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Estado de Minas POL�TICA

Bolsonaristas usam s�mbolos internacionais de extrema direita


postado em 03/06/2020 07:40

O uso de um s�mbolo ucraniano milenar em manifesta��o pr�-Bolsonaro em S�o Paulo, no �ltimo domingo, 31, chamou aten��o para as refer�ncias que influenciam os grupos que d�o apoio ao governo. A bandeira motivou um esclarecimento do embaixador da Ucr�nia no Brasil, uma nota de rep�dio de descendentes de ucranianos no Pa�s, e preocupa��o entre especialistas que acompanham a "tropicaliza��o" de s�mbolos associados � extrema direita no mundo - das tochas e m�scaras em frente ao Supremo Tribunal Federal �s Cruzadas da Idade M�dia.

Vermelha e negra, a bandeira ucraniana que causou a confus�o na Avenida Paulista tem um tridente estilizado em branco. � um s�mbolo nacional adotado oficialmente na Ucr�nia desde a independ�ncia, em 1991, quando se separou da Uni�o Sovi�tica. Integrantes de torcidas organizadas antifascistas acusaram o s�mbolo como refer�ncia neonazista, o que foi recha�ado pelo dono da bandeira.

Brasileiro radicado na Ucr�nia h� seis anos, o t�cnico em seguran�a Alex Silva lembra que o tridente era o s�mbolo do pr�ncipe Vladimir, que levou o cristianismo � Ucr�nia no s�culo 10. Ele conta que o av� de sua esposa, que � ucraniano, teve o irm�o morto por nazistas na Segunda Guerra Mundial. "Aquilo n�o tem nada a ver com s�mbolo nazista", disse Silva ao Estad�o. "� uma ofensa enorme, voc� n�o tem ideia de como isso me ofende pessoalmente e ofende a honra da minha esposa." Ele chama aten��o para o significado das cores: o preto � uma refer�ncia � terra, e "o vermelho representa o sangue dos her�is ucranianos que foi derramado por gera��es, por s�culos".

O tridente e as cores s�o usados tamb�m pelo grupo paramilitar Pravyi Sektor (Setor Direito), de extrema direita, que se tornou partido pol�tico ap�s a queda do presidente ucraniano Viktor Yanukovich. As cenas de batalha campal em Kiev, que levaram � queda do presidente, t�m inspirado bolsonaristas no Brasil. No Twitter, o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) escreveu que "est� na hora de ucranizar o Brasil", bord�o que j� era repetido pela ativista bolsonarista Sara Winter.

"Isso significa ucranizar o Brasil: jogar o pol�tico sujo na lata de lixo, como fez o povo ucraniano, de uma maneira honrosa", diz Silva. A imagem remete � foto de um deputado ucraniano, que defendia Yanukovich e sua pol�tica pr�-R�ssia, atirado no lixo em uma manifesta��o em 2014.

Descendentes de ucranianos em Curitiba, onde h� a maior comunidade no Pa�s, divulgaram uma nota de rep�dio contra o uso da bandeira. "Temos ci�ncia da exist�ncia absolutamente minorit�ria de movimentos extremistas na Ucr�nia, que se apropriaram indevidamente dos s�mbolos nacionais para disseminar ideais fascistas e neonazistas", diz a nota do Grupo Folcl�rico Ucraniano Poltava.

Para especialistas, o uso das cores � considerado preocupante, mais do que sua origem no s�culo 10. "A bandeira n�o � nazista mas, como se diz, � uma apropria��o simb�lica", diz o professor David Magalh�es, da Pontif�cia Universidade Cat�lica (PUC-SP), que d� aulas de Rela��es Internacionais e coordena o Observat�rio da Extrema Direita, que re�ne pesquisadores de outras universidades. "Essa rela��o do sangue e a terra � muito forte no movimento ultranacionalista. Isso n�o apaga nada do fato", diz. O professor chama aten��o para uma inconsist�ncia no discurso anticorrup��o no Brasil, associado ao deputado na lata de lixo. "Bolsonaro est� se aproximando da faceta mais podre do sistema, que � o Centr�o. Eles realmente ignoram essa faceta."

J� o pesquisador Gustavo Menezes, especialista em rela��es internacionais na regi�o da ex-URSS, diz que muitos s�mbolos associados � extrema direita foram apropriados pelo novo governo da Ucr�nia.

"H� uma esp�cie de tentativa oficial de apresentar o movimento como positivo, � por isso que v�o tentar normalizar o uso daquelas cores", diz. "Certamente � algo que torna a Ucr�nia atraente para os bolsonaristas, porque parte dessas pol�ticas oficiais s�o exatamente uma tentativa de colocar o nazismo e o comunismo como males de igual teor." As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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