Pressionado pelo Congresso e sob fortes cr�ticas pela resposta enviesada sobre um "novo AI-5", o general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Seguran�a Institucional (GSI), disse ao jornal O Estado de S. Paulo que jamais pensou em resgatar esse ato da ditadura militar. Com o presidente da C�mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), apoiando a sua convoca��o para depor no plen�rio da Casa e explicar declara��es a respeito do AI-5, a grande preocupa��o do general foi n�o entrar em pol�micas: n�o comentou falas do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, mas defendeu a democracia, o Congresso e a Constitui��o. Defesa, inclusive, que ele fez numa mensagem de WhatsApp escrita para Maia, depois que o deputado o acusou de ser "auxiliar do radicalismo". Consultado, Maia primeiro desdenhou: "N�o li". Pouco depois, atualizou: "Li agora". E nada mais disse.
Como o sr. reage � manifesta��o do presidente da C�mara, Rodrigo Maia, que o acusou de ter virado "um auxiliar do radicalismo" do Olavo de Carvalho?
Eu tenho um �timo relacionamento com o deputado Rodrigo Maia. N�o sei quem colocou na cabe�a dele que sofro algum tipo de influ�ncia do sr. Olavo de Carvalho. Isso n�o � verdade, de jeito nenhum. Falei com esse sr. pouqu�ssimas vezes, uma delas num jantar em Washington, e acho que se eu o encontrar por a� nem vou reconhecer. Al�m disso, sempre fui independente e muito cioso das minhas convic��es.
Que convic��es s�o essas?
O Brasil precisa aperfei�oar o regime democr�tico, cultuar os s�mbolos indeclin�veis da democracia. Portanto, fui surpreendido com a distor��o sobre minha posi��o sobre o AI-5.
O sr. n�o disse ao jornal O Estado de S. Paulo, por telefone, que se o deputado Eduardo Bolsonaro falou na possibilidade de um novo AI-5, tinha de "estudar como fazer, como vai conduzir"?
Jamais pensei em resgatar o AI-5 nos atuais tempos do Brasil. O AI-5 foi instrumento do passado, que tem de ser vinculado �quela �poca. N�o tem o menor sentido pensar que ele possa ser aplicado, com ou sem modifica��es, nos dias de hoje.
Ent�o, como o sr. efetivamente v� a declara��o do deputado?
Bem, o pr�prio deputado Eduardo Bolsonaro j� voltou atr�s. Ponto.
Mas ele falou. Por que?
Sei l�. Eu tinha acabado de chegar de uma viagem longa, cansativa. N�o sei se algu�m soprou aquilo para ele, se ele exagerou, se falou s� porque foi o que chegou � cabe�a dele naquele momento. N�o sei.
E por que o sr. admitiu "estudar como fazer?"
A primeira coisa que eu falei foi: AI-5? Tem que fazer muito estudo, passar por muita coisa... E n�o era uma entrevista, era s� uma conversa em "off", como voc�s dizem (A entrevista, no entanto, foi gravada e o ministro autorizou a publica��o).
H� o risco de as manifesta��es do Chile se repetirem aqui no Brasil, com aquela gravidade?
N�o, porque o Brasil est� dando certo. Apesar de todo o esfor�o para demonstrar o contr�rio, os n�meros comprovam que estamos dando e vamos dar certo. Contra fatos e n�meros, n�o h� argumentos.
E se houver manifesta��es?
N�s temos instrumentos legais, previstos pela Constitui��o: PMs, For�a Nacional de Seguran�a P�blica, PF, PRF, est� tudo l� no artigo 144. Se eles se esgotarem, temos a Garantia da Lei e da Ordem (GLO, com uso das For�as Armadas em situa��es espec�ficas e emergenciais), que � absolutamente legal e democr�tica.
Como vai ficar sua rela��o com Rodrigo Maia?
N�o sei. Mandei mensagem para ele ontem (segunda-feira), dizendo que n�o tenho afei��o nem saudade do AI-5. Nunca pensei nisso e considero o Congresso indispens�vel e incontorn�vel como instrumento fundamental da democracia.
Mas o sr. acusa, na entrevista, que h� muita lentid�o nas decis�es do Congresso...
N�o sou s� eu. Grande parte dos brasileiros acha que a situa��o exige emerg�ncia, celeridade na aprova��o de projetos indispens�veis para sairmos da estagna��o em que fomos colocados em governos anteriores. Mas, de outro lado, entendo que (essa lentid�o) � parte do processo democr�tico.
O sr. foi, inclusive, assessor parlamentar.
Fui s� por uns tr�s meses, na equipe do general Le�nidas Pires Gon�alves (ministro do Ex�rcito no governo Sarney, antes da cria��o do Minist�rio da Defesa), mas hoje tenho contato todos os dias com congressistas.
O sr. est� preparado para ser convocado pelo Congresso e explicar sua posi��o sobre o AI-5?
Eu me surpreendi quando soube. Ali�s, todas essas manifesta��es est�o me surpreendendo, porque fogem ao que eu penso e a tudo o que preguei at� hoje.
Qual o foco de seu depoimento, caso convocado?
Que n�o tem outra sa�da fora da democracia.
E o processo contra Eduardo Bolsonaro no Conselho de �tica da C�mara?
N�o vou comentar. N�o tenho nada a ver com isso. Isso � l� com eles, no Congresso.
Os sistem�ticos atritos, confus�es e problemas que os filhos do presidente Jair Bolsonaro causam ao governo incomodam?
Eles s�o maiores de idade, t�m opini�o pr�pria. N�o me cabe comentar.
A informa��o do jornal O Globo de que o �udio do condom�nio do presidente era de outro porteiro, n�o do que falou da casa dele, gera tens�o? Causa mais uma reviravolta no caso?
Nem vi e nem sei mais o que � verdade e o que � inventado.
Por que o general Santa Rosa pediu demiss�o da Secretaria de Assuntos Estrat�gicos?
N�o conversei com ele nem sei o que houve. Na verdade, n�o encontro com ele faz uns tr�s m�s, deve ser porque a sala dele ficava no anexo do Planalto.
� o quinto general a sair do governo, por demiss�o ou vontade. Isso n�o causa desconforto nas For�as Armadas?
Essa sua conta n�o faz o menor sentido. � como contar quantos brancos e negros entraram no Flamengo. N�o tem grupo militar no Planalto. Sai um, entra outro. S�o cidad�os recrutados para trabalhar pelo Pa�s, como qualquer civil.
Setores das For�as Armadas se preocupam com a possibilidade de o presidente aderir a uma legenda chamada Partido Militar Brasileiro, o que poderia contaminar politicamente os comandos e quart�is. O sr. acha natural?
Nunca ouvi o presidente falar nisso. H� algo concreto?
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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