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Estado de Minas POL�TICA

Ap�s elei��o nos EUA, a busca pelo 'Biden nacional'


22/11/2020 08:35

A vit�ria do democrata Joe Biden contra o republicano Donald Trump na elei��o dos Estados Unidos deu espa�o a uma disputa entre pol�ticos brasileiros pelo dom�nio da imagem do l�der moderado capaz de derrotar, em 2022, o presidente Jair Bolsonaro. Nos �ltimos dias, a busca pelo "Biden brasileiro" despertou articula��es, conversas de bastidores e mesmo debates nas redes sociais.

A realidade de Washington, por�m, pode n�o se transpor a Bras�lia. Nenhum dos que hoje se apresentam como presidenci�veis re�ne as principais caracter�sticas do perfil ou da trajet�ria de Biden. H� 48 anos na vida p�blica, o presidente eleito � um conhecedor profundo do Legislativo e centrista convicto que acumula uma imagem conhecida pela sociedade norte-americana. Al�m dos mandatos em s�rie como senador e dois como vice-presidente (2009-2017), havia disputado as pr�vias presidenciais do Partido Democrata em 1988 e 2008.

"Um cara mais da pol�tica, n�? Olha, n�o surgiu, n�o", avalia o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, ao pensar nos tra�os comuns entre nomes na corrida pelo Planalto e o democrata. "Tem que aguardar. N�o � o Jo�o Doria, n�o � o Luciano Huck. O Ciro Gomes n�o tem esse perfil (agregador)", afirma, avaliando que o cen�rio eleitoral de 2022 come�a a se consolidar na virada do ano. Interlocutor de Bolsonaro, Kassab aposta que o esfor�o para a implanta��o de uma frente unificada contra o presidente n�o deve vingar.

Esse � o receio de lideran�as de oposi��o ao Planalto. Embora se fale na forma��o de "frentes" para 2022, at� agora, interesses partid�rios e personalismos bloquearam as composi��es e mantiveram o cen�rio de 2018, com a polariza��o entre Bolsonaro e o PT. H� dois anos, houve grande n�mero de candidatos se apresentando como alternativas �s duas campanhas, mas que n�o atingiram 5% dos votos v�lidos. O �nico a desgarrar desse grupo foi Ciro Gomes (PDT), com 12,5%.

Dirigentes partid�rios e cientistas pol�ticos avaliam que contra Bolsonaro devem se definir uma ou mais composi��es de centro, entre partidos � direita e � esquerda, como DEM, MDB, PDT, PSB, PSDB, Podemos, Rede, PV, e pelo menos mais uma na esquerda, com PT, PSOL e PCdoB. Nessas frentes, j� est�o expl�citas as resist�ncias � participa��o dos desiludidos do bolsonarismo, como mostraram as rea��es adversas a conversas entre o ex-juiz Sergio Moro e o apresentador Luciano Huck. Ambos n�o t�m partido.

De Biden se esperam atitudes previs�veis, observam analistas. Sua vit�ria � produto de uma campanha plebiscit�ria do desempenho de um governo mal avaliado, em que se votou menos no democrata e mais contra Trump. Ele sempre encarnou a imagem de "homem comum". Por anos deslocava-se de trem de casa ao Senado. Vem de fam�lia simples e que enfrentou dificuldades financeiras. Ainda teve a vida marcada por trag�dias, com a morte da primeira mulher e de filhos.

A ideia do "plebiscito" aproxima-se do que ocorreu em 2018 no Brasil, quando eleitores de Bolsonaro justificaram a escolha pelo candidato como um veto ao retorno do PT ao poder.

Uma frente ampla de centro precisa ir al�m de uma alian�a eleitoral, segundo o cientista pol�tico Ant�nio Lavareda, para o que ele chama de "confedera��o dos insatisfeitos". Ele avalia que as for�as de centro poder�o mais uma vez amargar uma terceira posi��o. "Ou se junta o maior espectro da sociedade ou n�o consegue sobrepujar o presidente e a base dele", disse. "A alian�a ter� que ter l�gica centr�peta, vir em nome de um candidato �mais Biden�", completa. "Ela s� tem chance de �xito se liderar uma confedera��o mais social, com professores, funcion�rios p�blicos, o agroneg�cio, industriais, trabalhadores, Igreja Cat�lica, segmentos evang�licos, gays, negros, �ndios, ecologistas."

