PGR revela reuni�o de vice do AM com presidente de Comiss�o de Impeachment

Ao representar pela deflagra��o da segunda fase da Opera��o Sangria na manh� desta quinta, 8, a Procuradoria-Geral da Rep�blica afirmou ter encontrado mensagens que indicam 'participa��o direta' do vice-governador do Amazonas Carlos Alberto Almeida no processo de compra de respiradores para o Estado que est� sob suspeita de superfaturamento - 'inclusive no tocante � possibilidade de realiza��o de pagamento de forma antecipada'.

Al�m disso, a PGR relatou ao ministro Francisco Falc�o, do Superior Tribunal de Justi�a, que Carlos Alberto Almeida, utilizou salas em um pr�dio comercial, vinculadas a um escrit�rio de advocacia, para realizar, em maio, reuni�es com diversos servidores p�blicos, inclusive a deputada estadual Alessandra Campelo, relatora de comiss�o de impeachment na Assembleia Legislativa.

Segundo a decis�o que deflagrou a Sangria 2, um dos s�cios do escrit�rio usado para os encontros � o filho do empres�rio Julio Cezar Furtado de Queiroz, s�cio propriet�rio de empresas que possuem diversos contratos, na �rea da Sa�de, com o Governo do Estado.

As indica��es levaram o ministro a considerar 'pertinente e razo�vel' a realiza��o de buscas em endere�os vinculados a Carlos Alberto de Almeida, inclusive na sede do governo do Estado e tamb�m nas salas comerciais no Edif�cio F�rum Business. "N�o se pode afastar a possibilidade de que existam nesses locais elementos necess�rios � comprova��o dos crimes praticados", registrou Falc�o em sua decis�o.

As medidas s�o realizadas na manh� desta quinta, 8, sendo que a Pol�cia Federal cumpre ao todo 11 mandados de busca e apreens�o contra seis investigados na 'Sangria 2'.

Os agentes cumprem ainda cinco ordens de pris�o tempor�ria contra o ex-secret�rio de Sa�de Rodrigo Tobias; a ex-subsecret�ria de Aten��o � Sa�de em Manaus, Dayana Priscila Mejia de Sousa; o engenheiro cl�nico Ronald Gon�alo de Caldas Santos; o m�dico Luiz Carlos Avelino Junior, marido da ex-secret�ria de Comunica��o Social do Amazonas, Daniela Assayag; e o empres�rio Gutemberg Le�o Alencar, apontado como 'homem de confian�a' indicado pelo governador Wilson Lima (PSC) para intermediar a compra dos respiradores.

Carlos Alberto foi Secret�rio da Sa�de do Amazonas por tr�s meses no in�cio do governo de Wilson Lima, sendo o respons�vel por indicar seu sucessor, Rodrigo Tobias de Souza Lima e tamb�m o Secret�rio executivo da pasta, Jo�o Paulo Marques dos Santos. O primeiro � alvo de mandado de pris�o da segunda etapa da Sangria e o segundo foi preso na primeira fase da opera��o.

Segundo a PGR, mensagens extra�das do celular de Jo�o Paulo 'denotam que a c�pula da Secretaria de Sa�de se reportava frequentemente ao vice-governador para tratar de contratos na �rea da sa�de, inclusive no tocante � efetiva��o de pagamentos, demonstrando que Carlos Alberto Almeida tinha ascend�ncia sobre os assuntos da pasta'.

Com rela��o aos encontros no escrit�rio de advocacia, a Procuradoria considerou que 'causa estranheza' o vice-governador n�o se valer de edif�cios oficiais para as reuni�es. "Esse aspecto, levanta suspeitas sobre os prop�sitos das mesmas, sugerindo que a inten��o do investigado era esconder a ocorr�ncia dos mesmos", escreveu a subprocuradora-geral da Rep�blica Lind�ra Ara�jo no parecer enviado ao STJ.

A PGR ainda chegou a citar outros nomes que teriam comparecido �s reuni�es no pr�dio comercial em Manaus - o ex-secret�rio executivo da Susam, Jo�o Paulo Marques dos Santos, preso na primeira etapa da 'Sangria'; o ex-chefe da Casa Civil Louren�o dos Santos Pereira Braga; e a chefe de gabinete do governador Wilson Lima; L�cia Carla da Gama Rodrigues.

J� a reuni�o com a deputada Alessandra Campelo ocorreu no dia 20 de maio, segundo a PGR, sendo que posteriomente a deputada foi nomeada presidente da Comiss�o Especial de impeachment do governador e do vice do Amazonas. A Procuradoria diz ainda que em agosto, o processo foi arquivado pela Assembleia Legislativa, sendo que Alessandra foi uma das que votou pelo arquivamento.

"Vale destacar, por oportuno, que, no mesmo m�s do encontro, Marcellus Camp�llo, primo da deputada estadual Alessandra Campelo, foi nomeado para a Secretaria-Executiva da pasta da Sa�de do Amazonas", registrou ainda a Procuradoria.

A PGR indicou ainda que os encontros registrados pelas c�mera do circuito interno do edif�cio comercial na capital amazonense t�m 'circunst�ncias peculiares'. De acordo com a Procuradoria, as grava��es mostram os participantes 'portando bolsas, maletas, mochilas, e at� mesmo lancheiras ou vasilhames' - "algo deveras inusual".

"Essa quest�o foi objeto de divulga��o, em rede social, de informa��o no sentido de que o vice-governador estaria utilizando uma bolsa para transportar dinheiro em esp�cie", registrou o relator da Opera��o Sangria em sua decis�o.

Na pe�a representa��o da opera��o enviada ao STJ, a subprocuradora-geral da Rep�blica indica que o inqu�rito em curso investiga o direcionamento na contrata��o da empresa, sobrepre�o e superfaturamento na aquisi��o dos respiradores, organiza��o criminosa, lavagem de dinheiro e montagem de processos e adultera��o de documentos, com a finalidade de encobrir os crimes praticados.

"H� uma verdadeira organiza��o criminosa que se instalou na estrutura do governo do estado do Amazonas, com o objetivo de desviar recursos p�blicos destinados a atender �s necessidades da pandemia de covid-19", defendeu a Procuradoria no parecer.

COM A PALAVRA, O GOVERNO DO AMAZONAS

O Governo do Amazonas informa que est� contribuindo com a apura��o dos fatos pela Pol�cia Federal e �rg�os de controle e que a a��o de busca e apreens�o, desencadeada nesta quinta-feira (08/10), envolve, em grande parte, pessoas que j� n�o fazem mais parte da estrutura de Governo, bem como servidores que n�o atuam como ordenadores de despesas ou tenham poder de decis�o na estrutura do Estado ou da investiga��o em quest�o. O Governo do Estado reitera que tem atuado de forma transparente e que confia na Justi�a.

COM A PALAVRA, OS DEMAIS CITADOS

At� a publica��o desta mat�ria, a reportagem ainda buscava contato com os investigados, mas sem sucesso. O espa�o permanece aberto a manifesta��es.