Um dos criadores da urna eletr�nica no Brasil, o matem�tico Giuseppe Janino diz que o dispositivo al�ou o Pa�s � posi��o de refer�ncia mundial no tema. Uma semana depois de a elei��o presidencial dos Estados Unidos ter encerrado a vota��o, mas ainda n�o ter conclu�do a apura��o e declarado oficialmente um vencedor, Janino diz que a tecnologia facilita a contagem e garante acessibilidade na vota��o para deficientes e analfabetos. "Nosso sistema � confi�vel", afirma ao Estad�o o atual secret�rio de Tecnologia e Informa��o do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em rea��o aos que defendem a volta do voto impresso, como o presidente Jair Bolsonaro. Ele lembra que "em 24 anos usando a urna eletr�nica n�o h� caso de fraude at� hoje".
Como funciona a urna eletr�nica e como foi seu processo de cria��o no Brasil?
A urna eletr�nica veio para mudar um paradigma que n�s t�nhamos no passado, quando vot�vamos com c�dulas de papel que no final eram abertas e contadas em uma mesa. T�nhamos um processo lento, repleto de erros e com muitas fraudes, levando at� semanas para se apresentar o resultado. Isso foi o grande motivador para uma mudan�a e a op��o foi a tecnologia. Em 1996, surgiu a primeira urna eletr�nica, que viabilizou que tenhamos hoje a maior elei��o informatizada do mundo.
Como vimos recentemente, nos Estados Unidos, a contagem de votos dura dias at� que o vencedor seja anunciado. A urna eletr�nica evita esse problema?
Aqui, a urna eletr�nica faz a apura��o e temos o resultado quase que imediatamente. Nos EUA, alguns Estados adotam o voto convencional, em papel, e isso se assemelha muito � situa��o que n�s vivemos h� 30 anos. T�nhamos diversos tipos de fraude.
Que tipos de fraude?
Desde urnas que j� vinham com voto dentro at� o �voto formiguinha�. Ficava uma pessoa na porta da se��o que negociava com o primeiro eleitor: �Olha, te dou dinheiro, voc� vai l� dentro e, quando pegar a c�dula oficial, coloca no bolso e me entrega quando sair�. A� ele preenchia e entregava ao pr�ximo eleitor.
Como ele evita fraudes?
Temos v�rios mecanismos de garantia de seguran�a. A urna n�o funciona com um software que n�o seja de autoria do TSE ou que tenha sido adulterado. Tudo que ela gera, ela assina, como um certificado digital, e podemos conferir depois se o boletim de urna saiu de uma urna oficial. Esses s�o mecanismos que impedem fraude. Tanto que temos uma hist�ria de 24 anos usando a urna eletr�nica, e n�o h� nenhum caso de fraude at� hoje.
O presidente Jair Bolsonaro defendeu o voto impresso. Como o senhor avalia esta proposta?
Nosso sistema � confi�vel. Somos refer�ncia no mundo e temos muitos mecanismos de auditoria e verificabilidade, inclusive com o pr�prio eleitor participando em v�rios eventos de auditoria.
Como o modelo atual impacta o eleitorado?
Nossa urna tem muito de acessibilidade. A urna eletr�nica n�o s� trouxe todos os atributos de integridade e seguran�a, como tamb�m incluiu segmentos da sociedade que estavam fora do processo, como o analfabeto e o deficiente visual.
O TSE testar� um sistema de vota��o pela internet. O que podemos esperar?
O ministro (e presidente do TSE Lu�s Roberto) Barroso instituiu um grupo de trabalho para estudar as vota��es do futuro, possivelmente utilizando dispositivos pessoais como smartphones. Est� se abrindo uma nova frente de estudos desse tipo de solu��o. Existem v�rios desafios nisso, de trazer tudo aquilo que conquistamos com a urna eletr�nica. Um deles � garantir o sigilo do voto, que existe para que o eleitor n�o sofra coa��o. Garantir isso � um dos desafios.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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POL�TICA
'N�o h� caso de fraude na urna eletr�nica'
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