(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas ELEI��ES 2020

Veja a �ntegra da entrevista de Nilm�rio Miranda, candidato � Prefeitura de BH, aos Di�rios Associados

S�rie de entrevistas s�o realizadas pelo Estado de Minas, TV Alterosa e Portal Uai


28/10/2020 06:00 - atualizado 28/10/2020 07:28

Nilmário Miranda, candidato do PT à Prefeitura de Belo Horizonte(foto: Tulio Santos/EM/D.A Press)
Nilm�rio Miranda, candidato do PT � Prefeitura de Belo Horizonte (foto: Tulio Santos/EM/D.A Press)
Uma cidade mais alegre, com menos desigualdade social e livre do neofascismo. � o que projeta Nilm�rio Miranda (PT), terceiro candidato � Prefeitura de Belo Horizonte nas Elei��es 2020 entrevistado pelos Di�rios Associados (Estado de MinasTV Alterosa e Portal Uai).

O petista falou sobre seus principais projetos de governo, como uma renda m�nima municipal, com a qual pretende complementar o Bolsa Fam�lia de, aproximadamente, 300 mil belo-horizontinos.

Jornalista, nascido em Belo Horizonte em 11 de agosto de 1947, Nilm�rio � casado com Stael Miranda, soci�loga e professora da Universidade Federal de Minas Gerais, e tem tr�s filhos: Renata, Fernanda e Vitor.

Se apresenta como candidato que luta “pela democracia sempre” e “em defesa dos Direitos Humanos, do povo Negro, LGBTs, Mulheres, Assist�ncia Social e Cultura”.

Ele foi deputado federal e estadual e secret�rio de Direitos Humanos no governo do ex-presidente Lu�s In�cio Lula da Silva (PT). Nilm�rio concorreu ao governo de Minas Gerais em 2002 e 2006, sendo derrotado por A�cio Neves em ambas as oportunidades.

Veja abaixo a �ntegra da entrevista do candidato Nilm�rio Miranda.

EM: Qual ser� a sua primeira medida se for eleito prefeito de Belo Horizonte?

Acredito que ser�o os piores anos do s�culo. Viemos de uma crise econ�mica, social e pol�tica, que com a pandemia se agravou. Vamos fazer uma esp�cie de economia de guerra, como foi p�s 1930, quando surgiu o keynesianismo, e p�s Segunda Guerra Mundial. � quase uma situa��o de emerg�ncia, para poder socorrer as pessoas. Tem mais pessoas desempregadas do que empregadas hoje no Brasil. Houve perda de renda. A queda de R$600 para R$300 � perversa; R$10 por dia n�o d� nem para um prato feito. Como o povo vai viver desse jeito? Vamos ter que criar mecanismos para as pessoas viverem. Por isso falei em economia de guerra. Eu que sou pacifista, antibelicista. Precisa de um esquema tipo keynesiano, de pequenas obras, economia popular e solid�ria. Penso em uma renda m�nima municipal para completar o Bolsa Fam�lia, paga com moeda social – s� vale em Belo Horizonte. E um banco social. Tem v�rios casos no Brasil e n�s vamos aplicar aqui. Gerar empregos tamb�m. Por exemplo, trocador. Tiraram os trocadores n�o sei pra qu�. S� agravou a situa��o dos motoristas, causou desemprego e aumentou a passagem mesmo assim. Ficou p�ssimo. A unanimidade � contra. Voltar a ter escola de tempo integral recontratar pessoas na Sa�de, na Assist�ncia Social. Os pr�prios empregos virem do socorro � popula��o.

EM:As medidas que o senhor citou seriam implementadas em determinadas regi�es da cidade, para segmentos que precisam de mais aten��o, ou de uma forma mais geral?

