O ex-governador do Rio Luiz Fernando Pez�o (MDB) prestou na tarde desta segunda-feira, 3, seu primeiro depoimento desde que foi preso, em novembro de 2018 - ele foi solto em dezembro de 2019 por decis�o do Superior Tribunal de Justi�a (STJ). O emedebista negou as acusa��es �s quais responde. Antes de responder aos questionamentos do juiz Marcelo Bretas, Pez�o pediu para desabafar. "Estou h� 14 meses esperando para falar", explicou o ex-governador. "Fui preso sem ter direito a falar."
No mon�logo inicial de Pez�o, as principais cr�ticas reca�ram sobre seu ex-aliado e tamb�m ex-governador S�rgio Cabral, que dep�s antes dele e o acusou de participar da estrutura��o do esquema de propina no governo estadual "desde o primeiro instante", ou seja, desde a elei��o que levou Cabral ao Pal�cio Guanabara, em 2007.
Irritado com o ex-aliado, Pez�o criticou a mudan�a de vers�es dadas por ele em seus interrogat�rios - citou, por exemplo, valores diferentes mencionados em depoimentos distintos.
Pez�o levou para a sala de audi�ncias da 7� Vara Federal Criminal seu passaporte, a fim de mostrar que estava na It�lia num dia em que o delator S�rgio de Castro Oliveira (Serj�o), ex-operador de Cabral, teria lhe dado propina em m�os no Rio. O ex-governador disse acreditar que h� uma conspira��o por parte de Cabral, Serj�o e outros dois delatores a fim de o prejudicar.
"Acho que � uma dela��o combinada entre os quatro para ganhar benef�cio, e eu sou o �nico que restou aqui. N�o sei qual � a m�goa, a tristeza, a frustra��o que eles t�m", comentou.
O ex-governador negou diversas acusa��es feitas contra ele. Entre elas est�o a suposta mesada de R$ 150 mil que receberia quando era vice-governador e secret�rio de Obras, e tamb�m propinas pagas pela Fetranspor. "Eu estou abismado e perplexo com a criatividade deles. Porque dizer que entregou dinheiro na minha m�o no Pal�cio � muito f�cil, eu n�o tenho nem como rebater."
Ex-governador desabafa sobre pris�o: Aterrorizante
Uma das cenas mais simb�licas da Lava Jato do Rio, a pris�o de Pez�o se deu em pleno Pal�cio Guanabara, faltando pouco mais de um m�s para o fim de seu mandato. No depoimento a Bretas, o ex-governador fez quest�o de criticar o que classificou como um "quadro aterrorizante".
"Eu fui tirado de dentro do Pal�cio Laranjeiras de uma maneira muito violenta. N�o esperava, faltando 33 dias para acabar o governo, sofrer o que eu sofri, depois de ter vivenciado a maior crise do Estado, de ter sido o �nico Estado a fazer sua recupera��o fiscal no Pa�s, sair daquela maneira: precisar entrar seis pessoas de fuzis, quatro mulheres com armas apontadas para mim e minha esposa. Achei uma viol�ncia muito grande", falou Pez�o, com o tom de voz elevado.
A entona��o dele fez com que os procuradores do Minist�rio P�blico presentes na audi�ncia pedissem mais detalhes. Perguntaram, especificamente, sobre os "fuzis apontados para a cabe�a". Pez�o, ent�o, continuou: "Achei uma viol�ncia muito grande. Cad� as joias?, Cad� o cofre?, puxando os vestidos da minha mulher, terno. Sinceramente, acho que n�o precisava. Fuzis apontados para tudo que � lado, para minha cabe�a tamb�m. Eu estou (estava) deitado. � muito violento, acho que n�o precisa tirar um governador de Estado assim dessa maneira."
Questionado se tem dinheiro guardado - outra acusa��o feita por Cabral pouco antes -, Pez�o disse que seu �nico bem � um apartamento e a casa em que mora com a esposa. "Estou esperando minha aposentadoria do INSS sair h� 19 meses. Esse � o dinheiro que eu vou ter", afirmou.
Ap�s o interrogat�rio, Pez�o falou com a imprensa na entrada do pr�dio da Justi�a Federal, no centro do Rio. Al�m de refor�ar sua inoc�ncia e de criticar novamente o modo como se deu sua deten��o, o ex-governador disse que o per�odo na pris�o "acabou" com a vida de sua fam�lia.
"Per�odo muito dif�cil, injusto, mas gra�as a Deus eu tenho muita f�, muita resili�ncia. A pris�o n�o � lugar para voc� ficar nem um dia. Eu fiquei 1 ano e 12 dias l� dentro, ent�o eu sei o que sofri. E o pior: a gente est� num momento em que os pol�ticos est�o jogados todos na mesma vala comum, a gente est� acostumado. Pior � para a minha fam�lia. Acaba com a vida da fam�lia."
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