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Estado de Minas POL�TICA

Itamaraty vira �bunker� de olavistas no governo


postado em 05/07/2020 16:00

Mais de duas toneladas de materiais de combate ao coronav�rus foram doadas pelo embaixador chin�s Yang Wanming ao Brasil, na �ltima quinta-feira. A cerim�nia online contou com a presen�a de parlamentares e assessores do governo. A aus�ncia do chanceler Ernesto Ara�jo, por�m, provocou inc�modo, especialmente por se tratar de um parceiro comercial importante para o Pa�s. Essa postura do chanceler tem desagradado a pol�ticos aliados e a integrantes do pr�prio governo, que buscam convencer Jair Bolsonaro a desmontar um dos �ltimos bunkers ideol�gicos da sua gest�o como sa�da para melhorar a p�ssima imagem que o mundo tem hoje do seu governo.

O presidente da Frente Parlamentar Brasil-China, deputado Fausto Pinato (PP-SP), n�o perdoou a falta de Ara�jo no encontro organizado h� dois meses. O chanceler foi representado pelo diretor da Ag�ncia Brasileira de Coopera��o, embaixador Ruy Pereira. "Apareceram tr�s diplomatas. Um representando o Itamaraty; outro, o Minist�rio da Sa�de e um terceiro, a Vice-Presid�ncia. O senhor Ernesto Ara�jo n�o foi", contou Pinato, que participou da videoconfer�ncia. "Esse cara vai quebrar o Pa�s. A Europa e at� Israel j� o criticaram. Estamos sendo mal vistos na quest�o do meio ambiente e ele n�o tenta ajudar. Tem que buscar investimentos fora, botar esses embaixadores para trabalhar, mas ele s� fica preso na parte ideol�gica."

Em mar�o, o chanceler j� havia se envolvido em uma pol�mica diplom�tica com o pr�prio Wanming, ao exigir retrata��o do embaixador, que publicou texto rebatendo declara��es do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). O imbr�glio ocorreu porque o filho do presidente acusou a China de ter omitido informa��es sobre a covid-19. Wanming reagiu dizendo que Eduardo tinha contra�do "v�rus mental" ao voltar de Miami, nos Estados Unidos.

A falta de interlocu��o do Itamaraty com o parceiro chin�s tamb�m ocorre com outro pa�s asi�tico. Desde que recebeu as credenciais do presidente Jair Bolsonaro no Pal�cio do Planalto, em 6 de abril, o embaixador do Ir� no Brasil, Hossein Gharibi, j� teve videoconfer�ncias com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e o vice-presidente, Hamilton Mour�o. Ainda n�o pediu encontro com Ernesto Ara�jo, devido � sintonia do chanceler com o olavismo-trumpismo.

N�o faltou oportunidade. No dia 7 de junho, por exemplo, ele organizou uma festa para comemorar 60 anos de abertura da embaixada, a primeira representa��o estrangeira a se instalar em Bras�lia. O evento foi prestigiado apenas por pol�ticos locais.

Nos bastidores, Mour�o e Tereza Cristina s�o vistos como chanceleres paralelos. Tanto � assim que a ministra da Agricultura procurou o embaixador chin�s na quarta-feira, assumindo uma interlocu��o direta para resolver o problema de frigor�ficos que tiveram a venda suspensa para a China.

A press�o para a substitui��o do chanceler n�o � de hoje, mas se intensificou com a demiss�o de Abraham Weintraub do Minist�rio da Educa��o. A avalia��o de parlamentares e da ala mais moderada do governo, que v� seu trabalho prejudicado pelas a��es do Itamaraty, � que seria o momento oportuno para Bolsonaro se livrar dos representantes do olavismo.