A renda municipal � para atingir pouco mais de 300 mil pessoas. S�o as do Cadastro �nico, mais alguns que ficaram com renda zero. Quem tiver crian�a de zero a seis anos, acrescenta R$50. Ningu�m ficar� com menos de um quarto de sal�rio m�nimo em cada fam�lia. Vamos quase dobrar o Bolsa Fam�lia per capita, com moeda social. S� vale aqui em Belo Horizonte. N�o vale em Santa Luzia, nem em Nova Lima. A pessoa s� pode comprar aqui. Isso visa, tamb�m, recuperar as atividades econ�micas locais.
Tenho uma proposta de fazer por regionais. BH s�o nove grandes cidades. Se fossem cidades separadas, ter�amos nove cidades com dois turnos. Felizmente, � uma cidade s�. Regionalizar de novo. Foi um erro grave do Kalil ter acabado com as regionais. Entre Barreiro e Venda Nova olha a dist�ncia que tem! Obrigar as pessoas a se deslocar de todas as regionais para o BH Resolve, para qu�? Engarrafamentos gigantescos, hipercentro � tudo hiper aqui. A cidade que eu chamo do ‘bem viver’ descentraliza, tem muitos centros. Vamos fazer isso que estamos falando em cada regional. Isso vale para transporte, ciclovias, educa��o, sa�de, cultura. Para todas virarem agencia de desenvolvimento regional. 

EM: Al�m dessa quest�o das regionais, o que voc� mais criticaria no governo do prefeito Alexandre Kalil? E qual seria, na sua avalia��o, um acerto da atual administra��o?

Ele (Kalil) foi bem na pandemia. Isso � obvio. Eu era presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos, representando o Sindicato dos Jornalistas e fizemos uma nota de apoio a ele quando ele enfrentou o Bolsonaro. Com Bolsonaro desorganizando o enfrentamento da pandemia, n�s apoiamos o prefeito. N�o o partido, o prefeito da cidade. Quando ele tomou posse, disse ‘n�o vou fazer nada, s� vou tocar o que existe’. Isso � �timo para n�s. Porque n�s (PT) governamos a cidade por 16 anos, com quatro bons governos. Deixamos uma estrutura de governan�a s�lida. BH funciona mesmo com prefeitos que n�o fazem nada. H� mobilidade, tem plano diretor para isso e aquilo. A Sa�de tem 15% h� mais de duas d�cadas. A Educa��o tem 30% h� mais de duas d�cadas. A folha ocupa, no m�ximo, 35%, incluindo inativos. A cidade tem R$3 bilh�es para investir por ano. A cidade funciona. Ent�o n�o � dif�cil administrar Belo Horizonte. Agora, isso � suficiente? N�o. Tem 300 mil pessoas em Belo Horizonte, que a minha vice Luana de Souza chama de invis�veis. As pol�ticas n�o as abrangem. Nem de sa�de, educa��o, inclus�o digital... Nada. A pandemia revelou essa profunda desigualdade na cidade. Sou um defensor hist�rico dos direitos humanos e, no meu entendimento, essa � a tarefa principal. O prefeito n�o tem esse projeto. Precisa tocar o que tem? � claro. Mas n�s n�o fizemos nenhuma oposi��o injusta, pessoal ou agressiva. Quero chegar ao segundo turno de uma elei��o com 15 candidatos, que n�o tem debate nem em televis�o, nem em lugar nenhum. O tempo de televis�o tem 1 minuto e 4 segundos. N�o d� nem pra expor direito a proposta. Quero chegar ao segundo turno para debater o que � melhor para BH. Vamos mostrar, ‘olha prefeito, voc� acabou com a escola de tempo integral, isso era estrat�gico para combater a desigualdade. Congelou as creches, isso era estrat�gico para BH. O transporte, voc� falou que ia fazer isso e aquilo, e ficou pior no final do seu governo’. Vamos ter que resgatar isso e ir mostrando as debilidades, qual o melhor projeto para BH em todas as �reas. Nada dessa selvageria, desse �dio que quiseram implantar em nossa cidade. � uma cidade que nunca teve esse �dio e espero que nunca mais tenha.

