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Estado de Minas POL�TICA

Bolsonaro pede a donos de supermercados que baixem pre�os por patriotismo


05/09/2020 07:12

Com receio do risco de infla��o, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta, 4, que tem buscado associa��es de supermercados para tentar baixar os pre�os de produtos que comp�em a cesta b�sica. Ele ponderou que n�o pretende dar "canetada em lugar nenhum", nem interferir na �rea econ�mica. O coment�rio foi feito durante viagem a Registro (SP).

"Est� subindo arroz, feij�o? S� para voc�s saberem: j� conversei com intermedi�rios, vou conversar logo mais com a associa��o de supermercados", disse o presidente. "Estou conversando para ver se os produtos da cesta b�sica a�... estou pedindo um sacrif�cio, patriotismo para os grandes donos de supermercados para manter na menor margem de lucro."

Na mesma conversa, Bolsonaro indicou que tem receio do risco de infla��o. "N�o � no grito, ningu�m vai dar canetada em lugar nenhum... porque veio o aux�lio emergencial, o pessoal come�ou a gastar um pouco mais, muito papel na pra�a, a infla��o vem", declarou. "A melhor maneira de controlar a economia � n�o interferindo. Porque se interferir, dar canetada, n�o d� certo."

Na quinta-feira, 3, a Associa��o Brasileira de Supermercados (Abras) disse que o setor supermercadista tem sofrido forte press�o de aumento nos pre�os. "Conforme apuramos, isso se deve ao aumento das exporta��es destes produtos e sua mat�ria-prima e a diminui��o das importa��es desses itens", disse a associa��o, em comunicado. "Somando-se a isso a pol�tica fiscal de incentivo �s exporta��es, e o crescimento da demanda interna impulsionado pelo aux�lio emergencial do governo federal."

A Abras comunicou � Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), do Minist�rio da Justi�a e Seguran�a P�blica, sobre os reajustes de pre�os de itens como arroz, feij�o, leite, carne e �leo de soja. A associa��o afirmou que a motiva��o foi de buscar solu��es junto a todos os participantes da cadeia de fornecedores.

Segundo a Abras, a alta de pre�os tem acontecido de forma generalizada e repassada pelas ind�strias e fornecedores. "A Abras, que representa as 27 associa��es estaduais afiliadas, v� essa conjuntura com muita preocupa��o, por se tratar de produtos da cesta b�sica da popula��o brasileira."

Fabricantes

A Abia (Associa��o Brasileira da Ind�stria de Alimentos) diz tamb�m em nota que, por se tratar de vari�vel concorrencial, os pre�os n�o s�o discutidos no �mbito da associa��o, mas sim individualmente entre empresas e as cadeias varejistas.

Ainda assim, a entidade cita dados mundiais para dizer que a alta de pre�os de alimentos b�sicos � um fen�meno mundial. "Conforme relat�rio publicado ontem (anteontem) pela Organiza��o das Na��es Unidas para a Alimenta��o e a Agricultura (FAO), o �ndice de Pre�os de Alimentos da FAO atingiu a m�dia de 96,1 pontos, revelando que a alta nos custos dos alimentos que comp�em a cesta b�sica � um fen�meno que se constata em todo o mundo", diz a institui��o.

"No Brasil, a desvaloriza��o cambial de mais de 30% pressiona os custos de produ��o da ind�stria. � importante ressaltar que o aumento provocado pela alta do d�lar n�o � linear para o setor de alimentos e bebidas, pois atinge de modo diferente cada cadeia de produ��o", diz a Abia.

A institui��o diz ainda que n�o h� risco de desabastecimento no mercado interno. "As ind�strias de alimentos t�m trabalhado, sem parar, desde o in�cio da pandemia para que n�o falte alimento na mesa do consumidor brasileiro. A alta de pre�os, infelizmente, tem afetado em maior intensidade a cota��o de algumas mat�rias-primas agr�colas, devido aos movimentos mundiais de oferta e demanda", conclui.

Pre�os e infla��o

O economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) e coordenador do �ndice de Pre�os ao Consumidor (IPC) da Funda��o Get�lio Vargas (FGV), Andr� Braz, selecionou sete produtos b�sicos e verificou que, em 12 meses at� agosto, esses produtos subiram, em m�dia, 28,9% no atacado e 23,8% no varejo.

