons�vel pela informa��o, que � obrigado a esclarecer o teor.

Dinheiro vivo

Lojas de artigos de papelaria, festas e brinquedos da Rua 25 de Mar�o, tradicional ponto de com�rcio popular no Centro de S�o Paulo, pequenas f�bricas de confec��o de roupas no bairro do Br�s, e a garagem de uma via��o de �nibus no Graja�, na zona sul paulistana.

Esses foram alguns dos 45 locais onde agentes da Transnacional, a transportadora de valores usada por doleiros para fazer os pagamentos il�citos da Odebrecht, iam buscar quase que diariamente malotes de dinheiro para atender a extensa demanda do departamento de propina da empreiteira no per�odo eleitoral.

O Estado publica nesta segunda-feira, 8, em seu site o especial multim�dia 'Odebrecht - O caminho do dinheiro', no qual refaz, a partir da an�lise de uma s�rie de documentos, mensagens, v�deos e �udios obtidos pela Opera��o Lava Jato, a rota da propina paga pela empreiteira em S�o Paulo a pessoas ligadas a pol�ticos e agentes p�blicos de todo o Pa�s.

A capta��o do dinheiro era operada pelos doleiros Cl�udio Barboza, ou "Tony", e Vin�cius Claret, o "Juca Bala", presos em 2017 e hoje colaboradores da Lava Jato, com o apoio do chin�s Wu Yu Sheng, o "Drag�o", reconhecido pela facilidade em coletar dinheiro com lojistas.

J� a distribui��o era coordenada pelo doleiro �lvaro Jos� Novis. Identificado como "Paulistinha" ou "Carioquinha" nas planilhas da Odebrecht, ele havia se especializado no servi�o operando o esquema do ex-governador S�rgio Cabral (MDB) no Rio, a partir de 2007.

Em 2017, quando foi preso pela segunda vez, fechou acordo de colabora��o no qual explicou a sistem�tica da distribui��o e forneceu um acervo de grava��es telef�nicas feitas com os recebedores do dinheiro que t�m ajudado os procuradores na obten��o de provas para oferecer den�ncias contra os pol�ticos delatados. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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