EM: O senhor falou em 300 mil invis�veis em Belo Horizonte. Entre eles, obviamente, est�o os moradores de rua. Como pretende resolver esse problema, se for eleito?

Em primeiro lugar, outra cr�tica a ele (Kalil). Ele falou que se tratar bem demais, der muito conforto – ele usou essa express�o – vai atrair mais. Isso para mim � uma nega��o dos direitos humanos, � dignidade de cada ser humano. O que � ‘conforto’? Fazer com que eles tomem caf� da manh�, almocem e jantem todos os dias? Tenham um lugar de se lavar, para dormir? Quando precisar, tem duas mil pessoas que podem ser acolhidas. Mas existem dez mil (moradores de rua na capital). Isso � um recorde hist�rico! O que temos que fazer? N�s temos 70 mil im�veis n�o ocupados em Belo Horizonte. � fazer aluguel social, autoconstru��o. Esse fim de semana eu visitei dezenas de conjuntos de autogest�o feita pela prefeitura. As ultimas grandes interven��es em BH, feitas nos aglomerados, fomos n�s que fizemos. Vila Viva, urbaniza��o da Favela da Serra, Morro das Pedras, Barragem Santa L�cia. N�s fizemos isso e n�o foi feito mais nada. Recuperar isso. � claro que n�o se governa olhando para tr�s. Tem que projetar a partir dos novos desafios. Mas certamente est� a�. Voltar com o Or�amento Participativo, a democracia participativa, a ter regionais fortes, enfrentar os moradores de rua como deve ser o problema, que envolve habita��o, assist�ncia, acolhimento, para os que s�o LGBT expulsos de casa. Tem um projeto genial feito pelo Haddad que se chama Transcidadania, que � pegar as pessoas LGBT que moram nas ruas e capacit�-los para ter outras coisas que n�o seja a prostitui��o, doen�as, viol�ncia, morte. H� pessoas que t�m sofrimento mental e temos que trata-las com os Centros de Aten��o Psicossocial (CAPS).
Nilmário Miranda compareceu aos estúdios da TV Alterosa para a entrevista(foto: Tulio Santos/EM/D.A Press)
Nilm�rio Miranda compareceu aos est�dios da TV Alterosa para a entrevista (foto: Tulio Santos/EM/D.A Press)

EM: Se eleito, como ser� a sua rela��o com os governos Romeu Zema e Jair Bolsonaro?

A mesma que n�s tivemos. Eu fui ministro do governo Lula. Tivemos quatro governos, 16 anos, e nunca discriminamos uma cidade por ser do partido A, B ou C. Quando se discrimina uma cidade, se prejudica o povo. O Zema vai ser contra quem votou nele? Vai perseguir porque um prefeito � do PT e � contra as privatiza��es que ele quer fazer, que achamos totalmente absurdas? N�o. Tem que haver uma rela��o republicana. O que tiver que investir, tem que investir. Assim como o Governo Federal. Felizmente, para muitas pol�ticas p�blicas, existe o pacto federativo, que diz que a Uni�o deve entrar com isso e aquilo. Se ele se recusar, voc� judicializa e a cidade ganha. Teremos uma rela��o republicana normal para tratar os governos. Uma coisa � oposi��o pol�tica, que meu partido faz de forma vigorosa ao governo Bolsonaro, que a gente chama de neofacista, de rompimento com a democracia, com a soberania nacional, antipopular. Agora, como prefeito, meu papel n�o � esse. Isso � meu partido quem faz, na C�mara Municipal, na Assembleia, C�mara dos Deputados e no Senado. O prefeito governa para todos. Mesmo quem n�o votou nele e at� quem n�o gosta dele. 

EM: Seu plano de governo fala em fomentar os pequenos empres�rios, que sofreram bastante nessa pandemia, junto com outros segmentos. Como o senhor pretende recuperar a economia da cidade?