Lavareda observa ainda a capacidade do governo de negociar cargos e benesses para formar uma base ampla, num sistema pol�tico pulverizado. "A grande diferen�a e a dificuldade de se encontrar um Biden no Brasil � o nosso sistema partid�rio. Fragmentado, o campo da oposi��o n�o tem mecanismos de atra��o e coopta��o como o governo, uma magnetiza��o."

Pesquisador do N�cleo de Pol�ticas P�blicas da Universidade de S�o Paulo, Emmanuel Nunes de Oliveira prev� uma demanda pela experi�ncia pol�tica. "Depois de Dilma Rousseff e Bolsonaro, o eleitor tende a pin�ar algu�m de dentro do sistema pol�tico e com experi�ncia em administra��o p�blica." O professor de Ci�ncia Pol�tica da USP Jos� �lvaro Mois�s tamb�m aposta num nome conhecido. "S�o os l�deres com tradi��o democr�tica, com carreira e hist�ria dentro dos seus partidos e com folha de servi�os para oferecer aos eleitores uma contraposi��o aos populistas", disse.

Por sua vez, o ex-ministro Roberto Freire, presidente do Cidadania, avalia que os pol�ticos que despontaram no s�culo passado n�o t�m condi��es de atrair as novas gera��es. "Quem imaginar que os protagonistas do s�culo 20 v�o ter vez em 2022 est� equivocado. Em 2018, pens�vamos que a alian�a em torno de Geraldo Alckmin podia significar uma resposta para a sociedade. Mas ela n�o queria mais ouvir esses �s�bios� do passado", disse.

Freire pretende filiar Huck, quem ele enxerga como capaz de reunir centro-direita e centro-esquerda em �nico projeto. Apesar da disposi��o em agregar vozes distintas, Huck � um empres�rio do "show business", como Trump. Tem se movimentado politicamente sem o �nus de uma filia��o partid�ria e evita o confronto direto com Bolsonaro.

Na corrida de 2022 est�o os governadores Jo�o Doria (SP), Fl�vio Dino (MA) e Eduardo Leite (RS), todos sem longa trajet�ria na pol�tica. Por outro lado, a ex-ministra Marina Silva (Rede) n�o procura protagonismo entre opositores. J� Ciro Gomes (PDT), tr�s vezes candidato ao Planalto, se esfor�a para aparar arestas com o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, mas mant�m a aposta no conflito.

Hist�ria

O triunfo de um pol�tico com perfil moderado nos Estados Unidos pode inspirar um retorno ao passado brasileiro. Nos delicados momentos de transi��o do Pa�s, personagens de centro e experi�ncia no Legislativo tiveram destaque, ainda que acidentalmente.

Em 1985, o ex-governador de Minas Tancredo Neves costurou uma ampla alian�a que garantiu a vit�ria no Col�gio Eleitoral, selando o fim da ditadura militar. Em 1992, Itamar Franco, vice de Fernando Collor, aglutinou for�as suficientes para retomar a governabilidade p�s-impeachment. Com passagem pelo Senado, o empres�rio Jos� Alencar comp�s chapa com Lula, em 2002, e o chancelou no setor produtivo.

O cientista pol�tico Fernando Pignaton aposta que reflexos de uma demanda por um "basta" a lideran�as extremadas podem surgir das elei��es municipais. "H� de se chegar a nomes que proponham transforma��o social por vias mais moderadas, com avan�os seguros", observou. "Olhando para o Brasil, nos munic�pios as pessoas n�o querem prefeitos que sejam extremados."

O ex-deputado Miro Teixeira (Rede) afirma que s� uma reformula��o profunda no sistema partid�rio seria capaz de agregar projetos democr�ticos. "Quando voc� olha para organiza��o partid�ria brasileira tem a sensa��o de estar na antessala do inferno", disse.

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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