A cesta selecionada para a an�lise foi composta por arroz, farinha de trigo, a��car, frango, carne bovina, su�na e �leo de soja. "Para esses itens b�sicos, o repasse ao consumidor foi praticamente integral", diz o economista. Braz explica que a diferen�a de cinco pontos porcentuais que ainda n�o chegou �s prateleiras dos supermercados pode ser um atraso por conta de estoques, mas inevitavelmente ser� repassada ao consumidor.

Os aumentos de pre�os dos alimentos neste momento ocorrem sobretudo por causa da desvaloriza��o do real em rela��o ao d�lar, que baliza os pre�os desses produtos no mercado internacional. Esse movimento tamb�m � impulsionado pela forte demanda externa por alimentos, sobretudo por parte da China. Para o presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo (Ibevar), Claudio Felisoni, os argumentos expostos pela Abras fazem sentido.

Al�m da alta do d�lar, a associa��o mencionou incentivos fiscais �s exporta��es e o crescimento da demanda interna impulsionada pelo aux�lio emergencial. "� um fato, mas vivemos uma economia de livre mercado, n�o h� como controlar pre�os", diz Felisoni.

Nos bastidores, a briga seria em torno das perdas de margens e quem repassaria menos as altas. "O setor supermercadista tem se esfor�ado para manter os pre�os normalizados e vem garantindo o abastecimento regular desde o in�cio da pandemia nas 90 mil lojas de todo o Pa�s", disse a Abras no comunicado.

Na opini�o de Braz, da FGV, os supermercados t�m raz�o de reclamar de aumentos de pre�os e essa press�o n�o � de hoje. "A quest�o � que, gradualmente, os varejistas v�m reduzindo as margens at� um ponto que n�o conseguem mais absorver os reajustes. Por isso, t�m de aumentar os pre�os ao consumidor."

Queda de bra�o

Enquanto o presidente Jair Bolsonaro diz que vai conversar com a Associa��o Brasileira de Supermercados (Abras) e pedir sacrif�cio dos donos dessas redes, as empresas do ramo j� travam uma queda de bra�o de mais de 15 dias com seus fornecedores. Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), Eduardo Terra, os supermercados t�m represado suas compras e vendido seus estoques para tentar negociar pre�os menores.

"Nos �ltimos 15 a 20 dias o varejo est� discutindo pre�o. A palavra certa � essa mesma: queda de bra�o", diz Terra. Ele explica que a press�o veio � tona agora, com o recente comunicado da Abras sobre os pre�os da cesta b�sica. Al�m disso, alguns supermercados j� come�am a restringir a compra de produtos b�sicos por cliente. "Como o aumento (nos pre�os dos fornecedores) � abrupto, h� represamento da compra (dos varejistas). O varejo tenta postergar tabela de pre�os", diz.

No entanto, essa briga para ver quem mais diminui suas margens de lucro deve ter pouco sucesso na forma��o geral dos pre�os. Terra avalia, como � consenso entre economistas, que a raz�o central dos aumentos � a alta do d�lar e o consequente aumento das exporta��es. Somado a isso, o aumento de demanda interna causada pelo Aux�lio Emergencial tamb�m pressiona os valores para cima. "O problema � anterior ao fornecedor e o varejista. Est� nos pre�os das commodities", diz.

O consultor de varejo e bens de consumo, Eugenio Foganholo, tamb�m acredita que essa negocia��o j� nasce limitada, j� que as quest�es que fazem os pre�os subirem s�o macroecon�micas. No entanto, ele n�o v� possibilidades de a��o do governo para resolver essa situa��o. "N�o h� solu��o governamental poss�vel no livre mercado", diz. Ele entende que essa regula��o deve ser feita pelos pr�prios consumidores ao substituir os produtos caros na hora da compra.

Na queda de bra�o entre supermercados e fornecedores, a Associa��o Paulista de Supermercados (APAS) disse que tem orientado os associados a comprarem apenas o necess�rio. "A Apas reitera que tem recomendado aos supermercados associados que continuem negociando com seus fornecedores e comprem somente a quantidade necess�ria para a reposi��o", diz em comunicado.

A institui��o afirma ainda que orienta que sejam oferecidos aos consumidores "op��es de substitui��o aos produtos mais impactados por esses aumentos provenientes dos fornecedores de alimentos".
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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