Presta��o de contas

Ap�s o Estad�o revelar o movimento na �ltima semana, o deputado bolsonarista Filipe Barros (PSL-PR) respondeu assim a um internauta que o censurou por compartilhar a not�cia. "Se eu estou dando cr�dito � porque estou em Bras�lia e sei que a hist�ria � verdadeira. Simples assim." Ciente da amea�a ao seu cargo, o chanceler solicitou a todas as chefias do Itamaraty, em car�ter de urg�ncia, a presta��o de contas de sua gest�o.

O embaixador Paulo Roberto de Almeida publicou em um site na internet que a urg�ncia em preparar o relat�rio mostra a preocupa��o do ministro em n�o ser defenestrado. Almeida afirmou que, entre as "realiza��es" do chanceler, est� a promo��o de uma "revolu��o hier�rquica e gerencial" no Itamaraty, que afastou dos postos de chefia experientes embaixadores, colocados sob as ordens de ministros de segunda classe. Procurado pela reportagem, o Itamaraty n�o se pronunciou.

Por enquanto, Bolsonaro ainda resiste em trocar o auxiliar. A empresa AP Exata, que analisa as redes sociais, identificou que parte dos eleitores do presidente o acusa de abandonar a pauta ideol�gica. Os que o escolheram apenas por rejeitar o PT, por�m, acham que Ernesto prejudica as exporta��es do Pa�s e deve ser substitu�do.

Palestras

O ministro tem aberto as portas do Itamaraty para blogueiros que hoje s�o investigados no Supremo Tribunal Federal (STF) no inqu�rito das fake news. Allan dos Santos e Bernardo K�ster, al�m de outros 16 �cones do olavismo, passaram a ocupar as mesas de debate da Funda��o Alexandre de Gusm�o (Funag), vinculada ao Itamaraty. Antes, o espa�o s� recebia diplomatas, acad�micos e observadores com larga experi�ncia em rela��es internacionais.

Nas palestras, os blogueiros apresentam vis�es positivas sobre o conservadorismo, o nacionalismo e os Estados Unidos.

Um dos investigados pelo STF, o youtuber Bernardo K�ster chegou a prever em sua palestra que, em breve, os brasileiros passariam a comer morcegos, cachorros, pombos, gatos e at� ratazanas, segundo ele, por falta do que comer, uma consequ�ncia do "comunismo".

Nos bastidores do Itamaraty, diplomatas demonstram constrangimento com o n�vel das discuss�es, consideradas "med�ocres". A palestra de Allan dos Santos fez corar funcion�rios experientes. Santos chamou a aten��o para uma "contradi��o" entre medidas de combate � pandemia do novo coronav�rus e a pol�tica de imigra��o. E comparou o grupo de blogueiros bolsonaristas aos jornais alternativos de resist�ncia ao regime militar.

Os blogueiros n�o receberam cach� da Funag. Os eventos fazem parte de um ciclo de semin�rios e confer�ncias intitulado "A conjuntura internacional no p�s-coronav�rus". Na pr�tica, quase n�o h� debate, mas, sim, concord�ncia entre os participantes, sem pluralidade. Um semin�rio sobre "globalismo", com participa��o do chanceler, ser� transformado em livro, editado tamb�m em ingl�s.

3 perguntas para...
Bernardo K�ster, jornalista e youtuber


1.O que o senhor acha sobre o espa�o aberto na Funag para conservadores?

Finalmente a diplomacia brasileira est� dando voz � maioria da popula��o brasileira, que � conservadora.

2.O sr. tem forma��o ou desempenha atividade de rela��es internacionais?

Estudei pol�tica internacional na Universidade de Ferrara (Unife), na It�lia, e, como jornalista, produzo an�lises para colegas no exterior, para meu canal no YouTube e para o jornal Brasil Sem Medo (site de not�cias criado por Olavo de Carvalho).

3.O senhor � citado no inqu�rito do STF sobre fake news. Tem alguma considera��o a fazer?

N�o tive acesso � �ntegra do processo, o que cria uma s�rie de embara�os na defesa e n�o me permite concluir do que sou supostamente acusado. Minha assessoria jur�dica reputa ilegal e inconstitucional o inqu�rito. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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