Por exemplo, usar o potencial do or�amento da Prefeitura em contrata��es de outra maneira, privilegiando pequenas e m�dias empresas. Em vez de grandes empresas e empres�rios amigos. Nada disso. Onde mais gera emprego no Brasil � na pequena e micro. Esse esquema tamb�m de fortalecer o mercado interno com a renda municipal, atingindo mais de 300 mil pessoas, � bom para a economia, um poderoso vetor econ�mico. A moeda social s� vale para Belo Horizonte, logo fortalece pequenas e microempresas. Em todas as �reas, servi�os e com�rcio. Acho que n�o tem muito segredo.

EM: Em raz�o da pandemia n�o tivemos aulas e as crian�as de baixa renda, que n�o t�m acesso � internet, ficaram muito prejudicadas. Se eleito, como recuperar esse tempo perdido?

No caso da pr�-escolar, que � prioridade, as creches est�o paradas no tempo. Est�o do mesmo tamanho de quando come�ou o governo do Kalil. �bvio que n�o atendem. � uma maneira de gerar emprego tamb�m expandindo as creches. O ensino infantil � fundamental. Estavam implantando, j� estava na metade dos alunos com escola em tempo integral. O aluno chega de manh�, sai � tarde, com almo�o de boa qualidade, tem acompanhamento para recuperar esse tempo perdido que voc� falou. Ter uma prepara��o para isso. E ele acabou com escola em tempo integral. Agora s�o s� quatro horas e meia. Como faz uma mulher que sai de casa 5h da manh� e volta 19h? como � que faz? Vai deixar os filhos onde? S�o as que mais precisam de ensino em tempo integral. As crian�as serem bem cuidadas � fundamental para a luta contra a desigualdade social. No caso da exclus�o digital, temos um projeto de levar fibra �tica para todas as escolas municipais. De modo a atender tamb�m uma vertente que � a cidade inteligente. T�nhamos aquele projeto da (Parque Tecnol�gico de Belo Horizonte) BHTec, das startups aqui, da UFMG, uma fant�stica universidade e da Prodabel (Empresa de Inform�tica e Informa��o de Belo Horizonte) de levar fibra �tica para as favelas, subir morros. Porque o mercado n�o sobe. Tem que ser o poder p�blico. O mercado procura o lucro, � normal, o capitalismo funciona assim. N�o sobe o morro porque l� n�o tem lucro. O poder publico tem que levar inclus�o digital via escolas tamb�m. Tem um d�ficit cr�nico de programadores, ent�o tem que come�ar desde os sete anos de idade a preparar as pessoas para o futuro. Tem um socorro emergencial e tem que preparar para as voca��es de BH para o futuro.

EM: Sobre esse ‘programa socioecon�mico emergencial’, seu plano de governo fala que usar� recursos das ren�ncias de receita do Munic�pio, em torno de R$60 milh�es. Quais s�o essas receitas e como o senhor pretende operacionalizar seu uso?

Tem muita isen��o que n�o gera emprego, que foi feita numa suposi��o que n�o se confirmou. BH tem a segunda passagem mais cara do pa�s. No entanto, o usu�rio paga pela gratuidade dos policiais militares, que � justa. A PM deve ter gratuidade sim, mas quem deve pagar � o estado, n�o o usu�rio. A gratuidade dos estudantes deveria sair da verba da educa��o. Tem dinheiro pra isso. Os deficientes e idosos devem ter gratuidade. Eu que sou dos direitos humanos sempre fui favor�vel. Mas quem deve pagar � a Assist�ncia Social, que tem recursos para isso, n�o o usu�rio. Reduzir subs�dios para gerar mais trabalho. No caso espec�fico da passagem, reduzir o pre�o, voltar a ter trocador. De um or�amento de R$13 bilh�es, vamos usar 4%, R$110 milh�es por m�s. N�o � uma coisa extraordin�ria? Para um impacto econ�mico, social e de cidadania que vai ter muito forte. 

