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Estado de Minas PSOL

Ida de Boulos ao 2� turno em S�o Paulo sinaliza avan�o de esquerda jovem pelo pa�s

Candidato do PSOL desbancou PT e vai disputar com o atual prefeito paulistano, Bruno Covas.


16/11/2020 00:57 - atualizado 16/11/2020 02:15


Guilherme Boulos, do PSOL, teve 20% dos votos em São Paulo, chegando ao segundo turno(foto: Reuters)
Guilherme Boulos, do PSOL, teve 20% dos votos em S�o Paulo, chegando ao segundo turno (foto: Reuters)

Ap�s a onda de direita que varreu o Brasil em 2016 e 2018, o primeiro turno da elei��o municipal de 2020 foi palco para algumas lideran�as jovens, com menos de 40 anos, despontarem no campo da esquerda.

Liderando esse fen�meno, o candidato a prefeito pelo PSOL em S�o Paulo, Guilherme Boulos, de 38 anos, alcan�ou 20% dos votos e vai disputar o segundo turno com o atual governante da cidade, Bruno Covas (PSDB), que somou 32%.

Com uma longa trajet�ria na milit�ncia por moradia popular e a proje��o nacional alcan�ada como candidato do PSOL � Presid�ncia em 2018, Boulos conseguiu agregar a maioria dos votos de esquerda da capital paulista, espa�o que h� d�cadas era ocupado pelo PT — o candidato petista, Jilmar Tatto, ficou com apenas 8,55% dos votos, atr�s do terceiro colocado, o ex-governador de S�o Paulo, M�rcio Fran�a (PSB), que teve 13,65%, e de Arthur do Val (Patriota), com 9,78%.

Outra candidatura jovem da esquerda que se beneficiou da proje��o alcan�ada h� dois anos foi a de Manuela D'�vila (PCdoB), que na disputa em Porto Alegre levou 29% votos e vai disputar o segundo turno com Sebasti�o Melo (MDB), que teve 31%.

Manuela D'�vila retirou sua candidatura a presidente em 2018 para ser candidata a vice na chapa de Fernando Haddad (PT), dupla que recebeu 47 milh�es de votos no segundo turno, perdendo para o atual presidente, Jair Bolsonaro (ent�o no PSL e atualmente sem partido), apoiado por 57,8 milh�es de eleitores.

Dessa vez, o PT aceitou n�o ter candidato em Porto Alegre, indicando Miguel Rossetto como vice da chapa de D'Avila. Ele j� foi vice-governador do Rio Grande do Sul e ocupou cargos de ministro nos governos de Luiz In�cio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

A cientista pol�tica Talita Tanscheit, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, destaca que ambos Boulos e D'Avila escolheram nomes experientes como candidatos a vice-prefeito, o que pode ter contribu�do para o bom desempenho das campanhas. Boulos tem como colega de chapa a deputada federal Luiza Erundina (PSOL), que j� foi prefeita de S�o Paulo (1989 a 1992) pelo PT.

"S�o duas candidaturas novas, mas n�o s�o uma aventura, mostram para o eleitor que t�m bagagem", analisa.

"Me parece que a Manuela n�o conseguiria ter esse desempenho sem n�o tivesse o vice do PT, com o todo o recall (lembran�a na mem�ria dos eleitores) e a experi�ncia que o PT tem na cidade", disse tamb�m, lembrando que Porto Alegre foi governada por petistas de 1989 a 2005.


Manuela d'Ávila chegou ao segundo turno em Porto Alegre(foto: BBC)
Manuela d'�vila chegou ao segundo turno em Porto Alegre (foto: BBC)

No caso de Boulos, a professora da UFRJ considera que sua candidatura tamb�m � alavancada pelo seu hist�rico de milit�ncia em movimentos populares.

Boulos � a principal lideran�a do Movimento de Trabalhadores Sem Teto (MTST), que organiza acampamentos em terrenos e pr�dios urbanos desocupados para reivindicar moradia para fam�lias pobres.

A partir desse trabalho que ele foi convidado a entrar no PSOL e concorrer � Presid�ncia em 2018, quando se destacou como orador e em debates com outros candidatos.

"Boulos � muito mais um quadro de esquerda do que do PSOL. Talvez seja a maior inova��o da esquerda porque o grande desafio desse campo ap�s o PT deixar o poder � se reconectar �s organiza��es de base, aos movimentos populares", ressalta Tanscheit, que no momento estuda a esquerda na Am�rica Latina em sua tese de doutorado.

