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Estado de Minas COVID-19

Conhe�a a hist�ria de ministros, a exemplo de Mandetta, que ficaram mais populares que o chefe

Atua��o destacada do ex-ministro Mandetta no governo Bolsonaro n�o � caso isolado na hist�ria do Brasil envolvendo auxiliares do presidente


postado em 17/04/2020 04:00 / atualizado em 17/04/2020 07:31

(foto: QUINHO)
(foto: QUINHO)
 
O protagonismo do ex-ministro da Sa�de Luiz Henrique Mandetta no combate � pandemia de coronav�rus, que incomodou o presidente Jair Bolsonaro e causou a sua demiss�o, n�o � caso �nico na hist�ria do Brasil.

Nas duas �ltimas d�cadas do s�culo 20, os ministros Dilson Funaro, no governo Sarney, e Fernando Henrique Cardoso, na gest�o de Itamar Franco, tamb�m foram protagonistas durante crises e tiveram popularidade igual ou maior do que a do pr�prio presidente.

Em 1956, depois da tentativa de alas militares e de partidos de oposi��o de dar um golpe para impedir a posse de Juscelino Kubitschek, o ent�o ministro do Ex�rcito, marechal Henrique Lott, garantiu a ascens�o do ex-governador de Minas � Presid�ncia da Rep�blica.

H� 115 anos, quando outra epidemia matava muitos brasileiros, o presidente Rodrigues Alves deu plenos poderes ao sanitarista Oswaldo Cruz, como diretor-geral de Sa�de P�blica, para tornar obrigat�ria a vacina��o contra a var�ola no Rio de Janeiro, a capital do pa�s, o que, entre outras raz�es, deu in�cio � Revolta da Vacina.
 

O QUE DISSE O PRESIDENTE 

 
"Algumas pessoas no meu governo est�o se achando. De repente, viraram estrelas”

“Falam pelos cotovelos. T�m provoca��es. Mas vai chegar a hora deles”

“O Mandetta j� sabe que a gente est� se bicando h� algum tempo”

“Ele extrapolou. A minha caneta funciona. N�o tenho medo de usar a caneta”
Jair Bolsonaro, PRESIDENTE

 

O QUE DISSE O EX-MINISTRO

 
"Em vez de postar dez fake news, poste duas. J� ajuda, porque d� um trabalho enorme tirar as fake news”
(Declara��o de Mandetta foi considerada recado ao presidente e ao chamado “gabinete do �dio” comandado pelo filho dele Carlos Bolsonaro, acusados de divulgar fake news)

“A m�o que afaga � a mesma que apedreja”
(Mandetta cita trecho do poema Versos �ntimos, de Augusto dos Anjos, para ironizar Bolsonaro, que o nomeou e agora o critica publicamente)

“Li de novo O mito da caverna e continuo n�o entendendo”
(Mandetta ironiza Bolsonaro ao citar obra do fil�sofo grego Plat�o sobre um prisioneiro que escapa da realidade distorcida de uma caverna e conhece a luz – a ci�ncia criticada pelo presidente)

“Ele tem mandato popular, e quem tem mandato popular fala, e quem n�o tem, como eu, trabalha”
LUIS CARLOS MANDETTA, EX-MINISTRO DA SA�DE


1904 – cientista
OSWALDO CRUZ

O presidente da Rep�blica, Rodrigues Alves, nomeou o m�dico sanitarista Oswaldo Cruz como diretor-geral de Sa�de P�blica (cargo correspondente hoje ao de ministro da Sa�de) com poderes absolutos para comandar a campanha de saneamento da cidade, inclusive com vacina��o obrigat�ria da popula��o contra a var�ola, que causava muitas mortes. A ent�o capital federal tinha toneladas de lixos nas ruas e boa parte da popula��o morava em corti�os. Al�m da var�ola, febre amarela, peste bub�nica, tuberculose, tifo e s�filis dizimavam a popula��o. A aprova��o da lei para vacina��o obrigat�ria causou pol�mica porque exigia da popula��o comprovantes de vacina��o para matr�cula nas escolas, obten��o de empregos, viagens, hospedagens e casamentos e multa a quem resistisse a ser imunizado. Oswaldo Cruz chegou a ser cercado e amea�ado nas ruas. Em novembro de 1904, estourou a chamada Revolta da Vacina. O motim popular ocorreu entre os dias 10 e 16 e culminou com depreda��o do patrim�nio p�blico e confronto com for�as policiais, deixando 30 mortos e dezenas de feridos. A insatisfa��o da popula��o estimulou tentativa fracassada de golpe de Estado na madrugada do dia 15, organizada por militares ligados ao ex-presidente Floriano Peixoto e aos positivistas, com apoio de setores civis. No dia seguinte, a vacina��o passou a ser facultativa. Com o passar dos anos, entretanto, ficou provado que Oswaldo Cruz tinha raz�o ao defender a vacina��o em massa. Ele morreu em 1917, um ano antes de uma epidemia maior, a gripe espanhola, que matou o ent�o presidente reeleito Rodrigues Alves e milhares de brasileiros.

