
Reginaldo Mouta Carvalho, dono do supermercado Carvalho, afirmou � Pol�cia Federal (PF) que, a pedido do executivo da J&F Joesley Batista, entregou malas de R$ 5 milh�es ao irm�o do senador Ciro Nogueira (PP). O depoimento foi prestado em fevereiro de 2019 e reiterado em abril do mesmo ano, na Opera��o Compensa��o, que mira na suposta compra do apoio do PP � reelei��o da ex-presidente Dilma Rousseff com R$ 42 milh�es da holding.
O parlamentar e outros investigados foram alvos de busca e apreens�o em fevereiro passado, em a��o autorizada pela ministra do Supremo Tribunal Federal Rosa Weber. A dela��o dos executivos da J&F detalha supostos repasses a partidos para garantir o apoio � reelei��o da petista. Ao MDB, teriam sido R$ 40 milh�es, investigados no �mbito da Opera��o Alaska, que mirou Renan Calheiros e Eduardo Braga. A Opera��o Compensa��o mirava somente os repasses aos progressistas.
De acordo com Joesley, a maior parte dos R$ 42 milh�es foi repassada por meio de doa��es oficiais ao partido. No entanto, ainda restaria a cifra que teria sido viabilizada por meio de um supermercado que tinha contratos com o Grupo.
Na data da opera��o, a PF j� tinha em m�os relat�rios do fisco que mostravam que as empresas e familiares de Nogueira - que foi presidente do PP - movimentaram mais de R$ 5 milh�es "sem comprova��o de origem, o que constituiria mecanismo de oculta��o e dissimula��o da origem e propriedade destes valores".
No dia em que foi deflagrada a Compensa��o, Reginaldo Mouta prestou esclarecimentos. Seu depoimento � corroborado por uma planilha que o tesoureiro do supermercado, Gilson de Oliveira apresentou � PF para mostrar as datas de pagamentos. Os depoimentos foram juntados aos autos no dia 14 de janeiro de 2020, quando o subprocurador-geral Jos� Adonis pediu mais 60 dias para concluir as investiga��es.
Mouta afirmou aos federais que "os valores constantes da planilha foram compensados e descontados dos valores efetivamente devidos pelo Comercial Carvalho � empresa J&B, em raz�o do fornecimento de produtos faturados, conforme informado � Receita Federal" e que "a ordem para efetuar o pagamento no valor total de R$ 5.000.000,00 foi dada diretamente por Joesley Batista em uma �nica ocasi�o, por�m foi executada em diversas parcelas, conforme o vencimento das faturas'
O empres�rio ainda disse que "Gustavo (Nogueira) recebeu a planilha com os vencimentos e valores a receber diretamente na Tesouraria do Grupo Carvalho sediada na BR 343, em frente ao Conjunto Tancredo Neves' e que 'as primeiras parcelas, n�o sabe precisar quantas, foram pagas em m�os pelo declarante � Gustavo Nogueira'
Segundo ele "estava ajustado para que Gustavo Nogueira telefonasse antes para ajustar hor�rio e o dinheiro repassado era proveniente da tesouraria central, a qual concentrava os valores recolhidos dos caixas dos supermercados"
O empres�rio ainda completou que "o dinheiro era acondicionado em mochila pelo pr�prio Gustavo Nogueira ap�s confer�ncia" e que "nas ocasi�es em que fez o pagamento, Gustavo Nogueira compareceu sozinho".
Em depoimento, Gustavo e Ciro Nogueira negaram os repasses e recha�aram a planilha de repasses. Eles apontaram uma contradi��o no depoimento do empres�rio. Os irm�os afirmam que Mouta mentiu ao dizer que n�o tem proximidade com eles e afirmaram que eles t�m rela��es h� anos.
O senador afirmou que Reginaldo passa por "dificuldades financeiras graves sendo que a Comercial Carvalho est� passando por uma crise econ�mica em virtude de brigas envolvendo o pr�prio Reginaldo e sua ex-esposa". "Sabe dizer tamb�m que Reginaldo Mouta Carvalho sempre manifestou um apre�o muito grande por Joesley Batista, dizendo que o grupo J&S � uma das principais �ncoras da Comercial Carvalho e sem ele provavelmente a empresa fecharia".
Ciro afirma que Reginaldo "passou a entender que Reginaldo possui uma depend�ncia muito grande de Joesley Batista, podendo esse ser um dos motivos pelos quais Reginaldo Carvalho teria assumido essa vers�o sobre o repasse de dinheiro para ele".
J� Gustavo Nogueira n�o apenas negou os repasses como disse ter tido rela��o de amizade com Mouta. Afirmou que o relacionamento durou mais de dez anos e que chegou a ir a S�o Paulo assistir uma corrida de F�rmula 1 com o dono do supermercado.
Chamado a depor novamente, e questionado sobre as declara��es dos irm�os, Mouta afirmou que nunca assistiu corrida de Formula 1, e chegou a ir a S�o Paulo, onde viu uma corrida de kart. Tamb�m disse que n�o tinha amizade com os irm�os Nogueira, mas que chegou a ter com Gustavo conversas relacionadas � venda de im�veis que nunca teriam ocorrido. O empres�rio voltou a afirmar que fez os repasses de dinheiro ao irm�o do senador.