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Estado de Minas ENTREVISTA

"Bolsonaro � um risco, mas � fraco", diz professor de Harvard

Steven Levitsky, professor da Universidade Harvard, nos EUA, �e coautor do livro como as democracias morrem


postado em 27/05/2020 04:00 / atualizado em 27/05/2020 07:36

(foto: EDITORA ZAHAR/DIVULGAÇÃO)
(foto: EDITORA ZAHAR/DIVULGA��O)

A escalada autorit�ria das manifesta��es a favor do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) — com agress�es a jornalistas, pedido de interven��o militar e de fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF) — despertou em parte da popula��o a d�vida sobre as chances de o Brasil viver nova ditadura.

O professor de ci�ncia pol�tica Steven Levitsky, da Universidade Harvard (EUA) – com pesquisa focada na Am�rica Latina e em pa�ses em desenvolvimento – acha que as chances s�o pequenas.

Coautor do best-seller Como as democracias morrem, ele acredita que Bolsonaro representa, sim, um risco, mas esbarra na baixa popularidade e na falta de habilidade pol�tica. Mas diz estar preocupado com a proximidade de apoiadores do presidente com grupos armados e com alas militares, que chegaram a falar em guerra civil.

Em Como as democracias morrem, o senhor apresenta quatro indicadores de comportamento autorit�rio. Bolsonaro se encaixa em algum deles? 
Os quatro indicadores s�o rejei��o das regras democr�ticas do jogo; nega��o da legitimidade dos oponentes pol�ticos; propens�o a restringir liberdades civis b�sicas de rivais ou da m�dia; encorajamento ou toler�ncia � viol�ncia. Bolsonaro se encaixa nos quatro. Isso ficou claro durante a campanha de 2018 e � por isso que era t�o perigoso eleg�-lo.

Bolsonaro tem 25% de aprova��o. O senhor disse que pol�ticos autorit�rios de outros pa�ses chegavam a 70% de apoio popular. Apesar disso, Bolsonaro tem apoio de uma minoria radical. Quais os riscos disso?
Em termos de prote��o � democracia, � melhor ter um presidente com 25% de aprova��o do que um com 70%. Como (Alberto) Fujimori, (Hugo) Ch�vez, (Rafael) Correa, (Evo) Morales e (Rodrigo) Duterte, nas Filipinas, mostraram, um presidente com 70% de aprova��o pode provocar diversos danos muito rapidamente � democracia. Com 25% � mais dif�cil. Bolsonaro � mais fraco. Ele n�o pode convocar plebiscito e fechar o Congresso. Ele n�o pode reescrever a Constitui��o. Ainda h� riscos, � claro. O Brasil est� polarizado e os apoiadores de Bolsonaro t�m la�os perigosos com grupos armados e alas militares. Ent�o, certamente, Bolsonaro pode provocar danos. Mas � mais dif�cil para ele — e ele pode, facilmente, falhar e cair do poder.

No livro, o senhor enfatiza a import�ncia dos freios e contrapesos constitucionais para evitar ditaduras. No caso do Brasil, como as institui��es t�m agido diante de amea�as � democracia? 
Penso que o Brasil tem boa chance de evitar a ditadura, em parte porque Bolsonaro � fraco, impopular e politicamente in�bil, mas tamb�m porque o Congresso e os tribunais continuam sendo institui��es fortes. Nada � garantido, especialmente durante esta crise, mas acho que o Brasil pode atravessar.

A pandemia pode contribuir de alguma maneira para a escalada antidemocr�tica?
Pode. As crises �s vezes permitem que os l�deres eleitos concentrem o poder autocr�tico — como vimos na Hungria e talvez em El Salvador. E crises econ�micas prolongadas frequentemente minam democracias fr�geis. Mas as crises geralmente tamb�m enfraquecem governos autocr�ticos. O fraco desempenho de Bolsonaro em resposta � pandemia o enfraqueceu at� agora.

Esta semana, um grupo de militares divulgou carta que falava em "guerra civil". O senhor v� algum risco de guerra civil no Brasil?
Dado o n�vel de desigualdade e o crime organizado, h�, certamente, um risco de escalada da viol�ncia no Brasil. Uma guerra civil de verdade parece menos prov�vel. O que mais me preocupa s�o as autoridades militares usarem suposta amea�a de guerra civil para justificar maior envolvimento militar na pol�tica — como aconteceu em 1964.

O que deve ser feito para evitar que o Brasil entre em uma nova ditadura?
Os pol�ticos democratas, da esquerda � direita, devem se unir em defesa das institui��es democr�ticas e isolar os atores antidemocr�ticos. Os pol�ticos brasileiros falharam em fazer isso em 2018. N�o devem falhar novamente.




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