
O assassinato da vereadora e de Anderson completa 600 dias nesta segunda, 4.
O of�cio dos parlamentares foi enviado no s�bado, 2, ao Minist�rio P�blico do Estado do Rio, ap�s Bolsonaro afirmar ter obtido os �udios de liga��es entre a portaria e as casas do condom�nio no Rio, antes que elas tivessem sido "adulteradas".
"N�s pegamos antes que fosse adulterado, pegamos l� toda a mem�ria da secret�ria eletr�nica, que � guardada h� mais de ano. A voz n�o � minha", afirmou Bolsonaro, que nega obstru��o de Justi�a.
Na avalia��o de Randolfe e Molon, a "apropria��o" do conte�do por Bolsonaro teria extrema "gravidade", assim como o acesso do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) �s grava��es.
O filho do presidente havia mostrado os arquivos em v�deo divulgado nas redes sociais e alegou que n�o havia registros da liga��o mencionada pelo porteiro � pol�cia. Segundo os l�deres da Oposi��o no Congresso, � "fundamental" investigar as condi��es de tal acesso.
"Os dados aos quais Carlos Bolsonaro teve acesso s�o resguardados por sigilo, por conterem informa��es relativas � privacidade dos demais cond�minos", escrevem os parlamentares.
Os l�deres haviam indicado que acionariam a Procuradoria-Geral da Rep�blica contra Bolsonaro, sob a alega��o de que o presidente cometeu "obstru��o de Justi�a", ao "ter se apropriado de provas relacionadas �s investiga��es do assassinato da vereadora Marielle Franco e Anderson Gomes".
No documento, os parlamentares tamb�m mencionam os recentes desdobramentos do caso Marielle, chamando aten��o para a per�cia dos �udios feita pela Promotoria do Rio. Os l�deres da oposi��o destacam que o procedimento foi feito pelo pr�prio Minist�rio P�blico, e n�o pelo Instituto de Criminal�stica Carlos �boli.
O jornal O Estado de S. Paulo havia mostrado que a per�cia foi finalizada em menos de duas horas e meia. Ao solicitar a per�cia, a promotoria tamb�m ignorou poss�veis adultera��es nos arquivos em si, como exclus�es ou renomea��es. Apenas os �udios de interfone foram periciados - a fim de atestar que foi Ronnie Lessa, n�o Bolsonaro, quem autorizou a entrada de Elcio Queiroz no condom�nio no dia do crime.
Na avalia��o de Randolfe e Molon, a per�cia teria sido realizada em circunst�ncias que "chamam a aten��o": "perguntas � per�cia teriam sido protocoladas �s 13h05 e a coletiva se iniciou �s 15h30; quesitos de uma per�cia de 3 meses de grava��o teriam sido respondidos em menos de 3 horas; t�cnicos n�o teriam tido acesso ao computador ou ao sistema, mas exclusivamente �s grava��es, o que impediria saber se arquivos foram adulterados ou renomeados".
Os parlamentares ainda completam: "N�o teria havido nem mesmo a confer�ncia da voz do porteiro."
O of�cio aponta que n�o houve apreens�o do sistema de �udio e do computador do Condom�nio Vivendas da Barra, por causa da cita��o ao nome do presidente, que det�m foro por prerrogativa de fun��o.
"Para se chegar � verdade real dos fatos, � necess�ria uma investiga��o criteriosa e baseada em provas sobre as quais n�o haja d�vidas. Os elementos acima suscitam as mais diversas indaga��es acerca das provas e das conclus�es a se tirar delas", escrevem os parlamentares.
No texto, Randolfe e Molon pedem ainda que seja garantida a possibilidade de nomea��o de assistente t�cnico pela fam�lia das v�timas.
Os �ltimos eventos no caso Marielle
A cita��o ao presidente no depoimento de um porteiro do condom�nio, revelada por reportagem do Jornal Nacional veiculada na ter�a-feira, 29, gerou diferentes desdobramentos na investiga��o do caso Marielle.
Segundo o porteiro, antes do assassinato da vereadora e do motorista, o ex-PM Elcio Queiroz, suspeito de participa��o no crime, teria dito que iria � casa 58 - que pertence ao presidente.
De acordo com depoimento, uma liga��o teria sido feita para a casa 58 e que "seu Jair" atendeu o telefone e autorizou a entrada. Ainda segundo o porteiro, Elcio Queiroz seguiu para a casa de Ronnie Lessa, outro suspeito do assassinato. No entanto, registros da C�mara dos Deputados mostram que, no dia do assassinato de Marielle, Bolsonaro estava em Bras�lia.
A cita��o provocou forte rea��o de Bolsonaro que, durante viagem ao Oriente M�dio, usou as redes sociais para rebater a acusa��o e anunciar que acionaria o ministro da Justi�a, Sergio Moro, para que a Pol�cia Federal realizasse uma nova oitiva com o porteiro.
Horas depois, Moro pediu � Procuradoria-Geral da Rep�blica que investigasse a "tentativa de envolvimento indevido" do nome de Bolsonaro na investiga��o. O pedido foi prontamente aceito por Aras.
No dia seguinte � reportagem, o Minist�rio P�blico do Rio, numa entrevista coletiva, afirmou que o porteiro mentiu no depoimento. Mais cedo, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente, que mostrou ter acesso aos arquivos indicando que n�o havia registros da liga��o mencionada pelo porteiro � pol�cia.
Ap�s a coletiva, foi revelado que uma das integrantes do MP que participaram da entrevista coletiva, Carmen Bastos de Carvalho, fez campanha para Bolsonaro, e, na sexta-feira, 1, diante da repercuss�o negativa, ela deixou as investiga��es da morte de Marielle e do motorista.