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Estado de Minas POL�TICA

A 'face' do Centr�o, o grupo de pol�ticos com hist�rico de trai��o e fisiologismo


postado em 03/05/2020 16:04

Pragm�tico e sem ideologia, o Centr�o � um fen�meno do v�cio governista que sobrevive �s mudan�as na hist�ria pol�tica do Pa�s. O grupo de partidos demonizado em manifesta��es de rua de 2013 a 2018 e, num per�odo mais recente, por redes sociais bolsonaristas, � agora um convidado ilustre das negocia��es no Pal�cio do Planalto.

Visto como fiador da estabilidade em qualquer governo, o bloco informal da C�mara flutua ao sabor das ondas e conveni�ncias da pol�tica. O "n�cleo duro" do Centr�o � formado por Progressistas, Republicanos, PL, PSD, Solidariedade, PTB e DEM, embora Rodrigo Maia (RJ), que comanda a C�mara e � filiado ao partido, esteja em rota de colis�o com o presidente Jair Bolsonaro.

O MDB, por sua vez, � um "aliado irm�o" do bloco. Bolsonaro mant�m, ainda, conversas avulsas com integrantes de legendas menores, que orbitam como sat�lites do Centr�o. Estima-se que o grupo re�na, atualmente, pelo menos 200 dos 513 deputados. C�lculos dos pr�prios partidos indicam que a taxa de governismo do Centr�o, hoje, est� em torno de 90%.

O Centr�o da vez � o de pol�ticos com hist�rico de trai��es e demonstra��es de "toma l� d� c�". Nele est�o tanto o presidente do PSD, Gilberto Kassab - que num mesmo dia teve conversas pol�ticas com Bolsonaro e com o governador de S�o Paulo, Jo�o Doria (PSDB), de quem � secret�rio licenciado da Casa Civil -, como o senador Ciro Nogueira (Progressistas-PI). Kassab nega fazer parte do grupo. No dia da vota��o do impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, Ciro tomou caf� com a presidente e, horas depois, apoiou o afastamento dela.

Integrantes do bloco dificilmente se identificam com agendas ideol�gicas. O apetite por cargos do governo e o interesse em ver atendidas reivindica��es em defesa de grupos econ�micos ou prefeituras de grot�es s�o marcas de suas identidades.

Quando era deputado federal, Bolsonaro fez carreira no Centr�o. Ao longo de sete mandatos na C�mara, ele adotava um discurso quase exclusivo da classe militar, longe de ideologias, e passou por alguns dos partidos do grupo que hoje pode servir de esteio para sua sobreviv�ncia no Planalto. Foi do PTB, PFL (atual DEM) e PP (hoje Progressistas). Neste �ltimo, permaneceu 11 anos, sem contar o in�cio da trajet�ria parlamentar nos extintos PDC, PPR e PPB, que deram origem � sigla.

Despachante

O bloco atua por excel�ncia na defesa do lobby de bancos e grandes grupos econ�micos, mas � na condi��o de "despachante" de prefeituras do interior que ele enfrenta mais cr�ticas. Casos de negociatas envolvendo seus integrantes ocorrem tanto no servi�o para grandes empreiteiras como para prefeitos sem influ�ncia. Al�m disso, o Centr�o � cria da concentra��o de recursos pela Uni�o. Num Pa�s onde todos os setores querem abocanhar ao m�ximo o dinheiro p�blico, o bloco tem entre suas miss�es ajudar munic�pios carentes a fisgar parcerias com o governo federal.

Maiorias de posi��es de centro, pragm�ticas e governistas, sempre deram as cartas no Parlamento. Eleito presidente da Rep�blica pelo Col�gio Eleitoral, em 1985, Tancredo Neves admitiu certa vez que o PSD, um de seus partidos, adotava a pol�tica dos conchavos entre os anos 1940 e 1960. "Entre a B�blia e O Capital (livro de Karl Marx), o PSD fica com o Di�rio Oficial", disse ele.

O nome Centr�o, no entanto, s� vingou no tempo da Constituinte, em 1987 e 1988, quando um grupo de parlamentares voltados para o mercado financeiro, o agroneg�cio e os munic�pios decidiu buscar poder num caminho do meio entre progressistas e conservadores.

