Uma s�rie de documentos in�ditos colhidos pela Opera��o Lava Jato e tornados p�blicos pela Justi�a Federal nesta semana apontam que o advogado Rodrigo Tacla Duran teria movimentado cerca de R$ 1,8 bilh�o para lavagem de dinheiro. Ele � apontado pela for�a-tarefa como operador financeiro da Odebrecht.
Em decis�o proferida no �ltimo domingo, 7, a ju�za Gabriela Hardt, da 13� Vara Criminal Federal de Curitiba, atendeu pedido do Minist�rio P�blico Federal (MPF) pelo levantamento do sigilo de provas produzidas em diversos processos criminais contra Tacla Duran.
"Ele � apontado pelas autoridades de persecu��o penal, com base em robustas provas coletadas ao longo das investiga��es da Opera��o Lava-Jato, como respons�vel por graves crimes de lavagem de dinheiro, que superam US$ 300 milh�es, e de organiza��o criminosa", escreveu a ju�za em sua decis�o.
O pedido do MPF veio ap�s uma an�lise de investiga��es e processos que, segundo os procuradores, apontam que Tacla Duran apresentou informa��es falsas 'reiterada e sistematicamente' na tentativa de induzir autoridades respons�veis pelo seu caso ao erro na 'busca por impunidade'. O �rg�o afirma que o advogado forjou documentos e atuou para induzir ao erro autoridades do Brasil, Espanha, Interpol e Singapura.
"Considerando a justa causa apresentada pelo MPF, que os documentos apresentados guardam rela��o com a prova que se pretende produzir, bem como que tais documentos n�o exp�em a intimidade ou a vida privada do acusado, tampouco se trata de material que constitua ofensa a sua honra ou imagem, defiro o pedido do MPF", diz a magistrada no despacho.
Entre os documentos que tiveram o sigilo levantado, est�o um e-mail, com assinatura por codinome de Rodrigo Tacla Duran, em que o advogado admitiria ter trabalhado como operador financeiro da Odebrecht. "Operei com voc�s + de USD $300.000.000,00 e acredito eu que nunca trouxe problemas ou aborrecimento de qualquer natureza a voc�s", escreveu.
A magistrada tamb�m incluiu declara��es do Grupo Odebrecht em que os empres�rios admitem que, para viabilizar o pagamento de vantagens indevidas a agentes p�blicos e pol�ticos, lan�aram m�o dos servi�os prestados pelo advogado. De acordo com a dela��o, Tacla Duran se encarregava de receber recursos il�ticos da Odebrecht no exterior, por meio de contas abertas em nome de offshores, e repass�-los, no Brasil e no exterior, aos seus destinat�rios.
Senten�as anteriores, que reconheceram a exist�ncia de provas da 'atua��o criminosa' de Rodrigo Tacla Duran como operador financeiro em processos de lavagem de dinheiro e outras chegaram a expedir mandado de pris�o contra o advogado, tamb�m foram tornadas p�blicas.
A decis�o da Procuradoria-Geral da Rep�blica pelo arquivamento de den�ncias enviadas pelos deputados petistas Wadih Damous, Paulo Pimenta e Carlos Alberto Rolim Zarattini, na qual narram supostas ilegalidades praticadas por procuradores em negocia��es de acordos de dela��es premiadas, foi inclu�da na lista.
Por fim, a ju�za determinou o levantamento do sigilo de esclarecimentos prestados pelo Minist�rio P�blico Federal � Interpol, organiza��o internacional que facilita a coopera��o policial mundial, visando a extradi��o de Tacla Duran, al�m da peti��o do advogado ao Escrit�rio Central da entidade no Brasil e de comunica��es posteriores entre autoridades sobre o caso.
Rodrigo Tacla Duran est� foragido no exterior desde 2016, quando foi alvo de um mandado de pris�o determinado pelo ex-juiz federal da Lava Jato e ex-ministro da Justi�a, S�rgio Moro. O pr�prio Tacla Duran afirmou ter pago dinheiro a um amigo de Moro para obter vantagens em uma dela��o premiada, posteriormente frustrada, com a Lava Jato em 2016. Entre elas, uma suposta redu��o no valor da multa delat�ria.
Segundo reportagem publicada na �ltima quarta-feira, 3, pelo jornal O Globo, o procurador-geral da Rep�blica, Augusto Aras, desengavetou uma investiga��o sobre suposto pagamento de US$ 5 milh�es em propina a Carlos Zucolotto, que foi padrinho de casamento de Moro e s�cio da esposa do ex-ministro. A den�ncia j� foi investigada pela pr�pria PGR e arquivada em 2018, sob conclus�o de que a pr�tica de crimes n�o foi comprovada. Com o desarquivamento do inqu�rito pela PGR, Aras pretende voltar a negociar uma colabora��o premiada com Tacla Duran.
COM A PALAVRA, A DEFESA
At� a publica��o desta mat�ria, a reportagem n�o obteve contato com a defesa de Rodrigo Tacla Duran. O espa�o permanece aberto a manifesta��o.
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