O Minist�rio P�blico do Rio (MP-RJ) investiga se a compra de uma franquia da Kopenhagen pelo senador Fl�vio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e a movimenta��o financeira da loja foram usadas para lavar dinheiro. Os promotores suspeitam que ao menos R$ 2,1 milh�es possam ter sido "legalizados" com as duas frentes de neg�cio. O senador nega ter cometido qualquer tipo de crime.
Pelo menos R$ 500 mil teriam sido ocultados na aquisi��o da loja, em dezembro de 2014, e outro R$ 1,6 milh�o foi movimentado na conta da empresa de forma suspeita. Esse dinheiro teria sido lan�ado como venda de chocolates, em dinheiro vivo, para dissimular a origem dos recursos, registram os autos. Parte do valor seria desviada do suposto esquema de "rachadinha" - recolhimento de parte dos sal�rios dos assessores - no antigo gabinete de Fl�vio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Para os investigadores, as quebras de sigilo evidenciaram "aportes de recursos em esp�cie na conta banc�ria da empresa de forma desproporcional ao seu faturamento" e indicaram conex�o entre valores lan�ados como venda em dinheiro com datas de arrecada��o dos sal�rios de assessores do gabinete pelo seu ex-assessor Fabr�cio Queiroz, preso desde 18 de junho.
De acordo com pedido de quebra de sigilo feita pela Promotoria, sal�rios de assessores eram lan�ados nos registros de comercializa��o da Bolsotini Chocolates e Caf�. "Evidentemente, o destino final dos recursos il�citos n�o era o empreendimento comercial, mas, sim, dar apar�ncia l�cita ao produto do crime de peculato antes do ingresso formal dos valores no patrim�nio pessoal do parlamentar", diz documento.
A Bolsotini Chocolates e Caf� foi comprada por R$ 1 milh�o em 2015. A antiga dona da loja recebeu R$ 800 mil. Mais R$ 200 mil foram de integraliza��o de capital - R$ 100 mil de cada s�cio - e R$ 45 mil da taxa de franquia. O valor teria sido custeado integralmente por Fl�vio, segundo as investiga��es. Os R$ 550 mil sa�ram da conta da sua mulher, Fernanda Antunes Figueira Bolsonaro, que n�o � s�cia formal do neg�cio. Na declara��o de Imposto de Renda, o senador declarou em 2014 ter colocado R$ 50 mil no neg�cio.
Em dezembro de 2019, o MP fez buscas na loja. Os sigilos banc�rio e fiscal da Bolsotini, do s�cio, Alexandre Ferreira Dias Santini, e do contador foram quebrados por decis�o do juiz da 27.� Vara Criminal do Rio, Fl�vio Itabaiana.
Investigadores suspeitam que Santini possa ter figurado inicialmente nos contratos como "laranja", para simular que os custos da opera��o teriam sido divididos igualmente entre ele e Fl�vio, quando, na verdade, o casal Bolsonaro arcou com quase todas as despesas. Eles teriam sido ressarcidos nos tr�s anos seguintes, mediante distribui��es de lucros desproporcionais em favor de Fl�vio.
Defesas
O senador nega as acusa��es de crime e afirma que todas as opera��es financeiras da loja s�o legais e fruto de recursos pr�prios, declarados regularmente � Receita. Desde o in�cio das investiga��es, ele acusa persegui��o pol�tica. Anteriormente, afirmou que o dinheiro investido por ele no neg�cio tem lastro em transa��o feita naquele per�odo. E que os valores foram arcados pelos dois s�cios.
Os advogados do senador, Rodrigo Roca, Luciana Pires, Juliana Bierrenbach e Renata Azevedo, n�o comentam o caso, devido ao sigilo das investiga��es. Al�m de obter o direito a ser investigado no �rg�o Especial do Tribunal de Justi�a, por prerrogativa de foro, eles pediram � Procuradoria-Geral de Justi�a do Rio que apure a conduta dos promotores, que teriam quebrado sigilo do caso. O MP n�o comenta apura��o sob sigilo.
Queiroz, por meio de sua defesa, nega que tenha cometido crime e afirma ter sido acusado injustamente pelo Minist�rio P�blico. Aponta ainda ilegalidade nas investiga��es e no procedimento na Justi�a. A defesa de Santini n�o foi localizada. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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