
"N�o � apropriado aos agentes diplom�ticos da Rep�blica Popular da China no Brasil tratarem dos assuntos da rela��o Brasil-China atrav�s das redes sociais. Os canais diplom�ticos est�o abertos e devem ser utilizados. O tratamento de temas de interesse comum por parte de agentes diplom�ticos da Rep�blica Popular da China no Brasil atrav�s das redes sociais n�o � construtivo, cria fric��es completamente desnecess�rias e apenas serve aos interesses daqueles que porventura n�o desejem promover as boas rela��es entre o Brasil e a China", diz o Itamaraty, em comunicado por escrito � embaixada.
"O tom e conte�do ofensivo e desrespeitoso da referida 'Declara��o' prejudica a imagem da China junto � opini�o p�blica brasileira".
O of�cio do Departamento de China do Itamaraty, datado desta quarta-feira, dia 25, foi divulgado pelo canal CNN Brasil e confirmado pelo jornal Estado de S�o Paulo. A chamada "nota diplom�tica" � uma manifesta��o forma do governo brasilerio � embaixada. Procurado, o Minist�rio das Rela��es Exteriores n�o comentou o teor.
O Departamento de China disse que as rela��es sino-brasileiras s�o mutuamente ben�ficas, densas e maduras e "n�o dependem do encaminhamento de um �nico tema". "Desrespeitar a diversidade de pensamento e opini�o existente no Brasil n�o contribui para o avan�o das rela��es", escreveram os diplomatas, numa carta com indiretas a Pequim.
Em publica��o feita na noite de segunda-feira, 23, - e apagada no dia seguinte, Eduardo Bolsonaro fez men��o � ades�o simb�lica do Brasil � Clean Network (Rede Limpa), iniciativa diplom�tica do governo Donald Trump para tentar frear o avan�o de empresas chinesas no mercado global de 5G. Ele celebrou o fato como um sinal de que o Brasil "se afasta da tecnologia da China".
Para a diplomacia chinesa, o parlamentar "solapou" a rela��o amistosa entre os pa�ses com declara��es "infames", e o Brasil poder� "arcar com consequ�ncias negativas". Na declara��o de seu porta-voz, os chineses disseram que Eduardo agia orientado pela extrema-direita norte-americana e que essa ret�rica discrimina o pa�s.
O Itamaraty pediu respeito �s "decis�es soberanas sobre temas de interesse estrat�gico" do governo Jair Bolsonaro. O Brasil anunciou recentemente apoio aos princ�pios do programa Rede Limpa (Clean Network, em ingl�s), do governo Donald Trump, criado para banir das redes de telecomunica��o fornecedores de tecnologia chineses, como a Huawei. A ades�o foi celebrada pela Casa Branca como a primeira na Am�rica Latina, embora ao menos publicamente o Brasil n�o tenha se comprometido a excluir por completo empresas chinesas.
O MRE tamb�m reclamou sobre o fato de a China ter abordado a rela��o entre Brasil e Estados Unidos. "� altamente inadequado que a Embaixada da Rep�blica Popular da China se pronuncie sobre as rela��es do Brasil com terceiros pa�ses, tendo presente que a Embaixada do Brasil em Pequim n�o se pronuncia sobre as rela��es da Rep�blica Popular da China com terceiros pa�ses."
O Itamaraty confirmou ter recebido as "preocupa��es" da China sobre declara��es de Eduardo, tratado apenas como "um deputado federal brasileiro". Disse que elas "ser�o tratadas da maneira apropriada".
Segunda vez
Foi a segunda vez que o Itamaraty repreendeu a diplomacia chinesa em Bras�lia por crises provocadas por manifesta��es de Eduardo nas redes sociais, respondidas da mesma forma por Pequim. Em mar�o, o chanceler Ernesto Ara�jo saiu em defesa do deputado e disse pelo Twitter que o embaixador Yang Wanming "feria a boa pr�tica diplom�tica" ao rebater de forma "desproporcional" o parlamentar. Ele se disp�s a promover o entendimento entre ambos. Eduardo Bolsonaro havia dito que o governo comunista da China era culpado pela propaga��o do novo coronav�rus e omitia dados da pandemia. O embaixador, ent�o, se disse ofendido, pediu retrata��o e afirmou que Eduardo contra�ra um "v�rus mental" em viagem a Miami, na Fl�rida.
Presidente da Comiss�o de Rela��es Exteriores e Defesa Nacional da C�mara, Eduardo Bolsonaro � um entusiasta do chefe da chancelaria e influente na pol�tica externa bolsonarista pr�-Estados Unidos. Ele passou a ser alvo de pedido de destitui��o do cargo depois da nova crise com a China.
Apesar da censura, o pr�prio chanceler Ernesto Ara�jo utiliza-se de redes sociais para manifestar posi��es da pol�tica externa nacional, assim como o presidente Bolsonaro. Como o Estad�o mostrou em abril, o embaixador Yang Wanming � um dos mais influentes no Twitter entre todo o corpo diplom�tico chin�s, que aderiu �s redes ocidentais - proibidas na China - por uma diretriz do presidente Xi Jinping e do Partido Comunista. A contra ofensiva come�ou justamente para conter a propaga��o de ideias anti-China nos Estados Unidos durante o governo Donald Trump.