M�dico ortopedista, o ministro da Sa�de, Luiz Henrique Mandetta, de 55 anos, vivia corrigindo a postura de seus colegas na C�mara, quando era deputado. Foi em uma dessas ocasi�es que ele se aproximou do capit�o reformado do Ex�rcito Jair Bolsonaro, � �poca tamb�m deputado. Bolsonaro e Mandetta, que j� trabalhou como m�dico militar tenente no Hospital Geral do Ex�rcito, se uniram na oposi��o ao governo Dilma Rousseff (PT) - o hoje ministro foi contra o programa Mais M�dicos e defende a revalida��o de diplomas para profissionais estrangeiros.
Com a crise do coronav�rus, o ministro filiado ao DEM do Mato Grosso do Sul vem ganhando holofotes e tem despertado ci�mes no Pal�cio do Planalto. Pesquisas e monitoramentos de redes sociais indicam que Bolsonaro perdeu popularidade ap�s o avan�o da doen�a, enquanto Mandetta ganhou.
No domingo, o titular da Sa�de provocou pol�mica ao sugerir o adiamento das elei��es de outubro. No Congresso, a proposta dividiu deputados e senadores, mas o fato � que Mandetta tocou em um tema j� tratado nos bastidores pelas c�pulas dos partidos.
Ao contr�rio dos tempos de Congresso, quando tinham afinidade na oposi��o ao PT, Bolsonaro e Mandetta, agora, parecem bater cabe�a. Na sexta-feira, enquanto o presidente falava em "gripezinha", o ministro previa um "colapso" no sistema de sa�de no final de abril.
Bolsonaro tem se queixado de que, muitas vezes, o discurso de Mandetta provoca p�nico na popula��o e cobra a mudan�a de tom. Preocupado com o reflexo da crise na economia e, como consequ�ncia, na sua popularidade, o presidente quer que Mandetta e outros auxiliares fa�am pronunciamentos mais otimistas, dizendo que o Brasil tem uma economia s�lida.
Na pr�tica, at� a eclos�o da pandemia, o ministro da Sa�de estava escanteado na equipe e sempre sa�a pela tangente quando abordado sobre assuntos pol�micos, como a pauta de costumes. Trata-se de uma estrat�gia que n�o garante pontos com Bolsonaro, j� que o presidente prefere perfis que partem para o enfrentamento pol�tico.
No fim do ano passado, Mandetta chegou a dizer a colegas da C�mara que se candidataria a prefeito de Campo Grande (MS). A conversa foi vista como uma forma honrosa de sair do cargo, evitando o desgaste de uma demiss�o.
Recentemente, por�m, ele disse a aliados que desistiu do plano e h� quem diga que ele esteja almejando voos mais altos, como o governo do Mato Grosso do Sul, em 2022.
No Minist�rio da Sa�de, Mandetta mudou de perfil: baixou o tom de cr�ticas ao Mais M�dicos - programa ainda ativo na sua gest�o - e ganhou status de voz ponderada no governo.
Ele come�ou a carreira pol�tica no MDB, em 2005, quando assumiu a Secretaria Municipal de Sa�de de Campo Grande, cidade onde nasceu. Em 2010, deixou o cargo e o MDB e concorreu a deputado federal pelo DEM. Foi reeleito em 2014, mas n�o tentou novo mandato quatro anos depois.
Mandetta � um dos tr�s ministros do DEM no governo - al�m de Tereza Cristina (Agricultura) e Onyx Lorenzoni (Cidadania). Para chegar � Esplanada, teve apoio dos dois - � �poca, Onyx havia sido indicado para a Casa Civil - e do governador de Goi�s, Ronaldo Caiado (DEM), al�m do aval de frentes parlamentares da sa�de, que re�nem integrantes de v�rias legendas.
Sobre o ministro pairam desconfian�as sobre sua afinidade com planos de sa�de, porque presidiu a Unimed em Campo Grande e j� disse que pautaria mudan�as sobre acesso � rede p�blica de sa�de.
Investigado
Com perfil discreto, ele � conhecido por n�o esconder "a real" situa��o dos fatos. Quando foi convidado para ingressar no minist�rio, avisou Bolsonaro de que era investigado por fraude em licita��o, tr�fico de influ�ncia e caixa dois. O presidente n�o fez reparo e observou, � �poca, que o m�dico n�o era r�u.
A suspeita � de que, quando secret�rio, Mandetta tenha influenciado na contrata��o de uma empresa, em 2009, para gest�o de informa��es na �rea, em troca de favores em campanha eleitoral. O Minist�rio da Sa�de repassou R$ 8,16 milh�es ao contrato. E a prefeitura, R$ 1,81 milh�o. Segundo uma a��o de 2015, movida pela Procuradoria de Campo Grande, o servi�o n�o foi entregue e o munic�pio teve de devolver � Uni�o R$ 14,8 milh�es. Mandetta contesta a acusa��o.
Na v�spera da vota��o da reforma da Previd�ncia na C�mara, no ano passado, quando a Sa�de liberou mais de R$ 1 bilh�o em emendas, Mandetta admitiu que a pasta fazia um "esfor�o" para aprovar a mat�ria. A vers�o era oposta � de Bolsonaro, que negava rela��o do pagamento com a vota��o.
O Minist�rio P�blico Federal abriu investiga��o sobre poss�vel interfer�ncia de Bolsonaro, de Mandetta e do presidente da C�mara, Rodrigo Maia (DEM), na vota��o da reforma sob a forma de libera��es de emendas. Procurado, o Minist�rio da Sa�de disse que n�o vai se posicionar sobre "inqu�ritos n�o conclu�dos". As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
POL�TICA