Sua an�lise vai ao encontro da pesquisa feita pela cientista pol�tica Esther Solano, professor da Universidade Federal de S�o Paulo (Unifesp). Em entrevistas com ex-eleitores do PT, Solano tem identificado um sentimento de "abandono" em rela��o ao partido.

"A falta de renova��o das lideran�as e da c�pula burocr�tica do partido � uma cr�tica que ouvimos muito, assim como o afastamento do PT dos territ�rios, do conv�vio mais cotidiano com a popula��o ", disse Solano, em entrevista recente � BBC News Brasil.

PT x PSB: primos disputar�o Recife

No Recife, o segundo turno ser� disputado por dois primos, ambos com menos de 40 anos: Mar�lia Arraes (PT) e Jo�o Campos (PSB), que ficaram, respectivamente, com 27% e 29% dos votos.

Para Tanscheit, a lideran�a de ambos n�o significa tanto uma renova��o dentro da esquerda, porque os dois se projetam como herdeiros do legado de pol�ticos tradicionais.

Jo�o Campos � filho de Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco que morreu em um acidente de avi�o quando era candidato a presidente em 2014.

J� Mar�lia Arraes � neta de outro ex-governador do Estado tamb�m falecido, Miguel Arraes, e na reta final da campanha citou bastante o apoio de Lula, aproveitando a popularidade que o ex-presidente mant�m em Pernambuco.

Embora o PSB carregue o termo "socialismo", a professora n�o considera que o partido esteja claramente situado nesse campo, lembrando que a sigla apoiou A�cio Neves (PSDB) em 2014, no segundo turno da elei��o presidencial contra Dilma Rousseff (PT).

Para ela, � Mar�lia Arraes que desponta como lideran�a da esquerda em Pernambuco. "O desempenho da Mar�lia foi forte, considerando que a Jo�o Campos tem a estrutura municipal e estadual (pois o PSB governa hoje Recife e Pernambuco)", afirma Tanscheit.

'Renova��o lenta, mas por dentro dos partidos'

O cientista pol�tico Rafael Cortez, s�cio da Tend�ncias Consultoria, nota que as novas lideran�as na esquerda est�o surgindo dentro dos partidos tradicionais, e podem ter um papel relevante na constru��o de alian�as dentro de um campo que tem ficado fragmentado nas disputas eleitorais.

"� interessante que a esquerda faz uma renova��o vagarosa, mas por dentro dos partidos tradicionais. A centro-direita tem mais esse discurso de fora da pol�tica, de contesta��o ao processo pol�tico", afirma.

"Esses candidatos que v�o disputar o segundo turno em grandes capitais s�o nomes de uma nova gera��o, que ainda tem uma longa carreira pol�tica pela frente e, certamente, ser�o nomes importantes na barganha para a elei��o presidencial de 2022 e na condu��o do campo de esquerda mais no m�dio e longo prazo", acrescentou.

Na sua avalia��o, ainda que Boulos n�o seja eleito em S�o Paulo, seu desempenho no primeiro turno j� o coloca como lideran�a relevante na esquerda.

"Enquanto Manuela fez alian�a com o PT em Porto Alegre, Boulos buscou uma concorr�ncia dentro da esquerda, no ber�o do PT. � poss�vel que Boulos fique com status de principal nome de esquerda em S�o Paulo, mesmo que n�o consiga vencer no segundo turno", acredita.

"Em Recife, tamb�m j� � um dado relevante a chegada da Mar�lia Arraes ao segundo turno, pois parte do partido (PT) n�o queria que ela disputasse. Mas ela, assim como Boulos e Manuella, chega com condi��es de disputar a vit�ria" disse ainda Cortez.

Bel�m e Vit�ria

A esquerda tamb�m tem chances no segundo turno em Vit�ria e Bel�m, onde concorre com nomes mais experientes.

Na capital do Par�, Edmilson Rodrigues (PSOL), que j� foi prefeito da cidade pelo PT entre 1997 e 2004 ficou com 34% dos votos e vai concorrer contra o Delegado Eguchi (Patriota), que ficou com 23%.

J� na capital do Esp�rito Santo, a disputa ser� entre Delegado Pazolini (Republicanos) que teve 30%, e Jo�o Coser (PT), que ganhou 21% dos votos.


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