Nos EUA, Eduardo Bolsonaro estreita la�os com a extrema-direita

Antes da chegada do presidente Jair Bolsonaro aos Estados Unidos, na semana passada, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) manteve compromissos naquele pa�s para estreitar rela��es com personalidades da extrema-direita norte-americana, destaca o jornal O Estado de S. Paulo. Entre os l�deres com os quais o filho "03" de Bolsonaro se encontrou estavam pol�ticos conhecidos pelo uso de teorias conspirat�rias para prejudicar advers�rios e por campanhas eleitorais respaldadas por apoiadores racistas e radicais nacionalistas.

Nos Estados Unidos, Eduardo - que chegou a ser cotado para assumir o cargo de embaixador do Brasil em Washington - se encontrou com a comitiva presidencial brasileira dez dias depois de sua primeira agenda na capital americana.

Al�m de ir � Confer�ncia de A��o Pol�tica Conservadora, evento no qual fez cr�ticas � imprensa e ao socialismo e defendeu o acesso a armas, o deputado do PSL participou de um encontro paralelo, promovido por um grupo de republicanos alinhados ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Todos os eventos s�o favor�veis a uma "vis�o conservadora para o s�culo 21", conectada com o "esp�rito" da campanha de 2016 do magnata.

Os cicerones do "03" nessa agenda do Republicanos pela Renova��o Nacional, em Washington, foram dois pol�micos �cones da extrema-direita. Um deles � Corey Stewart, um trumpista da Virg�nia que concorreu ao Senado, em 2018, e teve como um de seus mais emblem�ticos apoiadores o militante Jason Kessler, organizador da manifesta��o "Unir a Direita", que reuniu "supremacistas brancos" e neonazistas com bandeiras de su�sticas em Charlottesville, em 2017.

Convocado para defender a perman�ncia de uma est�tua do controverso general Robert Lee no centro da cidade, o ato terminou com um dos manifestantes jogando o carro contra o grupo que queria a retirada da imagem. Uma mulher morreu e v�rias pessoas ficaram feridas. Mais tarde, um declarado apoiador de ideias neonazistas foi condenado pelo atropelamento.

Aliado de Stewart, Kessler chegou a se referir � v�tima como uma "comunista gorda e nojenta". Embora o desfecho tr�gico tenha provocado como��o na Virg�nia, unindo republicanos e democratas moderados, Stewart manteve o enfrentamento. "As pessoas condenaram aqueles agitadores de extrema-direita, mas ningu�m parece condenar a esquerda. Claramente, metade daquela viol�ncia foi praticada pelos esquerdistas", disse ele, na ocasi�o, a uma r�dio de Washington.

Com forte agenda anti-imigra��o, Stewart - que fez palestras com Eduardo no evento - � visto com ressalvas at� no meio republicano. "Se quisermos continuar com o legado de nosso partido, fundado sob a ideia de acabar com a escravid�o, devemos rejeitar a mensagem destinada � supremacia branca, antissemita e racista de Corey Stewart", afirmou o correligion�rio Nick Freitas.

Vieram � tona, ainda, manifesta��es de apre�o trocadas entre Stewart e Paul Nehlen, um republicano do Estado de Wisconsin que foi banido do Twitter por coment�rios considerados racistas contra Meghan Markle, mulher do pr�ncipe Harry. Nehlen tamb�m � acusado por judeus de fazer posts de teor antissemita.

O outro l�der conservador que acolheu Eduardo na viagem do deputado foi Paul Gosar, deputado do Arizona. Os nomes dos dois apareciam em destaque no an�ncio oficial do evento do grupo Republicanos pela Renova��o Nacional.

Antissemita

Com a press�o por uma autocr�tica da extrema-direita, Gosar passou a avalizar a teoria conspirat�ria de que a manifesta��o havia sido preparada por simpatizante do ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama e financiada pelo h�ngaro George Soros. Ele tamb�m disse que o bilion�rio progressista e judeu, que viu a chegada das tropas de Adolf Hitler � Hungria, entregou seu pr�prio povo aos nazistas.

O evento Republicanos pela Renova��o Nacional foi discreto e reuniu um p�blico reduzido, com portas fechadas � imprensa. Um dos que estiveram ao lado do brasileiro na mesa de debates foi o jovem deputado sueco Tobias Andersson, de 23 anos. O parlamentar provocou pol�mica na Inglaterra ao dizer, em evento com conservadores ingleses, que n�o havia viajado ao pa�s para roubar, ocupar casas ou atacar mulheres, porque estrangeiros j� faziam aquilo.

Eduardo, Stewart e Gosar t�m ao menos uma coisa em comum: o interesse na populariza��o do acesso a armas de fogo. Os dois americanos foram formalmente apoiados pela Associa��o Nacional do Rifle (NRA). A entidade foi uma das patrocinadoras da Confer�ncia de A��o Pol�tica Conservadora.

Durante o roteiro com pol�ticos conservadores, Eduardo concedeu uma s�rie de entrevistas. Uma delas foi para Alex Jones, de quem o brasileiro se definiu como "um grande f�". Jones � um dos mais c�lebres propagadores de teorias conspirat�rias nos EUA, atividade que lhe rende processos e san��es. O site dele, o Infowars, j� foi banido de plataformas como Google, Facebook e Spotify por ter conte�do considerado de �dio. Entre as teorias falsas que criou ou ajudou a viralizar est� a de que o governo lan�a produtos qu�micos na �gua para transformar as pessoas em homossexuais.

"Voc� n�o sabe, mas uns anos atr�s eu enviei um e-mail para voc� para tentar ser o cara da Infowars no Brasil", disse Eduardo na entrevista, reproduzida nas redes sociais do filho do presidente. "Temos que estar conectados um ao outro para combater essa era de fake news", emendou o deputado.

O Estado procurou Eduardo Bolsonaro por meio do gabinete. Ao ser informado do teor da reportagem, um assessor disse que n�o receberia a demanda.