Os projetos dos principais nomes cotados para disputar a Presid�ncia em 2022 tiveram impacto direto na escolha dos candidatos, montagem das chapas, composi��o das alian�as e defini��o de estrat�gias de campanha nas elei��es para a Prefeitura de S�o Paulo.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o governador Jo�o Doria (PSDB), o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) influenciaram decisivamente na defini��o do quadro eleitoral da maior cidade do Brasil sabendo que o resultado do pleito paulistano ter� efeitos em 2022.
L�der nas pesquisas, o deputado Celso Russomanno (Republicanos) s� topou disputar pela terceira vez a prefeitura ap�s receber uma sinaliza��o de apoio de Bolsonaro. Depois de duas elei��es nas quais despontou na frente, mas n�o chegou nem sequer ao segundo turno, Russomanno negociava ser vice na chapa do prefeito Bruno Covas (PSDB), que tenta a reelei��o, mas mudou de ideia depois de um encontro com Bolsonaro.
No primeiro debate entre os candidatos, realizado pela Band, o candidato se escorou no presidente para tentar viabilizar sua principal promessa, a cria��o de um aux�lio emergencial paulistano nos moldes do programa do governo federal.
Covas, segundo colocado, era vice de Doria, apontado como um dos principais advers�rios de Bolsonaro em 2022. A escolha do vereador Ricardo Nunes (MDB) para ser seu vice faz parte da estrat�gia do governador de montar uma alian�a com MDB e DEM para a disputa presidencial.
O acordo fechado entre estes partidos pela reelei��o de Covas � parte de uma articula��o nacional que envolve apoio �nico � presid�ncia da C�mara dos Deputados e � constru��o de uma frente ampla contra Bolsonaro em 2022. "Um passo de cada vez. Ap�s as elei��es deste ano teremos uma indica��o mais clara da for�a dessa uni�o, que, no plano nacional, integra PSDB, MDB e DEM", disse Doria na conven��o tucana.
"A alian�a para eleger o Bruno Covas se reproduz na elei��o e na sociedade", afirmou Marco Vinholi, presidente do PSDB paulista e aliado de Doria. Em reserva, os tucanos apostam na elei��o do prefeito para frear o bolsonarismo na capital e abrir caminho para a constru��o de alian�a em torno de Doria para presidente e Rodrigo Garcia (DEM) para governador.
O vice-governador paulista vai assumir o cargo por pelo menos oito meses caso Doria entre na disputa presidencial. Doria ser� usado com modera��o na campanha de Bruno Covas � reelei��o. Os estrategistas do prefeito reconhecem que a imagem do governador est� desgastada na capital, mas avaliam, com base em pesquisas qualitativas, que o eleitor paulistano aprecia que Covas tenha uma boa rela��o com o Pal�cio dos Bandeirantes.
Para Doria, a vit�ria de Bruno significaria uma derrota do bolsonarismo "pelo centro" e o isolamento do presidente no maior col�gio eleitoral do Pa�s.
"Por tr�s dos dois candidatos mais fortes hoje, de acordo com as pesquisas, est�o Bolsonaro e Doria. Bem ou mal Bruno Covas, por mais que tenha se descolado, � identificado com o Doria, foi o vice do Doria que � o principal antagonista do Bolsonaro em S�o Paulo. Essa l�gica est� muito forte na elei��o municipal",disse o cientista pol�tico Carlos Mello, professor do Insper. "Al�m disso, a quest�o da pandemia, que � uma quest�o nacional, tamb�m vai aparecer. Sobretudo porque o enfrentamento da covid-19 pressup�e pol�ticas p�blicas que est�o no �mbito do munic�pio. Educa��o, sa�de, assist�ncia social, cadastro."
Guilherme Boulos (PSOL), o mais bem colocado entre os nomes da esquerda que disputam a Prefeitura, foi candidato a presidente em 2018. Ele e o PSOL tentam ocupar o espa�o deixado pelo PT no campo progressista e um bom desempenho na elei��o municipal pode cristalizar esta imagem. Caso chegue ao segundo turno, espera ter o apoio dos demais partidos da esquerda criando condi��es para uma ampla frente progressista em 2022. Em eventos de campanha ele tem repetido o mantra de que pretende transformar S�o Paulo na "capital da resist�ncia" e que a "derrota de Bolsonaro come�a aqui".
Al�m disso, Boulos tem sido at� aqui o candidato que mais explora temas nacionais na campanha e tamb�m usa a disputa municipal para atacar Doria. "N�o tem como n�o abordar quest�es nacionais em uma elei��o que acontece durante um governo como o do Bolsonaro. Nosso foco � total na disputa do munic�pio, mas � poss�vel criar um polo de resist�ncia no Pa�s no qual a gente possa se colocar contra o Bolsonaro em n�vel nacional", disse o coordenador da campanha de Boulos, Josu� Rocha.
O ex-governador M�rcio Fran�a (PSB), que disputou o segundo contra Doria em 2018, tem o apoio do PDT de Ciro Gomes. PSB e PDT fecharam alian�as em diversas capitais cujo foco � 2022.
Em S�o Paulo, tanto Fran�a como Russomanno t�m o potencial de ser um entrave para as ambi��es presidenciais de Doria, o que ajudaria Bolsonaro. "Penso que o Bolsonaro tenha identificado no Doria o advers�rio dele para l� na frente. E, sinceramente, acho que ele est� certo. Porque ele (Doria) j� montou uma engenharia que cont�m tr�s partidos grandes e que n�o � para agora, mas para (as elei��es de) 2022. DEM, PSDB e MDB. Isso sozinho j� d� um temp�o de televis�o", disse Fran�a ao Estad�o no evento que selou a alian�a entre PSB e Avante, no final de agosto.
"Vamos supor que eles (do PSDB) ganhassem nas 644 cidades (paulistas) do interior, mas perdessem em S�o Paulo. A leitura brasileira seria que o Doria foi derrotado. Porque S�o Paulo � t�o relevante que, quando voc� ganha aqui, isso tem repercuss�o no Brasil", concluiu na ocasi�o. O vice de Fran�a � o pedetista Antonio Neto.
O PT, que governou a cidade tr�s vezes e o Pa�s por 15 anos, sofre para fazer decolar a candidatura de Jilmar Tatto a prefeito. Mas a escolha de Tatto tamb�m foi influenciada por 2022. Nome mais competitivo do partido, o ex-prefeito Fernando Haddad, segundo colocado na elei��o presidencial de 2018, se recusou disputar a Prefeitura de S�o Paulo. Um dos motivos alegados � que o ex-prefeito deve ser poupado para 2022, quando pode voltar a concorrer � Presid�ncia caso Lula n�o tenha condi��es. A decis�o contou com o apoio do ex-presidente.
O isolamento do PT em S�o Paulo e v�rias outras cidades importantes tamb�m � resultado da estrat�gia de Lula para 2022. Ele orientou o partido a lan�ar candidatos pr�prios no maior n�mero poss�vel de munic�pios com segundo turno, mesmo que isso signifique poucas chances de elei��o. Lula quer usar o hor�rio eleitoral na TV para defender o PT e a si mesmo, reduzir o antipetismo resultante da Lava Jato, atacar Bolsonaro e pavimentar o caminho para 2022. Ele e Haddad est�o gravando participa��es nos programas de centenas de candidatos petistas. O ex-prefeito j� gravou para mais de 200 deles.
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