Choques ideol�gicos entre RenovaBR e partidos brasileiros � destaque no 'FT'

O jornal brit�nico de economia Financial Times trouxe nesta quarta-feira, 18, em sua vers�o online uma reportagem sobre os choques que come�aram a existir do RenovaBR e outros movimentos similares com os tradicionais partidos pol�ticos do Brasil. Como personagem condutor do texto foi escolhida a deputada Tabata Amaral, do Partido Democr�tico Trabalhista (PDT), denominada um "respiro de ar fresco" para muitos brasileiros moderados, exaustos pelas constantes controv�rsias em torno do presidente Jair Bolsonaro.

A publica��o descreveu que a parlamentar de 25 anos � formada em Harvard e emergiu nos �ltimos meses como uma estrela em ascens�o da pol�tica brasileira e um contraponto ao presidente. Explicou tamb�m que faz parte do RenovaBR, uma organiza��o que se autodenomina uma escola de treinamento apartid�ria, com o objetivo de criar uma nova gera��o de pol�ticos brasileiros �ticos, imaculados pela corrup��o e pelo sistema partid�rio c�nico brasileiro.

O FT identificou o movimento como "uma das for�as pol�ticas mais poderosas do Pa�s" desde que os esc�ndalos da Lava Jato abalaram o Brasil e prev� um desempenho "importante" nas elei��es municipais. Para o jornal, assim como Bolsonaro, o RenovaBR encontrou seu nicho aproveitando o desencanto dos brasileiros com a "velha pol�tica". Ao mesmo tempo, partidos tradicionais, como o PT e o PSDB, foram vencidos. Na sua primeira elei��o, o movimento elegeu 17 novos candidatos de v�rios partidos, com curr�culos acima da m�dia. Segundo o RenovaBR, houve o pedido de 31 mil inscri��es para seu programa de treinamento.

A crescente popularidade do grupo, no entanto, colocou-o em rota de colis�o com os partidos tradicionais, de acordo com o ve�culo brit�nico. Temem que os parlamentares eleitos com o apoio do RenovaBR sejam leais ao movimento, e n�o ao partido - uma preocupa��o ilustrada por Tabata. Ela ganhou destaque por sua defesa articulada da educa��o no momento em que o governo de Bolsonaro anunciava cortes. "Vinda de uma fam�lia pobre de uma favela de S�o Paulo, sua hist�ria falava das aspira��es dos brasileiros, dizem seus apoiadores. Mas Tabata votou a favor de uma contenciosa reforma previdenci�ria � qual seu partido e muitos brasileiros da classe trabalhadora se opuseram", comparou o di�rio.

Para analistas, o RenovaBR � apenas um dentre muitos grupos que buscam "novas pol�ticas" no Brasil ap�s a destrui��o causada pelo esc�ndalo da Lava Jato. Usando t�cnicas diferentes, Bolsonaro est� fazendo o mesmo, com suas constantes cr�ticas �s trocas de cavalos da "velha pol�tica" do Brasil.

Mas � medida que sua influ�ncia cresce, o RenovaBR � cada vez mais criticado, conforme o FT. Com o financiamento proveniente de empres�rios ricos, incluindo o bilion�rio su��o-brasileiro Jorge Paulo Lemann, cr�ticos questionam se os parlamentares que ele alimenta s�o aut�nomos em suas decis�es pol�ticas ou pertencem a seus "senhores corporativos". Em vez de renovar, eles temem que o RenovaBR seja mais um neg�cio no Brasil.

O fundador do movimento, Eduardo Mufarej, rejeita a ideia de que o RenovaBR busca influenciar o comportamento de voto dos eleitos sob seu guarda-chuva. Ele diz que o foco est� em instilar um senso de �tica pol�tica em uma na��o que se recupera da corrup��o.

Ap�s uma lucrativa carreira em private equity, Mufarej estabeleceu o RenovaBR em 2017, em meio �s consequ�ncias da Lava Jato, que implicou dezenas de pol�ticos e empres�rios entre os mais proeminentes do Brasil em acusa��es de corrup��o e lavagem de dinheiro. Ele argumentou que, inicialmente, queria promover mudan�as por meio de partidos tradicionais, mas rapidamente ficou desiludido com as regras e o comportamento j� arraigados.