EM: As �ltimas pesquisas eleitorais colocam o segundo colocado com 7% das inten��es de voto e o senhor com 2,5%. No caso do PT, que j� governou a cidade, como explicar esse desempenho t�o baixo? E o fato do PSOL, que tamb�m � de esquerda estar � frente do PT?

Se levarmos em conta a pesquisa que o Estado de Minas publicou no domingo, do Instituto Paran�, eu teria 2,5%. A companheira do PSOL 4% e o outro 7%. Quase um empate t�cnico. Na verdade, s� tem um candidato at� hoje. chama-se Kalil. Porque o povo n�o sabe, n�o se envolveu. N�o houve campanha, n�o houve como chegar. S� o prefeito tinha m�dia o tempo inteiro nesses meses. Os petistas n�o sabem que eu sou candidato ainda. Est�o come�ando a saber. A elei��o vai ser decidida nesses �ltimos dias. Vamos ter muitas surpresas boas a�.
Durante a entrevista de Nilmário Miranda e demais candidatos, foram observados protocolos de segurança, como distanciamento e uso de máscara(foto: Tulio Santos/EM/D.A Press)
Durante a entrevista de Nilm�rio Miranda e demais candidatos, foram observados protocolos de seguran�a, como distanciamento e uso de m�scara (foto: Tulio Santos/EM/D.A Press)

EM: Projetando um eventual segundo turno em que o senhor n�o esteja, quem pensa em apoiar e quem n�o apoiaria de forma alguma?

Acho que posso estar. N�o est� escrito em lugar nenhum que eu n�o posso estar. Na elei��o passada, no pior momento da hist�ria do PT, o companheiro Reginaldo Lopes, que muito corajosamente enfrentou aquela elei��o, tinha 1,5% a 20 dias da elei��o. Nas pesquisas publicadas eu tenho entre 2% e 2,5%. Ent�o est� igual estava naquele per�odo. Isso � a pandemia que explica. E as regras eleitorais perversas. A reforma foi para pior. Reduziu o tempo de campanha para 42 dias. Eram 90. Reduziu o tempo de televis�o e cancelou os debates. Debate com 15 candidatos � muito dif�cil. As emissoras, apesar de serem concess�es p�blicas, deveriam fazer o debate, com sorteios de grupos separados. Elei��es sem debate o que vai valer? O candidato mais rico, que tem 10% do imposto do ano passado. O meu � 0. Do outro pode ser R$5 milh�es. Vai continuar prevalecendo a riqueza? � isso? Elei��o � um confronto de projetos para a cidade. Quero chegar ao segundo turno para l� sim fazer o debate sobre a cidade. Temos um corpo t�cnico admir�vel, dos quatro governos do PT aqui, que conhece a cidade a fundo. Muitos participaram do Governo Estadual e Federal. Temos diagn�sticos perfeitos sobre tudo na cidade. E projetos �timos. Tenho 1 minuto e 4 segundos (de televis�o). N�o d� tempo de expor os projetos. Quero chegar ao segundo turno para mostrar o que � melhor para a cidade. Por exemplo, no caso da economia. A economia criativa em Belo Horizonte � fundamental. Teve um prefeito que quis proibir o carnaval, praticamente, na Pra�a da Esta��o, debaixo dos viadutos, e gerou uma desobedi�ncia civil. Foi um dos melhores carnaval do Brasil, de blocos. A economia criativa dos blocos, da parada LGBT, dos festivais de teatro. � uma economia enorme para Belo Horizonte, para ser descentralizada, distribu�da pela cidade. � uma fonte de emprego e renda important�ssima na economia p�s pandemia. BH � uma cidade muito alegre e rebelde. A hist�ria do carnaval daqui � uma hist�ria de rebeldia. Para celebrar a alegria, fez-se a rebeldia.

