Huck intensifica conversas por 2022

Enquanto a elei��o de 2022 n�o chega, o apresentador de TV Luciano Huck faz movimentos � esquerda e � direita em busca de articula��o para uma eventual candidatura � Presid�ncia da Rep�blica. Nos �ltimos meses, Huck se reuniu com o governador do Maranh�o, Fl�vio Dino (PCdoB), pol�ticos, pesquisadores e representantes de setores empresariais. O encontro mais recente ocorreu com o ex-ministro da Justi�a e ex-juiz da Lava Jato, S�rgio Moro, e foi visto com ressalvas pelos conselheiros e articuladores do projeto eleitoral de Huck.

O n�cleo que acompanha os movimentos do apresentador v� Moro como um nome ainda muito ligado � direita. Embora tenha rompido com o presidente Jair Bolsonaro, sua passagem recente pelo governo federal poderia tirar o car�ter centrista que os apoiadores de Huck gostariam de dar a uma eventual candidatura. O encontro entre os dois, que ocorreu no �ltimo dia 30 no apartamento de Moro, em Curitiba, foi revelado ontem pelo jornal Folha de S.Paulo. O Estad�o confirmou que eles almo�aram juntos.

Presidente do Cidadania, o ex-deputado Roberto Freire, que j� abriu as portas do partido para Huck e tem atra�do l�deres de movimentos de renova��o, disse ao Estad�o que j� sabia que Huck se encontraria com Moro. Ele defendeu o di�logo, apesar das diferen�as pol�ticas que tem com o ex-juiz, e afirmou que a prioridade para 2022 deve ser combater Bolsonaro.

"(Uma eventual uni�o de Huck com Moro) � problem�tica? Claro que sim, mas (o debate) tem que come�ar agora para dar tempo de as pessoas se convencerem de que � importante unir oposi��es democr�ticas contra o bolsonarismo. Veja o que os Estados Unidos fizeram. N�o vejo converg�ncia entre meu partido e o Moro, mas prefiro a direita lavajatista do que Bolsonaro. Se a pessoa quiser se integrar, n�o podemos exclu�-la por causa das companhias com quem ela andava", afirmou.

Nem todos os pol�ticos que t�m tido contato com Huck pensam desse jeito. Tamb�m defensor de uma frente democr�tica para enfrentar o bolsonarismo em 2022, Fl�vio Dino disse que Huck "explode pontes" ao se aproximar de Moro. "Existe uma rejei��o profunda a Moro na pol�tica e no mundo jur�dico. � visto como extremista e mau car�ter. Quem com ele se junta explode pontes e abre m�o de ser um aglutinador", disse.

Neste domingo, 8, antes de comentar o encontro entre Huck e Moro, Dino postou no Twitter uma cr�tica ao ex-ministro por ter gravado v�deo em defesa de Capit�o Wagner (PROS), candidato a prefeito de Fortaleza, acusado pelo governador Camilo Santana (PT) de ter incentivado o motim de policiais em fevereiro. "Moro grava v�deo para um extremista l�der de motim. Come�ou muito mal sua tentativa de se reinventar como refer�ncia do 'centro'", escreveu. Wagner nega ter incentivado o motim e diz ter atuado pelo fim da paralisa��o.

O governador do Maranh�o � um dos principais interlocutores de Huck na esquerda, j� foi apontado como poss�vel vice em uma chapa com o apresentador e defendeu publicamente a aproxima��o entre o global e o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, de quem � aliado.

Renova��o

O encontro entre Huck e Moro tamb�m repercutiu negativamente entre integrantes de movimentos de renova��o pol�tica, como o RenovaBR e o Agora!, apadrinhados por Huck. Esses grupos tentam manter um car�ter apartid�rio, recebendo integrantes de diferentes espectros pol�ticos, e acham que a identifica��o de Moro com a direita pode atrapalhar a divulga��o desta bandeira. Em nota, o RenovaBR, que tem Huck no Conselho Consultivo, disse que "quest�es pol�ticas particulares" do apresentador "n�o dizem respeito ou afetam o trabalho" do grupo.

Procurados, Moro e Huck n�o responderam at� a conclus�o desta edi��o.

Em setembro, o Estad�o mostrou que, durante a pandemia, Huck intensificou conversas com pol�ticos mirando 2022. Em evento na Associa��o Comercial de S�o Paulo no dia 22 daquele m�s, ele foi questionado se tinha "coragem" de ser candidato a presidente. "Estou aqui", respondeu. A declara��o destoou de coment�rios anteriores em que o apresentador evitava sinalizar de forma objetiva se pretende ser candidato.

O apresentador tem conversado com v�rias correntes pol�ticas, mas tem evitado ser assertivo sobre seu futuro pol�tico. Aliados de Huck temem que, uma vez que a pr�-candidatura seja oficializada e ele se filie a uma sigla, o apresentador perca espa�o na TV e entre grupos da sociedade que n�o querem se associar a um determinado grupo pol�tico.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.