'� dando que se recebe'

Recentemente, recebeu a denomina��o de "velha pol�tica". Na Constituinte de 1988, uma ala do PMDB (atual MDB) que queria pressa no atendimento de suas reivindica��es - e n�o se identificava nem com os progressistas liderados por Fernando Henrique Cardoso e M�rio Covas, nem com os conservadores - buscou vida pr�pria. O presidente Jos� Sarney aproveitou a aproxima��o do grupo e garantiu cinco anos de mandato numa rela��o com o Congresso marcada pela famosa frase do ex-ministro Roberto Cardoso Alves (SP), um dos primeiros l�deres do Centr�o: "� dando que se recebe". Retirada da ora��o de S�o Francisco de Assis, a frase virou a senha do fisiologismo.

Os integrantes originais do bloco pertenciam, em sua maioria, a partidos como PFL (atual DEM), PDS (hoje Progressistas), PMDB, PTB e PDC. Por afinidades e nacos do governo, parte do grupo deu suporte a Sarney e nunca mais se desgrudou do Planalto.

A �ltima megabancada de um partido do Centr�o foi eleita em 1998 pelo PFL, com 105 deputados. Era o auge do carlismo, grupo do ex-senador e ex-governador baiano Ant�nio Carlos Magalh�es, presidente do Senado. Na C�mara, o Centr�o ainda viveria alguns relances de poder, como a elei��o em 2005 do baixo clero, simbolizado pela presid�ncia do ex-deputado Severino Cavalcanti (PP-PE). O grupo derrotou o Planalto por divis�es no PT do ent�o presidente Luiz In�cio Lula da Silva. Mas uma sequ�ncia de esc�ndalos de corrup��o, com destaque para o mensal�o, em 2004 e 2005, e a Opera��o Lava Jato, entre 2014 e 2018, atingiu n�o apenas o PT como partidos do Centr�o - entre eles, o mais impactado foi o PP.

Cunha

O Centr�o ganhou mais musculatura em 2015, quando o ent�o deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ) foi eleito presidente da C�mara no primeiro turno, derrotando o petista Arlindo Chinaglia (SP), nome bancado pelo Planalto. Cunha conseguiu reunir insatisfeitos da base aliada do governo de Dilma Rousseff e especialmente de seu partido, o MDB, que tinha o vice Michel Temer. Ele agregou, ainda, o PSC do pastor Everaldo, o PP de Arthur Lira (AL) e parte consider�vel das bancadas do agroneg�cio, evang�lica e das armas.

No comando da C�mara, Cunha apresentou pautas "bombas" contra o governo e abriu o processo de impeachment de Dilma. A queda do deputado, preso no �mbito da Opera��o Lava Jato, n�o desarticulou o bloco por completo, mas iniciou uma disputa por quem seria o seu sucessor.

Na elei��o seguinte para a presid�ncia da C�mara, em 2017, Rodrigo Maia venceu como "independente" com o DEM, PSDB, PPS e PSB, al�m de aliados na esquerda e a simpatia do Planalto. Derrotou Rodrigo Rosso (PSD-DF), candidato de Cunha.

Em 2018, o Centr�o rejeitou Bolsonaro no primeiro turno e apoiou o ex-governador de S�o Paulo Geraldo Alckmin, candidato do PSDB ao Planalto. Derrotado, o bloco se dividiu no segundo turno. Uma ala do PP e do PL ficou com o petista Fernando Haddad, assim como o Solidariedade, enquanto o DEM e o Republicanos declararam apoio a Bolsonaro.

Com o PT e o PSL no comando das maiores bancadas da C�mara eleitas naquela disputa, os demais partidos se reorganizaram. O novo Centr�o, rebatizado de "Bloc�o", aderiu � reelei��o de Maia, em 2019. Ao prever que Arthur Lira (PP-AL), um dos l�deres do Centr�o, poderia tra�-lo, Maia costurou alian�a com o PSL de Bolsonaro por meio do ministro da Economia, Paulo Guedes. Houve um acordo com Lira na composi��o da Mesa, hoje dominada principalmente pelo DEM, Republicanos e PL.

No cap�tulo mais recente da hist�ria do bloco, Maia brigou com Guedes. O Planalto procurou, ent�o, Lira, Marcos Pereira (Republicanos) e Valdemar Costa Neto, chefe do PL, para conversar. Bolsonaro sempre transitou entre esses tr�s partidos. Em 2018, quase fechou com Valdemar uma alian�a com o ent�o senador Magno Malta (ES) para sua chapa � Presid�ncia. Mas at� hoje ele diz ser contra a "velha pol�tica". As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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