O presidente Jair Bolsonaro voltou a defender, na manh� desta segunda-feira, 20, o uso de medicamentos sem comprova��o cient�fica ou necessidade de seguir orienta��es da bula no tratamento de doen�as. Desde o in�cio da pandemia, Bolsonaro faz propaganda da cloroquina para combater o novo coronav�rus. No domingo, 19, o presidente, que est� em isolamento ap�s contrair a covid-19, ergueu uma caixa do f�rmaco diante de apoiadores e foi saudado por eles.
"� importante lembrar que o uso off label (fora da bula) de medicamentos � consagrado na medicina, desde que haja clara concord�ncia do paciente. E que, sem a pr�tica do off label, diversas doen�as ainda estariam sem tratamento", escreveu Bolsonaro no Twitter, nesta segunda, citando trecho de uma publica��o da Associa��o M�dica Brasileira (AMB). O texto completo foi compartilhado pelo presidente por meio de um link.
No texto, publicado ontem, a AMB trata especificamente sobre a hidroxicloroquina e refor�a que "n�o existem estudos seguros, robustos e definitivos sobre a quest�o", em refer�ncia ao tratamento do novo coronav�rus. A entidade tamb�m critica o uso pol�tico do medicamento, que, na vis�o da AMB, "deixar� um legado sombrio para a medicina brasileira".
"M�dicos, entidades, pol�ticos, influenciadores e palpiteiros seguem monitorando estudos sobre o uso de hidroxicloroquina em pacientes acometidos pela covid-19. Uns procurando provas de que se trata da salva��o. Outros, de que � puro placebo. Ou pior: veneno (mesmo diante do fato de que os efeitos adversos s�o limitados e conhecidos h� mais de cinco d�cadas). Muitos sair�o da pandemia apequenados, principalmente m�dicos e entidades m�dicas que escolherem manipular a ci�ncia para us�-la como arma no campo pol�tico-partid�rio", diz o texto.
"� bastante prov�vel que cheguemos ao final da pandemia sem evid�ncias consistentes sobre tratamentos. E tamb�m sobre diversos outros aspectos pr�prios de uma nova enfermidade. Pois estudos adequados e robustos s�o caros e demorados. E estamos falando de uma medica��o barata, que, portanto, n�o tem, nem ter� financiamento da ind�stria que suporte os investimentos necess�rios para minimizar as incertezas", continua me outro trecho.
Ao final, quando faz refer�ncia ao uso "off label" de medicamentos, a AMB diz que "n�o se trata de apologia a este ou �quele f�rmaco", e sim de "respeito aos padr�es �ticos e cient�ficos constru�dos ao longo dos s�culos".
"N�o podemos permitir que ideologias e vaidades, de forma intempestiva, alimentadas pelos holofotes, nos fa�am regredir em pr�ticas j� t�o respeitadas. N�o se pode clamar por ci�ncia e adotar posicionamentos embasados em ideologia ou partidarismo, ignorando pr�ticas consolidadas na medicina. Isso � um crime contra a medicina, contra os pacientes e, sobretudo, contra a pr�pria ci�ncia", conclui a publica��o.
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