1956 – MARECHAL Henrique LOTT

Depois do traum�tico suic�dio do presidente Get�lio Vargas, em agosto de 1954, o Brasil estava outra vez em grave crise, com constantes amea�as de golpes militares. O vice-presidente Caf� Filho assumiu o governo, mas a instabilidade institucional era grande. Ele ficou apenas at� novembro de 1955, quando se afastou alegando problemas de sa�de. Assumiu ent�o o governo o presidente da C�mara, Carlos Luz, que acabou deposto em 11 de novembro, em contragolpe ou golpe preventivo – por tentar impedir a posse do presidente eleito, Juscelino Kubitschek – por seu pr�prio ministro da Guerra, Henrique Marechal Lott, que n�o havia votado em JK, mas era legalista e defendia o respeito ao resultado da urnas e a manuten��o da democracia. As For�as Armadas estavam divididas. O vice-presidente do Senado, Nereu Ramos, assumiu ent�o a Presid�ncia da Rep�blica. Para garantir a posse de JK e de seu vice, Jo�o Goulart, sob comando de Lott, foi aprovado estado de s�tio no pa�s e o impedimento de Carlos Luz, que pretendia reassumir o governo. Nereu Ramos fez a transi��o at� a posse de JK, em 1956. Lott, fortalecido, continuou como ministro da Guerra no novo governo. Nunca um ministro teve tanto poder no Brasil.

1986 – economista
DILSON FUNARO

O senador Jos� Sarney assumiu a Presid�ncia da Rep�blica em 21 abril de 1985, ap�s a morte de Tancredo Neves. O Brasil vivia grave crise econ�mica e, em 1986, com infla��o de 15% ao m�s, foi lan�ado o Plano Cruzado, tendo � frente o ministro da Fazenda, Dilson Funaro. O cruzeiro foi substitu�do pelo cruzado, com o corte de tr�s zeros na moeda. Foram congelados pre�os e sal�rios, que aumentariam apenas se a infla��o atingisse 20%. A popula��o foi incentivada a fiscalizar os pre�os, a infla��o e o emprego diminu�ram, o poder aquisitivo aumentou. O sucesso inicial do Plano Cruzado deu notoriedade ao ministro, que passou a ser reconhecido nas ruas, com popularidade igual ou maior do que a do presidente. Mas logo surgiram outros problemas, come�aram a faltar produtos e houve �gio num mercado paralelo. A infla��o voltou a disparar, e tamb�m o pre�o de combust�veis, bebidas e carros. O governo esperou passar as elei��es gerais de outubro, na qual o PMDB, partido oficial, conquistou a maioria das cadeiras no Congresso, e evitou medidas impopulares para lan�ar, em novembro de 1986, o Plano Cruzado 2, com novo congelamento de pre�os. Os velhos problemas voltaram e a economia entrou em colapso. Em maio de 1987, a infla��o j� ultrapassava 20% ao m�s. O fracasso do plano provocou a queda do ministro da Fazenda, que morreu dois anos depois, v�tima de c�ncer.

1994 – soci�logo 
FERNANDO HENRIQUE

No fim de 1992, o vice-presidente Itamar Franco assumiu o governo depois do impeachment de Fernando Collor de Mello, que sucedeu a Jos� Sarney, mas foi engolido pelas den�ncias de corrup��o envolvendo seu tesoureiro de campanha, Paulo C�sar Farias, e pela perda de apoio no Congresso Nacional. O pa�s sofria com outra grave crise institucional e, depois de v�rias tentativas com ministros para que conseguissem estabilizar a economia e controlar a hiperinfla��o, Itamar Franco transferiu o senador Fernando Henrique Cardoso do Minist�rio das Rela��es Exteriores para o Minist�rio da Fazenda. Foi lan�ado ent�o o cruzeiro real para tentar estabiliza��o da moeda. Mas, em junho de 1994, a infla��o chegou a 47%. O novo titular e sua equipe econ�mica lan�aram ent�o o Plano Real, criando a Unidade Real de Valor (URV), com regras de convers�o de valores monet�rios e desindexa��o da economia lastreada no d�lar comercial, que culminou no real como moeda, em vigor at� hoje. Houve tamb�m ajuste fiscal com arrocho or�ament�rio para controlar gastos e aumentar a arrecada��o. O plano acabou com a hiperinfla��o e estabilizou a economia. O Fernando Henrique ganhou tanta notoriedade e popularidade que atropelou as pretens�es eleitorais do pr�prio Itamar Franco e acabou sucedendo-o ao vencer as elei��es de 1994. Cumpriu dois mandatos.


2020 – m�dico
LUIZ MANDETTA

Doze d�cadas depois de um auxiliar do presidente assumir o protagonismo no governo durante grave epidemia, a hist�ria se repete. Nomeado ministro da Sa�de pelo presidente Jair Bolsonaro em 2019, o discreto deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) ganhou popularidade ao conduzir as pol�ticas p�blicas de combate � pandemia do novo coronav�rus, que j� matou 2 mil pessoas no pa�s. A defesa do isolamento rigoroso, com fechamento de escolas e estabelecimentos comerciais para evitar a propaga��o da doen�a, acabou opondo Mandetta a Bolsonaro e levou � demiss�o do ministro ontem. O presidente defende isolamento parcial, apenas para pessoas na faixa de risco, como idosos e portadores de comorbidades, sob alega��o de que a economia n�o pode parar totalmente ou a recess�o ser� pior do que a prevista. A queda de bra�o entre ambos se tornou p�blica, com declara��es sobre as diverg�ncias. Mandetta, por sua vez, colheu os louros da popularidade e, nos bastidores do governo, falava-se que o agora ex-ministro j� pensava at� em se lan�ar candidato � Presid�ncia da Rep�blica em 2022, se conseguisse grande �xito no combate � pandemia, o que, se for verdade, teria aumentado as desaven�as com Bolsonaro, que pensa na reelei��o. Verdade ou n�o, Mandetta est� fora do jogo.


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