EM: O PT j� teve a maior bancada na C�mara Municipal e veio declinando o n�mero de vereadores eleitos. Como voc�s est�o projetando desta vez o desempenho para o Legislativo nestas elei��es?

Na �ltima elei��o, elegemos dois do PT e um do PCdoB. Nessa elei��o que foi uma resist�ncia, porque foi um massacre. Aquelas dela��es arranjadas do Palocci (de ministro da Fazenda no governo Lula e da Casa Civil no governo Dilma), por exemplo, para derrotar o Haddad tiveram efeito sobre o PT no Brasil inteiro. Fizemos dois vereadores do PT, mesmo n�mero que t�nhamos em 1982, mas sempre tivemos uma m�dia de seis. �s vezes um pouco mais que isso, mas com coliga��es com PCdoB, PSB... � poss�vel chegar, com os votos dos eleitores que se declaram petistas, nos pr�ximos dias, provocar um segundo turno e eleger uma boa bancada, chegando o mais pr�ximo poss�vel da m�dia. Com certeza ser�o mais de dois. h� companheiros especialistas nisso que acham que podemos ter seis, outros, cinco. Vamos buscar ter o m�ximo. E tamb�m temos o voto de legenda. Vou trabalhar isso nos pr�ximos dias, o 13. A campanha de BH me levou a aceitar a candidatura aqui. N�o tinha o projeto de ser candidato. Uma das raz�es foi que (a campanha da capital) atinge umas cem cidades. Ent�o o 13 vai para essas cem cidades e ajuda o PT numa parte enorme do estado tamb�m, principalmente na regi�o metropolitana. Vamos chegar a um bom resultado e esperamos tamb�m que os partidos de esquerda elejam. Porque essa � a pior C�mara p�s-ditadura que j� tivemos. Aprovou ‘Escola Sem Partido’, uma coisa j� condenada pelo STF, inconstitucional. Estimula o preconceito religioso e de g�nero, pro�be discutir a diversidade que caracteriza o Brasil. Um Estado multi�tnico, multirracial e multicultural. Que C�mara � essa? Esperamos que as bancadas progressistas sejam fortes. E que se tem que ter direitos, que sejam direitos civilizados. N�o que defendam a barb�rie, neofascista, contra a democracia, contra o estado laico. Que eleja um centro tamb�m. Sempre foi assim. Sempre houve em BH 30% que era contra o PT. Nos 40 anos de exist�ncia do PT aqui. N�s elegemos quatro prefeitos. N�o nos impediu. E fizeram �timos governos para a cidade a cidade, governavam a C�mara bem, n�o perseguia ningu�m. Uma conviv�ncia saud�vel, pac�fica. Disputa ideol�gica, mas n�o desmoraliza��o de pessoas, ataques pessoais, campanhas de �dio. Isso n�o � Belo Horizonte.

EM: Como o senhor avalia a forma que a religi�o e o fundamentalismo religioso se colocam na pol�tica em Belo Horizonte?

H� 129 anos atr�s, n�s aprovamos o Estado laico, em que cada um pode escolher a religi�o que quiser ou nenhuma religi�o. Isso � fundamental para a democracia. Fazer uma escola sem partido � romper com o estado laico, com a tradi��o democr�tica, a melhor tradi��o do pa�s. A �nica coisa � derrotar isso, esquecer que isso existiu. Foi um pesadelo. A elei��o de 2016 nos legou isso. A de 2018 trouxe quase o neofascismo. N�s vivemos o integralismo na d�cada de 1930, que era um pouco isso, mas n�o era t�o agressivo. N�o falava em armas, morte. Nunca teve um presidente que � contra vacinar as pessoas. A �nica coisa que pode nos levar � normalidade � a vacina��o, para a vida voltar ao normal, tudo voltar a acontecer. Ele acha que n�o deve ter a vacina��o massiva. Ningu�m falou em obrigat�ria. Voc� universaliza a vacina. N�s criamos uma tradi��o na ditadura, em 1973, um programa nacional de imuniza��o. Fomos um dos pa�ses que mais avan�ou na erradica��o de doen�as evit�veis. Agora vem um perverso e fala que n�o vai gastar dinheiro com vacina! Ah, o que � isso, gente?! Isso � um rompimento com as melhores tradi��es. Agora, um raio n�o cai duas vezes no mesmo lugar, n�? Ent�o n�o vai cair de novo em Belo Horizonte. Aqui, acho que o bolsonarismo est� derrotado. Pesquisas nos d�o que � uma for�a bem menor do que foi. E tomara que tome lugar da direita quem n�o tem esse vi�s antidemocr�tico, neofacista e de rompimento com o estado laico.

