
Candidato derrotado na corrida presidencial de 2018, o l�der do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), Guilherme Boulos, reafirmou nesta segunda-feira, 25, suas cr�ticas � Opera��o Lava-Jato, mas acrescentou n�o ter d�vidas de que houve pr�ticas corruptas no governo petista.
Filiado ao PSOL, Boulos participa do semin�rio "Impactos Jur�dicos da Lava-Jato" organizado pela Trevisan Escola de Neg�cios e pelo Instituto para Reformas das Rela��es entre Estado e Empresas (IREE), em S�o Paulo.
"Um dos poucos consensos que temos hoje na pol�tica brasileira � o de que a Lava-Jato foi decisiva, do ponto de vista pol�tico, para o resultado da elei��o do ano passado. O presidente Bolsonaro, ali�s, reconheceu isso recentemente, ao dizer que n�o teria sido eleito se n�o fosse a Lava-Jato e o trabalho do juiz S�rgio Moro. E n�s da esquerda temos exatamente esta mesma leitura", disse Boulos a uma plateia de ju�zes, desembargadores, advogados e estudantes de direito da Trevisan.
Para Boulos, a Lava-Jato, enquanto fen�meno pol�tico, n�o foi criada pelo agora ministro S�rgio Moro, nem em 2014. A opera��o, segundo Boulos, � herdeira de um fen�meno pol�tico e midi�tico no Brasil que, se tiver um pai, n�o � o ex-juiz Moro, nem mesmo os procuradores.
"Se a Opera��o Lava-Jato tiver um pai � Carlos Lacerda, porque o impacto pol�tico da Lava-Jato � a reedi��o do organismo que traz, nos v�rios momentos da hist�ria brasileira, um tema de combate � corrup��o como um enfrentamento pol�tico", disse Boulos, lembrando que no segundo mandato de Get�lio Vargas, em 1953, Carlos Lacerda, a partir de esc�ndalos corriqueiros � pol�tica brasileira, entre os quais a irregularidade em concess�es de casas lot�ricas, cunhou a express�o "mar de lama".
"� um tema que se usa at� hoje e serviu para dizer que o governo de Get�lio Vargas era uma corrup��o s�", criticou Boulos. Isso, acrescentou, reapareceu no governo de Juscelino que, coincidentemente, foi acusado por ter recebido um tr�plex em Ipanema, no Rio, supostamente pago por empreiteiras e por palestras que teria feito no exterior e n�o declarado ao fisco.
Mas, de acordo com Boulos, est� claro que o sistema pol�tico brasileiro chegou ao limite. "� evidente que � um sistema que reproduz estruturalmente pr�ticas corruptas. � evidente que nos governos do PT, apesar das importantes pol�ticas sociais que fizeram e que, na minha opini�o, foi justamente por elas que o PT foi alvo de devassa, houve sim casos de corrup��o. � evidente que houve casos de corrup��o na Petrobras, gente que cometeu erros importantes", disse o l�der do MTST.
Ele citou as leis que foram aprovadas no in�cio de 2013 "que permitiram uma viola��o grave do direito de defesa, de garantias constitucionais, a Lei das Organiza��es Criminosas, a pr�pria abstra��o em torno de como praticar a dela��o premiada a ponto de poder ser uma chantagem, como foi praticada frequentemente pela Opera��o Lava-Jato".
Boulos reconhece que o Brasil tem problemas e a Lava-Jato n�o surgiu apenas como opera��o com objetivos pol�ticos. "Do meu ponto de vista, a solu��o para esse problema n�o � uma opera��o espetacular, n�o � uma opera��o que personalize o tema da corrup��o atrav�s de um politivismo estreito que s� atende �s fogueiras de uma certa opini�o p�blica estimulada. Opini�o p�blica, vamos combinar, n�o � um termo neutro", disse, parafraseando Mill�r Fernandes, segundo o qual "opini�o p�blica � a opini�o publicada".