Se dependesse de Jos� Wilson Siqueira Campos, o Siqueir�o, um homem de pouco mais de 1,50 metro de altura, que completa 91 anos no pr�ximo m�s, a bandeira brasileira teria 50 estrelas. O pol�tico que fez greve de fome na Constituinte de 1988 para for�ar o desmembramento do norte de Goi�s e se tornou quatro vezes governador do Tocantins, assumiu, na semana passada, uma cadeira no Senado com um discurso em defesa de novos Estados. Ele entra na vaga como suplente do titular Eduardo Gomes (MDB), que se licenciou num acordo pol�tico para uma homenagem a um dos �ltimos coron�is da era desenvolvimentista.
O discurso de posse na ter�a-feira (16) de Siqueira Campos foi assistido por representantes da "nova pol�tica", como o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB). "N�s temos que criar mais, para ser razo�vel, tr�s Estados, para fazermos 30", pregou o mais velho pol�tico em atividade no plen�rio. "� pouco, � pouco! Agora, o ideal � ter 50 Estados."
Pelo acordo, Gomes vai ocupar por alguns meses uma secretaria no governo do Tocantins, administrado por Mauro Carlesse, do DEM. Siqueira Campos vai faturar R$ 33 mil por ajuda de custo para assumir o mandato e o mesmo valor a cada m�s que durar a homenagem, valor correspondente ao sal�rio de um senador.
Com ajuda de enfermeiros, Siqueira Campos circulou pelo Senado. "Vou aprender com ele", disse o senador Jorge Kajuru (PSB-GO). A senadora K�tia Abreu (PDT-TO) n�o compareceu, mas parabenizou no Twitter o "Siquerido do cora��o do Tocantins".
Nascido no Crato no tempo de Padre C�cero, Siqueira Campos chegou a Colinas (GO), hoje Colinas do Tocantins, onde come�ou a vida pol�tica. Em 1965, foi eleito vereador e depois engatou cinco mandatos de deputado federal (Arena, PDS e PFL) - passou ainda por PL e PSDB at� chegar ao DEM.
Na C�mara, colecionou pol�micas. Em 1977, liderou o Grupo de A��o Parlamentar (GAP), que defendia a candidatura � Presid�ncia do ent�o ministro do Ex�rcito, Sylvio Frota. Na redemocratiza��o, trocou ataques com o senador Jarbas Passarinho, ent�o l�der do PSD, a quem acusou de pertencer ao comunismo. Passarinho respondeu que Siqueira Campos era "insignificante" e n�o existia na "geografia" de suas "preocupa��es". Nos estertores do regime, defendeu no Col�gio Eleitoral Paulo Maluf na disputa com Tancredo Neves.
'Saudade'
A Assembleia Constituinte foi a virada. Siqueira Campos apoiou Ulysses Guimar�es, Humberto Lucena, Fernando Henrique Cardoso e Mario Covas em troca de assinaturas para desmembrar Goi�s. "Eu ando meio adoentado, mas, se estivesse em minha sa�de plena, estaria do mesmo jeito: emocionado e cheio de saudades, especialmente de Ulysses Guimar�es e Humberto Lucena", disse, com dificuldades. "Eles foram os fortes que me ajudaram na luta pela cria��o do Estado do Tocantins."
'Siqueirismo'
Inclu�do na Regi�o Norte para ganhar recursos de fundos da Amaz�nia, o Estado nasceu com 1,3 milh�o de habitantes - hoje, chega a 1,5 milh�o e praticamente dependente do governo federal. Na primeira elei��o, Siqueira Campos foi eleito governador pelo PDC.
F� de Juscelino Kubitschek, Siqueira Campos contratou Oscar Niemeyer para desenhar Palmas. Numa vers�o do cerrado do "carlismo" e do "sarneysismo", o "siqueirismo" ajeitou parentes e aliados em todas as esferas da administra��o p�blica. Siqueira Campos ganhou fama de "criador do Tocantins" e "pai do povo" com um discurso que misturava trechos b�blicos, nacionalismo e defesa do asfalto. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
POL�TICA