EM: Por causa de esc�ndalos de corrup��o, fortaleceu-se o antipetismo e o bolsonarismo. O PT chegou a deixar de usar s�mbolos tradicionais, como a estrela e a cor vermelha. Isso voltou nesta campanha, inclusive com apari��es do ex-presidente Lula pedindo votos para o senhor. O que essa retomada desse orgulho do petismo pode ter de impacto nesta campanha?

Em primeiro lugar, vamos falar de esc�ndalos. Governamos essa cidade por 16 anos e sempre teve 30% contra. N�o tem nada a ver com esc�ndalos. Esc�ndalos pra mim foram forjados para evitar uma elei��o democr�tica. O s�mbolo foi aquele discurso do A�cio Neves no Senado em 21 de novembro 2014, que chamou um golpe. O av� dele (Tancredo Neves) foi a pessoa que mais combateu golpes no Brasil. E foi um conservador, uma pessoa admir�vel. E logo o neto dele foi quem chamou um golpe, come�ou a romper as regras da democracia. Antes disso, havia elei��es normais. O C�lio de Castro tem uma frase que eu nunca esquecerei: ‘Aqui em Belo Horizonte � assim, 30% � direita. Se eu pintar as ruas de ouro, eles votam contra mim, porque eu sou da esquerda’. E � verdade. Nunca tivemos o voto de todos, mesmo com excelentes administra��es. Isso faz parte da hist�ria de BH, de Minas do pa�s. Um pa�s que teve mais de tr�s s�culos de escravid�o, que as mulheres foram votar pela primeira vez na d�cada de 30, que analfabetos passaram a votar a partir de 1988. Claro que tem uma direita forte neste pa�s! Uma direita que tem saudade da casa grande, que � racista, homof�bica, machista, patriarcalista. Mesmo quando n�o professa o �dio. Aquele �dio agressivo, destrutivo, ela � isso. Um dos pa�ses que mais mata mulheres no mundo! Que mais tem estupro de crian�as dentro de casa. Que mais tem racismo institucionalizado. Esse � o Brasil. Agora, o ponto fora da curva � o neofascismo. Precisamos nos livrar dele e voltar a ter um pa�s democr�tico. Com revezamento no poder. Que ganhe a direita, que ganhe a esquerda, mas que aceite o resultado. N�o fa�a como o A�cio fez.

EM: Gostar�amos que o senhor deixasse uma mensagem aos eleitores.

Belo Horizonte � uma cidade muito alegre, boa de se viver. Tem uma cultura espetacular, uma hist�ria cultural que poucas cidades conseguiram em t�o pouco tempo. Na literatura, no teatro, na dan�a, na m�sica, na arquitetura. Uma cidade espetacular. Vamos recuperar essa cidade. Essa BH que n�s gostamos tanto. Ali�s, o Estado de Minas publicou uma mat�ria no domingo, perguntando aos candidatos o que eles mais gostam em BH. Muito interessante. BH � um pouco aquilo, as perguntas que est�o ali. Isso que n�s queremos. Queremos nossa BH de volta.


















receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)