Corre��o: Legado de Ruth Cardoso pauta debates

A ex-primeira-dama Ruth Cardoso alavancou o chamado terceiro no Brasil. Segue texto corrigido:

Ela faria 90 anos no pr�ximo dia 19. A antrop�loga Ruth Corr�a Leite Cardoso morreu em 24 de junho de 2008, aos 77 anos, deixando como legado principal a cria��o do chamado terceiro setor no Brasil, uma pr�tica pol�tica por meio da sociedade civil. Organizada em ONGs, a a��o se somou �s medidas de governo e das empresas na busca pela melhoria das condi��es de vida para a popula��o.

Para marcar a data, a Funda��o FHC programou tr�s eventos ao longo do m�s de setembro: um webin�rio (semin�rio transmitido pela internet), nesta ter�a-feira, 15, uma entrevista com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, no dia 22, e uma exposi��o virtual.

"Quando fui presidente, Ruth cooperava, mas com independ�ncia cr�tica. Jamais foi apenas 'primeira-dama', ali�s n�o gostava de ser assim qualificada", disse Fernando Henrique, hoje com 89 anos. "Ela criou o Comunidade Solid�ria e se dedicou n�o ao 'assistencialismo': queria que as pessoas exercessem seus pap�is na sociedade com autonomia e reivindicando seus direitos."

A obra de Ruth Cardoso no terceiro setor - o Comunidade Solid�ria � o programa mais conhecido - ser� abordada no webin�rio, realizado a partir das 17h30 com transmiss�o pela plataforma Zoom e pelo Facebook. Participam o economista Ricardo Paes de Barros, do Insper, e o soci�logo e escritor Augusto de Franco, com media��o de Simone Coelho, do Ideca.

Em documento da pr�pria Ruth, destacado no acervo da Funda��o FHC, a cientista social aponta a relev�ncia do trabalho do Comunidade Solid�ria j� na primeira linha. "O Comunidade Solid�ria � um exemplo novo de parceria entre Estado e sociedade para combater as desigualdades sociais", escreveu Ruth Cardoso no texto que convida a "ver que, atrav�s das experi�ncias das ONGs, vem sendo criada uma nova perspectiva na vida de todos esses jovens".

"Com o Comunidade Solid�ria, ela transformou em um projeto real essa ideia que possu�a sobre a intera��o entre movimentos sociais e o governo. E, ao mesmo tempo, ela redefiniu o papel de primeira-dama", disse a professora aposentada da USP e pesquisadora do Cebrap, Maria Herm�nia Tavares, que foi aluna e amiga de Ruth. "Ela trouxe para perto do governo uma experi�ncia de coisas que tinha estudado e para as quais tinha grande sensibilidade."

Para o economista Marcos Lisboa, presidente do Insper, a contribui��o de Ruth foi respons�vel por abrir caminho para uma atua��o mais eficaz do Pa�s nas ci�ncias sociais. "A gente melhorou muito a capacidade de fazer pol�tica social gra�as �queles anos", disse. Com foco na pesquisa sobre pol�ticas p�blicas, uma C�tedra da institui��o homenageia a antrop�loga desde 2018. "O Pa�s tem uma d�vida imensa com dona Ruth", afirmou Lisboa.

Sua trajet�ria � descrita como "brilhante" pelo cientista pol�tico e professor da USP Jos� �lvaro Mois�s, que foi aluno e amigo de Ruth. "Uma intelectual muito s�ria, muito competente, mas ao mesmo tempo uma pessoa leve no contato com seus alunos, com extremo cuidado."

Foi na USP tamb�m que ela conheceu Fernando Henrique - com quem se casou, em 1953. "Conheci Ruth quando faz�amos o exame para entrar nas Ci�ncias Sociais da USP. Ela entrou em primeiro lugar, eu no segundo. Ela se especializou em Antropologia, fez doutoramento na USP e foi uma professora dedicada", lembra FHC.

No dia 22 de setembro, FHC falar� sobre a vida e a obra da antrop�loga e educadora em entrevista ao escritor Antonio Prata que ser� transmitida pela internet �s 17h30. Ainda em setembro, vai ao ar no site da funda��o a exposi��o virtual sobre a professora universit�ria e pesquisadora, que publicou livros e artigos sobre sociedade, cultura e pol�tica. "Deixou saudades e bons exemplos", disse FHC.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.