
Analistas e empres�rios que mant�m contato direto com a equipe econ�mica dizem que a perspectiva de sa�da de Guedes ganha for�a diante deste cen�rio por v�rios motivos. Primeiro, porque a rela��o entre o ministro da Economia e o Planalto j� vinha desgastada h� um tempo.
Prova disso � que, nesta semana, a Casa Civil apresentou um plano de recupera��o econ�mica para o p�s-coronav�rus que vai na contram�o da pol�tica liberal de Guedes.
E nesta sexta-feira (24), antes da demiss�o de Moro, Bolsonaro se encontrou com dois fiadores desse plano – os ministros de Desenvolvimento Regional, Rog�rio Marinho, e da Infraestrutura, Tarc�sio Freitas –, enquanto Guedes permanecia recluso na Granja do Torto.
Segundo, porque Guedes ajudou Bolsonaro a atrair o ex-juiz Sergio Moro para o governo. E a sa�da de Moro mostrou que Bolsonaro est� disposto a n�o segurar mais os "superministros" do seu governo – enquanto Moro era o pilar do governo com a sociedade civil, Guedes � a base do Planalto com o mercado financeiro.
Aproxima��o com o Centr�o
"A sa�da de Moro d� conta de uma estrat�gia de aproxima��o de Bolsonaro com o Centr�o. A sa�da de Valeixo facilita isso. Mas, se Bolsonaro estiver fazendo isso para se aproximar do Centr�o, o Centro vai desejar mais que a Pol�cia Federal e isso implica gastos fiscais extras, que o ministro Guedes n�o corrobora", analisou o economista-chefe da Necton Investimentos, Andr� Perfeito.
Refor�a essa tese, por sinal, a aproxima��o de Bolsonaro com o presidente do PTB, o ex-deputado Roberto Jefferson, que, segundo alguns interlocutores do governo, poderia assumir o Minist�rio do Trabalho em uma eventual divis�o do Minist�rio da Economia. Divis�o que, por sinal, n�o agrada a Guedes.
"Guedes n�o deve demorar, porque n�o acredita no caminho que est� predominando no governo. A n�o ser que abra m�o de uma coisa que nunca abriu ", afirmou um empres�rio.
Guedes cancelou agenda
E toda essa incerteza s� aumentou com o vai e v�m da agenda desta sexta-feira do ministro Paulo Guedes. H� dias sem apari��es p�blicas, Guedes cancelou duas confer�ncias que faria com o mercado assim que veio � tona a confirma��o da demiss�o de Moro.
Depois disso, ainda surgiu um boato de que o ministro faria uma entrevista coletiva na tarde desta sexta, antes do pronunciamento convocado por Bolsonaro para falar sobre a sa�da do ex-juiz do governo. A entrevista, por�m, n�o foi confirmada pela assessoria do Minist�rio da Economia.
Por conta disso, os analistas admitem que a queda de quase 7% da Bolsa de Valores de S�o Paulo e a alta de 3,5% do d�lar, que j� opera na casa dos R$ 5,72, registradas hoje, n�o refletem apenas a sa�da de Moro. Mas tamb�m a percep��o de que todos esses ru�dos pol�ticos tamb�m v�o acabar caindo no colo de Guedes.
"N�o � o momento. � muito ruim perder dois pilares assim ao mesmo tempo", diz um dos fiadores da agenda liberal de Guedes no Congresso, que resiste � ideia da sa�da do ministro da Economia. "O governo tinha deixado Guedes contrariado, mas deve procurar administrar essa agora. J� perdeu uma ponte com a sociedade , deve tentar manter uma ponte com o mercado pelo menos", torce.
Tamb�m j� h� quem diga, contudo, que a sa�da de Guedes pode n�o pesar tanto quanto a de Moro. "Tudo mudou. O mundo inteiro j� fala de liberar dinheiro para incentivar a retomada. Mas Guedes n�o muda, continua com o mesmo discurso do pr�-coronav�rus e resiste a um pleito que ganha for�a na sociedade", alegou um empres�rio, dizendo que o governo de fato poderia "cumprir um papel de transi��o, mesmo que temporariamente" para ajudar o pa�s a sair da crise da COVID-19, como deseja a Casa Civil.