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Estado de Minas POL�TICA

Antes da demiss�o, Roberto Alvim estava sorridente


postado em 18/01/2020 07:31

"Chegou bem no dia em que o pau t� quebrando, n�? Chegou no dia 'D'", disse o dramaturgo Roberto Alvim ao receber o jornal O Estado de S. Paulo, ontem, para uma entrevista, quatro horas antes de sua demiss�o.

Sobre sua mesa, al�m de uma cruz da Regi�o das Miss�es (RS) e de um frasco de �gua benta, o ent�o secret�rio exibia um boneco armado do "Doutrinador", personagem que assassina pol�ticos acusados de corrup��o em uma hist�ria em quadrinhos que virou filme.

"Ele matou o Lula num quadrinho", informou Alvim, emendando com uma longa risada, numa refer�ncia ao ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva. O boneco custa cerca de R$ 90 em lojas virtuais. Uma delas o descreve como "um anti-her�i genuinamente brasileiro", que escolheu "combater a roubalheira da elite pol�tica de uma forma radical: aniquilando os maus pol�ticos, ca�ando corruptos de todas as matizes ideol�gicas".

At� ent�o sorridente e mantendo um tom confiante, Alvim acreditava que n�o seria demitido porque Bolsonaro havia garantido sua perman�ncia na equipe. "Conversei com o presidente hoje (ontem) de manh�. Ele se convenceu plenamente do que falei. Ele sabe, me conhece. Sabe que minhas inten��es s�o absolutamente nobres nesse campo", disse Alvim.

Ap�s repercuss�o da entrevista ao Estad�o, Alvim cancelou as agendas que restavam no dia. Foi ao Pal�cio do Planalto e colocou o cargo � disposi��o. Horas depois, uma nota da Presid�ncia confirmaria a demiss�o. "A filia��o de Joseph Goebbels com a arte cl�ssica e com o nacionalismo em arte � semelhante � minha e n�o se pode depreender da� uma concord�ncia minha com toda a parte esp�ria do ideal nazista", afirmou. "Gravou essa p*?", emendou ele, ao cobrar, com um palavr�o, que a frase fosse inclu�da na reportagem.

Alvim disse n�o saber quem havia inclu�do a adapta��o da frase nazista no seu discurso, mas avisou que n�o faria uma "ca�a �s bruxas" para encontrar um culpado. Afirmou, ainda, que um trecho pode ter sido inspirado na declara��o nazista sem que ele soubesse.

Ao jornal, Alvim destacou que o Pr�mio Nacional das Artes, iniciativa que distribuiria cerca de R$ 20 milh�es, seria o come�o da "refunda��o" da cultura brasileira, baseada em conceitos conservadores de artes, mas sob a promessa de n�o promover bandeiras da direita pol�tica. �quela altura ainda fazendo planos, o ent�o secret�rio afirmou torcer para que a popula��o, num futuro breve, consumisse obras cl�ssicas em massa. O cen�rio idealizado n�o impediria a reprodu��o do funk ou hip hop, apesar de ele "abominar" os ritmos. "Agora, nada impede que se crie uma m�sica com a batida do funk e que seja uma m�sica interessante em alguns sentido est�tico, embora eu ache muito complicado."

Indica��o

O dramaturgo foi nomeado como secret�rio de Cultura em novembro, semanas ap�s ofender a atriz Fernanda Montenegro nas redes sociais. Mas ele j� estava no governo desde junho como diretor da Funda��o Nacional das Artes (Funarte). Foi o terceiro nome a ocupar o cargo em cinco meses. O primeiro, Henrique Pires, deixou a secretaria em agosto, acusando o governo de censurar obras LGBT. O economista Ricardo Braga, por sua vez, ficou apenas dois meses e foi transferido para uma secretaria no Minist�rio da Educa��o.

Na curta passagem pelo cargo, Alvim ganhou a briga com os ministros da Cidadania, Osmar Terra (MDB), e do Turismo, Marcelo �lvaro Ant�nio (PSL), ao receber aval de Bolsonaro para nomear quem quisesse. � �poca, o presidente chegou a mudar a estrutura da Esplanada para retirar a secretaria de Alvim do guarda-chuva de Terra e evitar atritos entre os dois. No dia anterior, ele havia sido elogiado pelo presidente. A repercuss�o negativa sobre a frase adaptada do nazismo fez Alvim virar alvo at� mesmo do escritor Olavo de Carvalho, guru do bolsonarismo.

Trabalho

Como dramaturgo, ele dirigiu por tr�s d�cadas pe�as de sucesso de cr�tica, mas disse ter mudado radicalmente de perfil pol�tico ap�s se curar de uma grave doen�a, por meio de ora��es. "� uma mudan�a espiritual, de posicionamento existencial radical". Alvim surpreendeu a classe art�stica ao declarar voto em Bolsonaro em 2018, ap�s o atentado a faca sofrido pelo ent�o candidato do PSL ao Pal�cio do Planalto. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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